A irritação como sinal de alerta
Atualizado dia 06/04/2015 07:51:06 em Psicologiapor Paulo Salvio Antolini
Sem muita consciência dos fatos, é comum as pessoas permanecerem no desconforto conhecido do que buscarem novas formas de ser e que ainda lhes são desconhecidas. As inseguranças, os temores, o conviver com as interrogações levam-nas a permanecerem como estão. Após esta tomada de consciência, mesmo que vagarosamente, ocorre uma movimentação para o novo, a busca de uma saída da situação indesejada e quando este movimento é feito, as respostas começam a aparecer e se tornarem conhecidas. Mesmo obtendo resultados satisfatórios, há uma tendência à acomodação e de se retomar padrões de comportamentos antigos.
É a tendência do ser humano de buscar “zonas de conforto”.
Estar na “zona de conforto” não significa que está tudo muito bom, ou mesmo bom, mas sim, que se está vivendo situações conhecidas, com resultados conhecidos, o que gera uma sensação de segurança, embora seja falsa.
O filho que não trabalha, não vai bem nos estudos, vive a levar bronca dos pais, mas continua do mesmo jeito. As broncas são sempre muito agressivas e incômodas, só que ele já sabe que logo depois tudo continuará da mesma forma: levantar tarde, comer, ir ao colégio, saída com os amigos e chegar tarde em casa. E o ciclo se repete. Como as ameaças inclusas nas “broncas” não acontecem, ele aprendeu que basta esperar que a “poeira abaixa”.
O marido que fica até tarde com os amigos, a esposa a ameaçá-lo constantemente de que irá deixá-lo, mas nada acontece e no momento seguinte tudo continua como antes. O gerente que vive a ameaçar e não toma nenhuma ação efetiva e assim por diante. Inúmeros são os exemplos.
Quando ocorre alguma ação que impulsiona as pessoas a agirem diferente, por exemplo, as ameaças começam a ser cumpridas; é tirado a chave do filho e cortada a mesada; a esposa começa a buscar a separação, consulta um advogado; o gerente dá advertência por escrito, via departamento de recursos humanos, essas pessoas buscam então se modificarem. Será?
Poucas são as que buscam realmente uma mudança de comportamento. A grande maioria busca uma “mudança” temporária, voltando aos padrões anteriores assim que as situações se acalmam. O filho passa a chegar cedo, estuda um pouco mais e tem até algumas notas melhores, logo começa a habilmente reivindicar os “direitos de se distrair”, tem um dinheirinho para o lanche e ficar um pouco mais com os amigos, mas logo retomam o desrespeito pelas solicitações paternas. O marido passa a vir direto para casa, faz muitas promessas que param de serem cumpridas tão logo a esposa deixou a ideia da separação de lado. O funcionário que retoma os comportamentos antigos quando seu gerente volta a tratá-lo normalmente.
A pergunta “Como faço para saber que estou em minha zona de conforto novamente?” surge por aqueles que, tendo se proposto a mudar percebem-se sendo cobrados novamente por essa mudança. Não identificam de imediato que retomaram os hábitos antigos.
Um dos mais fortes indicadores aparece quando o outro fala algo que imediatamente gera uma irritação interna, um mal-estar que dá vontade de dar respostas atravessadas, os mais comedidos compensam isso com explicações e justificativas.
A cobrança externa faz com que a pessoa tenha que olhar seu comportamento novamente e tenha que agir coerentemente ao que é de consenso, caso contrário, ressurgirão os problemas. Muitos se irritam e explodem porque terão que tomar atitudes que “acham” que não precisariam. “Peguei-me irritado e descobri que era porque tinha que conversar com o pedreiro sobre uma mureta que não estava como eu queria. Agora vejo que não queria ter que fazer isso”.
Jogar para o óbvio e para a “bola de cristal” dos demais são crenças que fomentam a retirada de nossa responsabilidade de fazer coisas que muitas vezes não queremos. Podemos não querer, mas é preciso. “Me irritaram? Estão me tirando de minha zona de conforto”. Ter que fazer, ter que explicar, ter que mudar...
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