A Co-dependência é mais comum do que pensamos
Autor Paulo Zonta
Assunto PsicologiaAtualizado em 7/7/2008 1:29:43 AM
Segundo dados, 80% das pessoas têm algum grau de co-dependência em nossa sociedade. Dificilmente diagnosticável pois não se encontrava na catalogação psiquiátrica DSM, passando a ser considerada no DSM-III como um distúrbio de personalidade. Ainda é cedo para se dizer que seja um distúrbio de personalidade, pois a co-dependência ainda é muito "jovem" entre nós, e poucos estudos têm sido feitos sobre ela. A dificuldade em se diagnosticar a co-dependência está no fato de que ela é muitas vêzes camuflada em atitudes muito desejadas em nossa cultura. Assim, muitos co-dependêntes se justificam como sendo "bonzinhos", "preocupados com os outros", ou com "um outro específico", ou ainda que "gosta das pessoas" e por isso se preocupa com elas.
Geralmente o co-dependente traz um traço muito forte de insegurança e baixa auto-estima, e para compensar isso, precisa estar ligado à outra pessoa por vários motivos entre eles :
1. porque admira esta pessoa e por isso quer tê-la sempre próximo, mas na verdade quer mesmo é que esta pessoa faça parte dele (inconsciente), por isso este outro é tão importante, ou seja, porque cumpre um papel do qual ele próprio não se acha capaz de exercer na vida concreta.
2. porque precisa receber atenção e carinho e esta foi a forma que ele desenvolveu em sua infância para conseguir estes estímulos, ou seja, agradando os outros. Este indivíduo acredita que só consegue estímulos (carinho e atenção) se for muito atencioso com a outra pessoa.
3. porque precisa alguém pra "encriminar"; exercendo uma acusação voraz ao outro, de forma que este outro, não aceitando esta coerção, se rebele e então o indivíduo poderá dizer : " puxa, faço de tudo pra ele(a) e não me reconhece..." .
É fácil entender o negativismo que esta dinâmica traz para quem dela participa e a sustenta. Ou em outro exemplo este poderia dizer " é um imprestável mesmo" ou " não sei porque eu fico ao lado desta pessoa ", na verdade ele fica ao lado desta pessoa pois recebe compensações inconscientes nesta relação, estímulos que devem ser muito importantes para suas necessidades íntimas.Quando temos um dependênte de drogas em casa, ou de jogo, de compras, enfim, qualquer destas ou outras "adições", os familiares atrave´s de seus vínculos disparam seus gatilhos pessoais e suas neuroses nesta relação.
Quando a relação entre dependêntes e familiares se dá de forma patológica, então temos uma relação de co-dependência, onde um alimenta a dependência do outro. Nestes casos, a relação é prejudicial e negativa para os dois, porém, apesar de dizerem que não "aguentam" viver com o outro, eles nunca se separam pois na verdade "precisam" destes desconfortos pois eles alimentam suas necessidades.
Outro exemplo muito comum de dependência e co-dependência, são os relacionamentos destrutivos, e pode ser identificado através de sinais no comportamento como por exemplo preocupação excessiva com o outro, deixando-se para segundo plano, negligência com a saúde e com o asseio, recusa em se divertir, se preocupando somente com o bem-estar do outro, sentimento de culpa por albuma razão ligada ao outro, perfeccionismo excessivo em tudo, sentimento de obrigação para cuidar deste outro, fugir de compromissos comuns, fugir de relacionamentos quando estes estiverem aprofundando em grau de intimidade.
A dependência e a co-dependência têm muitos aspectos e facetas que devem ser melhor estudadas caso a caso, pois viver mais livremente a vida é papel e função de todo o ser humano.
Todos buscamos independência, autonomia e apesar de precisarmos viver em grupo, pois o ser humano é um ser social por natureza, temos o direito de ser feliz e viver em paz, e esta é a busca pela harmonia que deve reger nossa vida e nosso desenvolvimento espiritual.
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