ARCANOS MALDITOS?
.jpg)



Autor Marcio Isael(ZAYASH)
Assunto OráculosAtualizado em 10/19/2008 7:11:40 PM
Estaremos iniciando uma série de artigos sobre os Arcanos “malditos” do Tarô (XII, XIII, XV, XVI, XVI e XX). Arcanos que, na verdade, descrevem as mais intensas e profundas transformações que caracterizam o "caminho ascendente", ou o retorno ao grande organismo cósmico. Talvez, por isso mesmo, tenham sido cunhados como malditos, posto que o pequeno ego não pode lidar e controlar o que lhe é superior e maior. No fundo, ele diaboliza a experiência espiritual e santifica a vida ilusória e fascínora. Ele é quem capta a realidade de forma invertida e não o nosso Arcano inaugural: O ENFORCADO (O Apostolado ou Discípulo).O que mais chama atenção na simbologia deste Arcano é a posição do andarilho: ele está de “cabeça para baixo”, ou melhor dizendo, “dependurado” que, a propósito, é outro nome usado para designar este arcano. Mas o que significa estar de cabeça para baixo? Significa uma nova visão, insinuando que mediante tal postura, podemos contemplar a vida a partir do infinito para o finito, ou do mundo das causas para o mundo dos efeitos.Se olharmos com atenção, veremos que a expressão do personagem é tranqüila, calma não demonstrando incômodo quanto à postura assumida. Interessante notar que se colocarmos a carta de cabeça para baixo (que é, dentro da nossa perspectiva a posição "correta"), teremos o andarilho fazendo o ASANA (postura/forma da Hatha Yoga) da Árvore, sendo que na maioria dos desenhos, ele está dependurado justamente numa árvore, uma alusão clara à Árvore Cabalística. Os seus pés pisam nos mundos/sephirot superiores, enquanto que a sua cabeça, mesmo estando no ponto mais baixo da existência (a Sephirat de Malkut), olha/contempla o ponto mais alto da criação (Sephirat Kether, a coroa).O Enforcado assinala uma mudança considerável na vida do ser humano, sobretudo, quando ele se aproxima da senda Iniciática. Mas em que consiste, de fato, a Iniciação? Significa que o Eu Superior ou a Essência Vivente está começando a exercer controle consciente sobre o eu inferior (ego), ”iniciando a ação” a partir das suas origens espirituais. Essa Iniciação é um processo absolutamente interno, que nada tem de comum com as iniciações conferidas por ordens inciáticas. Ainda assim, muitas ordens do passado e umas poucas na atualidade ainda estão voltadas para os planos internos e possuem a incumbência de preparar o discípulo para que seus corpos possam receber as energias da síntese da Alma. Em linhas gerais, a Iniciação induz o indíviduo a agir em prol do todo, a tornar-se co-criador em Deus, e a parar de gerar Karma compulsório. Ele começa a esquecer o pequeno ego e a recordar o grande e único EU: Deus!A Síntese é uma das Leis a serem incorporadas pelo Enforcado. Por quê? Observando o desenho torna-se evidente que na postura invertida não é possível reter nada que for excessivo, indicando que o apóstolo só consegue reter o que é essencial, não sendo, portanto, quantitativo e sim qualitativo. Ato contínuo, livre das quantidades intelectuais e emocionais ele se torna mais sóbrio e disponível para receber (eis o grande ato cabalístico) os tesouros da Alma e multiplicá-los pelo seu agir. Interessante reparar que dos seus bolsos caem moedas, denotando não apenas um desapego arbitrário, mas, acima de tudo, uma atitude dativa, posto que, uma vez conectado a infinita riqueza da vida, assim ele será espontaneamente próspero e rico em "SER".No desenho, vemos que os braços formam, junto com a cabeça, um triângulo invertido mergulhado para baixo, enquanto que as pernas voltadas para cima formam o número quatro, denotando que nessa fase da ascese humana, o homem “existencializa a Essência” e “Essencializa a existência”, ou usando a linguagem alquímica, “fixa o volátil e volatiliza o fixo e vive-versa”, posto que o triângulo personifica o Superior