6 Elementos que precisam estar presentes em um relacionamento afetivo
Autor ROBERTO DANTAS
Assunto PsicologiaAtualizado em 25/08/2018 16:54:32
A forma como a sociedade conteporânea se organizou ao longo das últimas décadas, favoreceu por um lado a expressão das diferenças entre as pessoas, mas de outro aumentou a importância e o foco das pessoas em em si mesmo, gerando assim uma espécie de narcisismo.
Sendo cada pessoa focada em si mesmo e guardando sua individualidade como seu maior patrimônio, precisa guardá-la à todo custo e assim, quando ocorre alguma ameaça, o indivíduo guerreia a todo custo para protegê-la.
Em qualquer relacionamento é imprescindível a doação, a liberdade, o respeito, a segurança para expressão de sua individualidade. Mas estando em primeiro lugar a individualidade narcisista, quando ocorre diferenças pessoais em um relacionamento, a tendência é desistir para proteger sua individualidade pois esta não pode ser ameaçada de forma alguma. Assim, ocorre o aumento dos divórcios e relacionamentos não estáveis, estilos de relacionamentos que são vistos como avançados, progressistas, modernos e por ser incentivado pela sociedade, vistos também como sendo de maior qualidade, porém, do ponto de vista afetivo e psíquico, vemos que não é bem assim.
Esta indiferença quanto à importância de um relacionamento sólido, seja ele familiar, profissional, entre amigos é cada vez mais presente. Um projeto de relacionamento estável e sólido é visto como uma relação na qual vigora a falta de liberdade e portanto algo sem importância, fruto de uma sociedade conservadora. Mas nos relacionamentos afetivos à dois, sendo uma relação na qual duas pessoas estão muito próximas afetivamente e portanto mais expostas uma a outra, acaba sendo a mais afetada.
" Em outras palavras, a forma de viver hoje, faz com que se torne cada vez mais difícil levar em frente um projeto de vida à dois, manter um relacionamento."
Sendo a expressão da individualidade o ponto mais importante da vida na sociedade atual, deixa-se em segundo plano a importância de uma vida compartilhada. Esta até acontece mas se mostrará frágil quando surgirem as primeiras diferenças ou algum possível momento em que um tem que ceder em prol da relação, que seria visto como bloqueio à expressão da sua liberdade, de sua individualidade e assim, fatalmente, o “contrato afetivo” entre os dois tenderá à se quebrar e o compromisso se desfazerá.
Então, torna-se cada vez mais raros os relacionamentos duradouros, e pior ainda, eles já nascem frágeis, pois já contam com a possiblidade de término. Como se fosse inconcebível viver a vida inteira com uma mesma pessoa e aí frases como “se não der certo, separa” transparecem consciente ou inconscientemente.
Penso que existe, no ser humano, uma vocação para um relacionamento estável pois todos nós almejamos isso no fundo da alma, mesmo os que afirmam que não. Digo isso, pois tenho percebido ao longo dos anos nos meus atendimento clínicos, que mesmo uma pessoa que entra em um relacionamento já com a ideia de que não será para a vida toda e tendo a certeza de que irá se relacionar com várias pessoas durante sua vida, sofre quando ocorre uma separação.
Ou seja, a pessoa deseja um relacionamento estável, seguro, mas este sempre corre em direção ao fracasso, pois é um ato conservador, retrógrado, certamente uma influência externa que tem uma força maior que o indivíduo.
Sabemos que, do ponto de vista afetivo e mesmo psicológico, todo ser humano precisa de um outro para viver e neste sentido o relacionamento e o vinculo afetivos devem ser tais que proporcionem, aos dois, um contexto seguro para expressar suas individualidades e afetividades, com segurança, liberdade e respeito.
Abaixo relaciono 6 elementos básicos de um relacionamento estável, inspirados na teoria do vinculo do psicanalista e psiquiatra argentino Pichon Reviére.:
1. Partilhamento de objetivos comuns – É preciso haver espaço para os sonhos e planos de ambos, ou seja, um respeitar as necessidades do outro e criar um ambiente de incentivo. Também é importante compreender que viver a dois não significa apagar-se enquanto indivíduo, pelo contrário, um relacionamento afetivo é um lugar de crescimento e desenvolvimento pessoal, de experiências que não poderiam ser vivenciadas de outra forma e funcionam como uma lapidação de nós mesmos. Então, estar em uma vida a dois, sugere estar em um projeto comum com a outra pessoa, este projeto é o próprio relacionamento que este precisa ser cuidado, e pelos dois...
2. Abertura às necessidades afetivas fundamentais do outro - Como já disse no parágrafo anterior, o relacionamento é um projeto a dois, como um filho, criado e mantido pelos casal, por isso é importante que se tenha clareza sobre isso e também uma vontade real de compreender o outro, não só seus pontos de vistas, seu comportamento mas também suas motivações, sua personalidade, um profundo conhecimento e respeito para com o outro. È preciso ter curiosidade sobre o outro e compreender que estão, ambos, em um objetivo comum que não é o final da jornada mas o próprio caminho;
3. Presença integral na relação - Não digo apenas a presença física mas, em outras palavras, a afetiva, ou seja, estar presente fisicamente mas com a mente em outro lugar é uma conduta desrespeitosa e também irresponsável, pois quando firmamos um “contrato” de vida a dois, do ponto de vista subjetivo, assumimos o compromisso de dividir momentos com o outro, companheiros de viagem, que é a própria vida. Não esquecendo também que a presença afetiva também engloba a presenta corporal no sentido da sexualidade, que faz parte da expressão da afetividade no contexto da vida a dois;
4. Preservar e cuidar do próprio vinculo - Ou seja, o vinculo precisa ser cultivado como uma planta, regado, cuidado, arado a terra, adubado, para que floresca e dê frutos. Com o relacionamento ocorre a mesma coisa, ele precisa de cuidados, de cultivo através do afeto, da convivência positiva e com eles a saúde emocional, através da troca de afetos;
5. Comunicação constante – que é a forma como trocamos afetos, além do físico, ou seja, a comunicação, seja ela verbal ou não verbal é ponto fundamental de qualquer relacionamento. Assim, o casal deve manter diálogo honesto, franco com respeito e valorização do outro. Por que não motivar seu parceiro (a) ao invés de criticá-lo a todo momento?;
6. Abertura à mudanças -. Todos nós estamos em constante transformação, já não somos a mesma exata pessoa que fomos a 10 anos. Assim, devemos ter em mente que estamos criando uma vida a dois e por isso, se temos o compromisso e o desejo de que ele seja perene, precisamos manter-nos abertos ás mudanças do outro e as nossas próprias, que serão inevitáveis, pois quando as diferenças surgirem, (e com certeza surgirão) podemos transmutá-las, transformando as realidades, juntos;
Estes são apenas 6 dos pontos que precisam ser priorizados em uma relação sólida e construtiva, em outros artigos falarei de outros.
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Roberto Dantas, Psicoterapeuta, Escritor e Tarólogo, conduz terapia individual e grupos ajudando pessoas a resolverem seus relacionamentos tóxicos. Atua há 26 anos na clínica. [email protected] – Whatsapp: 11 9 8155-9952 E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |
