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Você quer ser feliz ou bem-aventurado/a? - Parte 2

Atualizado dia 07/06/2010 12:18:06 em Espiritualidade
por Lucya Vervloet


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Como tudo o que percebemos é relativo, podemos dizer que a felicidade para uns pode ser a infelicidade para outros.
Como a lógica budista me fez perceber, para uns ter muito dinheiro pode trazer felicidade e paz; ao contrário, para os iogues da Índia que ficariam menos felizes por ter de se preocupar com chaves e carteira. Ao mesmo tempo, o que percebo também, são as condições que se agrupam em cada situação e local. Por exemplo, eu era muito feliz, ainda não cogitava a bem aventurança, quando ganhava mais ou menos em uma empresa do Governo para a qual fiz um concurso bem apertado, mas tinha amigos e liberdade de ir e vir, do que quando fomos transferidos para uma outra, onde a competição e hostilidade se instalou por motivos óbvios. Apesar de ganharmos mais e termos mais benefícios ao longo dos anos, em promoção e outras vantagens, fui obrigada a me aposentar aos 37 anos devido à tremenda infelicidade que deixei tomar conta de meu ser. Nunca fui mais infeliz em toda minha vida, até então.

Diante de toda a subjetividade e idiossincrasia de cada um, difícil dizer o que pode nos tornar mais felizes ou menos felizes num mundo em permanente transformação, de fenômenos compostos, sem uma real verdade e existência. Como podemos ter alguma segurança diante de tanto engano e confusão?  E como diz lama Samten, as coisas podem sempre piorar um pouco.  Realmente, pude constatar este fato ao longo dos anos após minha aposentadoria.

Para mim, ser feliz era ser livre, amada e saudável, ou seja, viver com obstáculos transponíveis com uma certa facilidade e confiança de vitória. Com energia suficiente para deixar que minhas emoções me levassem onde mais as agradassem, onde a auto-expressão delas não fosse visto como ameaça ou incômodo, pois foi assim que habituei-me a viver na infância, adolescência e metade da vida adulta (até retorno de Saturno), em rebeldia e falsa percepção de liberdade, até então. 

Após a morte dos sonhos e ideais dentro do grande sonho cósmico que a todos envolve, a impressão que tive foi a de que alguém muito, muito querido e que eu acalentava em mim como parte viva desapareceu para sempre.  De luto por vários anos ainda, continuei pelas andanças místicas e experiências mis de encontro com algo que ao menos momentaneamente pudesse  aliviar a dor atroz que sentia. E funcionar no mundo material com um ego destroçado não é nada confortável ou psicologicamente dito seguro. Diante de toda confusão, medo e insegurança que já faz parte de nossa maneira distorcida de ver o mundo, ainda levando um rastro profundo de decepção e dor, o fracasso seria inevitável, pois não?

As perdas nos realinham com a realidade que insistimos em não ver.  Parece que dói mais quando encaramos a real.  No entanto, chega uma hora em que não dá mais para se esquivar, algo nos chama ao despertar que se faz urgente e sem mais distrações, pois, não querendo ser sinistra tal qual o caminho do Buda, o órgão físico e astral que se agita em nosso peito grita por clemência e piedade. Como diz o mestre Dzongsar, nada e ninguém pode curar a profunda angústia de que sofre nosso coração, apenas nossa decisão firme de "ver" a verdadeira realidade.

Pelos textos budistas, a felicidade é apenas um conceito, pode-se dizer uma armadilha também; o nirvana, um estado de regozijo, pois a ausência de confusão e ignorância, a ausência de felicidade e infelicidade, é dita como bem aventurança. Portanto, enxergar a fonte da ignorância, as falsas crenças num mundo de sonhos, vívidos aparentemente bem concretos, mas passageiros e criados pela nossa mente, como se nunca tivessem existido pode ser ainda melhor.

Como diz Dzongsar, é um grande alívio acordar de um pesadelo, mas a bem-aventurança seria jamais sonhar.  Nesse sentido, bem aventurança não é o mesmo que felicidade. Sidarta, o senhor Buda, enfatizou a seus seguidores que, para aqueles com a séria intenção de se livrar do samsara, é uma futilidade buscar a paz e a felicidade, neste mundo ou depois da morte.  A minha hora chegou, vou encarar, e você?

Texto revisado


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Conteúdo desenvolvido por: Lucya Vervloet   
Astrologia (básico na Regulus/SP) e autodidata. Participei de workshops de Runas, Tarot místico/terapêutico com Veet Pramad. Estudei Numerologia e quirologia. Iniciei-me na energia Reiki. Estudei 12 meses do Curso de Psicanálise/ES. Com uma visão universalista da vida dediquei-me ao aprendizado de idiomas e culturas estrangeiras.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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