e o quatro, o cubo da forma.Podemos interpretar, não apenas em sentido figurado, mas como um processo interior, que o homem começa a andar com os “pés nos céus”, mostrando que ele já caminha pelas trilhas do infinito em suas muitas possibilidades, o que causa uma enorme confusão pela perspectiva da mente habituada com o previsível e com o finito. Nessa etapa do caminho, após ter usado a força da sabedoria (Arcano XI – A Força) para girar a Roda do Destino (X – A Roda da Fortuna) voluntária e conscientemente, agora é imprescindível tornar orgânica e ativa a Sabedoria recolhida do seu interior e do interior do universo, pois nele o espírito está enraizado.Por encerrar uma enorme transformação que antecede a uma morte e a um renascimento integral (Arcanos XIII e XIV), o Enforcado é visto como um símbolo de perdas, de grandes dores e privações, interpretações que só cabem dentro do contexto do ego, cujo maior medo é de perder a si mesmo, a sua auto-imagem, os seus prazeres e as suas dores. Em síntese, o ego vislumbra o Arcano XII como um “portal” de dor.No entanto, o processo iniciático, por ser “transformador”, “transforma a dor” de uma existência superficial, vaga e efêmera em uma dor que resulta da revelação de uma força maior, reestruturando uma personalidade condicionada e contraída, dor esta que inicialmente é interpretada como um fardo ou um imenso sacrifício, que produz o homem virtuoso e bom, mas não feliz. Posteriormente, conforme a Alma infunde o seu ritmo e a sua beleza, levando compreensão aos corpos inferiores e os libertando do jugo egóico, o homem torna-se bom e necessariamente feliz, fazendo da vida como um todo, um deleitoso “Sacrofício” (capacidade de tornar todo ofício um ato agrado).Deixar ir, fluir, entregar-se e abrir mão da necessidade de controle para que algo melhor possa surgir mediante a visão transfigurante da verdade, constituem as tônicas deste arcano muito bem representado por Prometeu que, segundo a Mitologia Grega, ficou dependurado em uma rocha, tendo seu fígado bicado pela Águia de Zeus durante muitos anos, quando então, após o término do “sacrifício“ imposto pelo Deus do Olimpo, alcançou a tão sonhada imortalidade, o que só foi possível mediante a compreensão de que de nada adiantaria tentar controlar a situação e que o melhor a fazer seria esperar que tudo terminasse bem, com o exercício da verdadeira fé o que, na realidade, era visto por Prometeu como um sacrifício.Em linhas gerais, podemos concluir que o Arcano XII fala da aceitação dos desígnios da Alma, que tendo as suas raízes fincadas no Todo, nos conecta a Lei Maior (DHARMA), que passará, a sua vez, agir por mais um pontinho de Luz que despertou por entre a massa humana sonambólica, compulsoriamente sacudida na roda do dualismo estéril (SAMSARA).Se aceitamos em graça a nova condição perceptiva e experimental que a Alma assumiu, os contornos do ego separatista vão se desmanchando cada vez mais, dando lugar a uma dimensão consciencial vertical, complexa e sistêmica, onde tudo está inter-relacionado e integrado. Felicidade maior do que ser um cidadão de tamanha Sociedade não existe. O Homem passa a ser uma ponte, um link que conecta e comunica o cósmico com o telúrico(e o próprio desenho do Arcano sugere isso). Como disse Nietzsche, "O HOMEM É UMA CORDA ESTENDIDA ENTRE O ANIMAL E O SUPER-HOMEM, UMA CORDA SOBRE UM ABISMO... E O QUE HÁ DE GRANDE NO HOMEM É SER PONTE E NÃO META".Texto resumido do livro "TARO TEOSOFICO", de Marcio Isael.









Consultas: Meditação Terapêutica/ Foto Kirlian- Foto e diagnóstico/ Teoterapia/ Astrologia dos Sete Raios ou da Alma/ Cursos: Cabala Universal, Filosofia e Psicologia dos Sete Raios, Curso Extensivo de Teosofia, Simbologia Arcaica Universal, Introdução à Anatomia Metafísica do Homem, A Filosofia da Arte, Astrologia dos Sete Raios E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Oráculos clicando aqui. |