Se não podes amar, cessa ao menos de odiar.
Atualizado dia 25/09/2011 12:11:21 em Psicologiapor Carmem Farage
"Se não podes amar, cessa ao menos de odiar".
Caros amigos,
Essa é a máxima da misericórdia.
Para você, toda ofensa é uma falta? Toda afronta é condenável?
Precisamos, então, compreender o que é a misericórdia!
A misericórdia, no sentido que se toma a palavra, é a virtude do perdão.
Mas, o que é, de fato, perdoar? Se seguirmos as tradições culturais, poderemos cometer o equívoco de pensar que perdoar é sinônimo de esquecer ou apagar as faltas...o que seria, no mínimo uma tolice.
Como anular os pecados e as faltas? Cometemos faltas demais, todos nós! Somos miseráveis demais, fracos demais, vis demais...
Não me refiro aqui à piedade, que é derivado do amor. Pois é fácil perdoar quando se ama. Aliás, quando há o amor, nem é preciso perdoar, pois o amor só existe sob esta condição. "perdoamos enquanto amamos", dizia Rochefoucauld. Pense em que um pai poderia não perdoar num filho? Nada! O amor toma o lugar da misericórdia.
Quando saímos do círculo familiar, não somos capazes de amar, sobretudo para com os maus. Como podemos amar nosso inimigo? Ou mesmo suportá-lo?
É por isso que precisamos tanto da misericórdia!
Não porque o amor está presente, mas porque não está.
Os bons não precisam da nossa misericórdia. A admiração basta, e é melhor!
Misericórdia não é piedade: esta se projeta sobre quem sofre e quer poupá-lo.
Assim como a prudência, a misericórdia é virtude intelectual. Trata-se de compreender alguma coisa. O quê?
Que o outro é mau, se o for!
Que está enganado, se estiver, se é fanático ou dominado por suas paixões, enfim, que seria difícil para o outro agir ao contrário do que ele é!
Que canalha escolheu livremente ser canalha? Quem de nós delibera o mal? Será que não vemos que o mal a si se basta? Que é prisioneiro de seu ódio, de sua tolice, de sua cegueira, que ele não escolheu ser o que é?
Ninguém escolhe ter uma história triste e feia...
Com esta compreensão, devemos alcançar vitória sobre o mal: de não somarmos ódio ao ódio, de não sermos cúmplices ao mesmo tempo que vítimas, de nos atermos ao bem, que é amor.
Como dizia Epicteto: "Homem, se for absolutamente necessário que o mal em outrem te faça experimentar um sentimento contrário à natureza, que seja antes piedade que o ódio".
Como dizia o Cristo: "Pai, perdoa-lhes: eles não sabem o que fazem".
Se compreendermos, já não poderemos mais odiar. Não zombar, não detestar, mas compreender -é a própria misericórdia. Sem outra graça que não seja a da verdade.
E trata-se de perdão, pois quando se perdoa, compreende-se e não há mais o que perdoar.
Não se trata de abolir as faltas e, sim, compreendê-las. E tudo neste mundo se pode compreender. Talvez pensemos: como compreender o mal? E não? Por que para o bem há uma razão e para o mal não? Racionalmente, não faz sentido. Para TUDO há uma razão, mesmo que não possamos saber em um dado momento. O fato de a razão não poder aprovar o mal não impede que possa conhecê-lo e explicá-lo.
Isto não autoriza, obviamente, esquecer o crime, nem nosso dever de fidelidade para com as vítimas, nem as exigências de combate aos criminosos.
Mas, e nós? Devemos odiar o mal para combatê-lo?
Convoco a supressão do ódio, na medida do possível, com misericórdia na alma. Amar nosso inimigo, se pudermos, ou perdoá-los ( compreendê-los), se não pudermos amá-lo.
Um abraço a todos
CARMEM FARAGE
www.carmemfarage.com
Texto revisado
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Fundadora do Instituto Lumni, criadora da Terapia Lumni - uma terapia quântica que une ciência e espiritualidade sob a mentoria de Teillhard de Chardin. Psicóloga, Psicanalista, especialista em Regressão de memória, apometria Clínica, Mestra de Reiki Usui Tibetano, especialista em Medicina Chinesa. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |