A canalização da indignação!
Atualizado dia 15/03/2015 12:41:40 em Psicologiapor Paulo Salvio Antolini
Há várias situações que se tornam negativas com relação a esse sentimento. Uma das piores é a própria perda da capacidade de se indignar. Tudo passa a fazer parte do rotineiro. Cai dentro do chavão “a vida é assim mesmo”; “nada se pode fazer”; “quem sou eu para querer mudar o mundo” e assim por diante.
É impossível ao ser humano não sentir emoções, sejam quais forem. O que é possível, sim, é administrar as manifestações destas emoções. Quando se fala em Inteligência Emocional, está se falando exatamente na manifestação equilibrada de nosso lado racional com nosso lado emocional. Razão e emoção manifestas de forma adulta e adequada.
Sentir-se irado, colerizado por alguma injustiça ou afronta, portanto, é mais do que normal e inclusive saudável, pois é a não repressão de emoções despertas. O que é prejudicial é a forma como as pessoas manifestam suas indignações. Dar vazão ao que se sente e como se sente não quer dizer que se está sendo autêntico e honesto consigo mesmo. Há inclusive uma afirmação que diz: “Autêntico não é aquele que diz tudo o que pensa, mas sim aquele que pensa tudo o que diz!” Da mesma maneira com as emoções. Não se deve negá-las, mas saber como manifestá-las.
A expressão da cólera por si só não leva a resultados que eliminariam ou diminuiriam as situações que as despertam e sim acabam sendo utilizada contra a própria pessoa que se mostrou indignada.
Identificar o que desperta esta emoção, reconhecer esse sentimento de afronta, desrespeito, ao mesmo tempo que representa uma grande dificuldade, é também o exercício que fará com que as ações comecem a ser direcionadas adequadamente, gerando então resultados positivos e inibitórios de novas afrontas.
É comum quando ocorre uma situação aberrante, a pessoa que a praticou utilizar-se da indignação manifesta da outra para desviar o foco da discussão. A cólera é uma emoção que cega, que tira completamente a capacidade de raciocínio e, conseqüentemente, quem a está manifestando fica facilmente sujeita às manipulações das pessoas e do meio em que se encontra.
Quando se começa a discutir sobre o ocorrido, tudo que o indignado faz ou fala é utilizado contra ele próprio, desviando assim a atenção do que era o objeto da discussão. Quem está se sentindo afrontado não percebe o jogo e entra facilmente na provocação, desvia a argumentação, rebatendo o colocado e perdendo-se completamente passa a ser o acusado, assumindo sem perceber o papel de “réu”.
O desafio é muito grande, administrar a raiva e o desrespeito sentido exige muito controle e é com isso que aqueles que provocam a indignação contam.
O grande segredo é não se afastar dos fatos, dos acontecimentos, sem manifestar julgamentos, pois é isso que o “infrator” deseja. Quando você julga, coloca o fator interpretação em questão. Cria-se a polêmica. Manter-se nos fatos. Apenas trabalhar sobre constatações, se não elimina totalmente a tentativa de manipulação, impede que ela “ganhe corpo”, mantendo o foco do assunto.
Reflita quantas vezes um assunto foi deixado sem ter uma conclusão porque a manifestação emotiva explosiva foi utilizada para se desviar do problema. E pior, você ainda foi recriminado pela forma como se colocou. Você saiu se sentindo visto por todos como o “desajustado” da questão.
Quando se percebe que se está dando “armas ao inimigo” agindo assim, primeiro deixa-se de vê-lo como um inimigo, passa a ser apenas alguém que quer desviar a atenção e, segundo, para de abastecê-los, deixando-os expostos ao que fizeram.
Aprender a canalizar a indignação e obter resultados. É o que precisamos!
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