Você é realmente livre?




Autor Fernanda Luongo
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 19/11/2012 19:50:17
Ao nos depararmos com uma sociedade que se mantém a partir do uso de mecanismos de controle massivos, de regras aplicadas e padrões definidos para funcionar da forma que funciona há milênios, pode-se concluir que a liberdade não é nem de longe uma condição almejada, nem tampouco estimulada nos seres humanos. Na verdade é exatamente o contrário que assistimos: o estímulo invasivo e abusivo para que nos tornemos cada vez mais dependentes, cada vez mais "dentro dos padrões", e cada vez mais encarcerados.
A liberdade é o ápice da realização do homem. E ao mesmo tempo em que apavora a sociedade também amedronta o próprio indivíduo, pois ser livre significa ser totalmente responsável por si mesmo.
Ser livre não significa arcar com suas despesas e não ter que dar satisfação a ninguém como muitos pensam. Muitas vezes o indivíduo busca o dinheiro para poder se libertar dos aprisionamentos familiares, mas se ele não permanecer atento pode se tornar um escravo do novo mundo material ao qual se conduziu.
Prisões dentro de prisões são as cascas da cebola social e individual pela qual todos nós trafegamos, e sair dela não é assim tão simples, pois requer uma boa dose de coragem.
Liberdade não é segurança, liberdade é vulnerabilidade. Liberdade não é fuga, liberdade é presença.
Liberdade é um estado pleno de Ser e não de Ter. Ser livre é assumir quem você é, o que quer, para onde deseja se conduzir e assumir plenamente as consequências de suas ações. Ser livre é ser maduro, mas muitos de nós preferimos permanecer na infância ou puberdade.
A sociedade não quer indivíduos livres, pois um indivíduo livre não pode ser controlado, e o que não pode ser controlado oferece risco tremendo. A sociedade quer segurança e garantia, mas não podemos negar que a maioria das pessoas busca também por segurança e garantia. Portanto, o medo impera tanto na sociedade quanto no indivíduo.
"Se eu for livre como vai ser daqui para frente? E toda aquela questão de ser aceito, de se encaixar? E se me abandonarem e eu ficar só?"
Porque nos impomos tantos aprisionamentos e aceitamos tantas regras e limitações para nossa expressão mais íntima? A resposta só pode ser uma: Temos medo da solidão. Medo de nos encararmos.
Nós não sabemos quem somos, e liberdade implica um contato íntimo consigo mesmo. Essa possibilidade é arriscada, pois tudo aquilo que construímos e acreditamos ser um dia, pode ruir em segundos. E que o virá depois? O amanhã não pode ser alcançado, permanece um mistério, e essa incerteza gera uma grande quantidade de ansiedade. O desconhecido nos amedronta de forma indescritível, por isso preferimos a ignorância... "É duro encarar o vazio... a solidão parece por demais fria e triste, melhor viver de ilusão..." É essa a resposta interna que estimula a fuga de muitos indivíduos.
Porém, a fuga não é a solução. Ela não traz um conforto duradouro. Mais cedo ou mais tarde o desconforto aparece e a pessoa percebe que algo está faltando. Se ela estiver disposta vai usar esse momento como trampolim para o ser despertar, já se sucumbir aos seus medos vai buscar mais um padrão ou mecanismo para manter-se controlada e não sair da gaiola.
Dê-se um tempo para questionar a vida que anda levando...
Você está fazendo as coisas por que gosta, por prazer ou, pois é o correto a ser feito?
Você está tentando agradar a alguém ou a si mesmo?
Você anda sempre culpando a família, o marido, os filhos, e o sistema por suas falhas e limitações? Você vive dando desculpas ou anda assumindo totalmente as responsabilidades?
O que você se cobra de você vem de você mesmo ou são aquelas vozes do pai, da mãe e de outras figuras falando em sua cabeça?
Você acha que não é suficientemente bom?
Essa dentre tantas outras perguntas que você pode fazer a si mesmo te conduzirão para a principal de todas as questões:
- Você é realmente livre?
Se a sua resposta for negativa a próxima pergunta seria:
- Você está realmente disposto a pagar o preço por Ser quem você É apesar de todas as consequências?
Lembre-se a liberdade é mais alto grau da realização humana. Sair da gaiola e voar livremente é o bem mais precioso de todos: faz dos mendigos reis, da miséria fartura, do finito infinito, e da morte vida eterna...









Musicoterapeuta formada pela FMU (SP), cantora com mais de 20 anos de carreira, e escritora com publicações no Brasil e em Portugal. Atua com musicoterapia clínica, oficinas vocais com enfoque terapêutico e eventos de arte e saúde integrativa. Seu trabalho une arte, ciência e espiritualidade, sempre com a escuta como base do cuidado. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |