A MULHER QUE NÃO TINHA PAI (diálogos do absurdo).

A MULHER QUE NÃO TINHA PAI (diálogos do absurdo).
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Autor Jordan van der Zeijden Campos

Assunto Psicologia
Atualizado em 6/3/2010 10:20:07 AM


Aquela mulher entrou na sala com um olhar cabisbaixo e imensamente melancólica. Ao ser perguntada como poderia a ajudar, narrou que sua vida era marcada por infortúnios, por mazelas, que era uma "pobre diaba" - que decerto haveria de ter pregado os pés do cristo na cruz. Ela exalava o próprio caos.

Perguntei desde quando aquilo tudo existia em sua vida.

Contou-me que seu problema era simples. Disse que tudo se resumia no simples fato de não ter pai. Que isso era terrível e não podia conviver com aquilo mais. Que por não ter pai não teve base, referência, que rejeitou homens, amores, profissões e que para piorar toda a desgraça do mundo a acometia.

O peso de suas palavras me doeu tanto a cabeça que levantei para tomar água e sutilmente sentei numa poltrona mais distante e continuei a escutá-la para sair um pouco daquele campo denso.

Contou que sofreu abuso sexual aos 13 anos e que não teve um pai para defendê-la. Contou que logo depois foi atropelada e fraturou a bacia ficando seis meses sem andar e perdeu de ano. No primeiro dia de volta às aulas, depois de recomposta a fratura, contradizendo a teoria de raios que não caem em mesmo lugar, um ônibus invadiu o ponto em que estava e mais uma vez foi vítima de acidente, desta vez lesionou a mandíbula e quebrou as costelas. Passou mais dois meses na cama. Contou que concluiu o ensino médio aos 24 anos, por ter repetido o ano sete vezes, sempre por motivos trágicos, nunca intelectuais. Conta que passou em um concurso público e o mesmo foi cancelado. Que conseguiu depois de muitas negativas um bom emprego em uma companhia aérea e que no dia do seu primeiro salário sofreu um sequestro relâmpago, e mais um estupro. Que arrumou um namorado e um dia antes de casar, descobriu que a despedida de solteiro dele foi em uma boate gay, e que ele era homossexual e que não admitiria isso. Cancelou a cerimônia no dia. Esperava um filho e não sabia. O filho nasceu com uma disfunção e hoje é uma criança especial...

- Chega, chega!!! - falei à mulher.

- Mas eu ainda não terminei - retrucou.

- Não precisa terminar. Já entendi o suficiente.

- Então, concorda que eu sou um estorvo? Uma placenta criada e não a criança?

- Suas crenças são fortes, senhora.

- Tudo culpa de eu não ter um pai, sabia?

(silêncio)

- Senhora, me permite uma sinceridade?

- Sim, diga logo, fale tudo - pedia ela.

- A senhora é a primeira pessoa no mundo que conheço que não tem pai.

A mulher ficou pálida com a afirmação e me olhou desconcertante.

- Como assim? ... - murmurou ela.

- Sim, está tudo então explicado, entendi tudo. A senhora é marcada pelo absurdo, pois é a única pessoa no mundo que não tem pai. Eu conheço pessoas que não tiveram o pai ou a mãe que queriam, mas mesmo assim são filhas de uma mãe e pai. Mas a senhora, me permita... Diz isso como se literalmente fosse uma filha sem pai. E isso é impossível, absurdo, louco. Então como esperaria que fosse a sua vida com este postulado, com esta crença? Quantas vezes deve ter repetido que não tinha pai e que isso era a culpa de tudo?

Ela me fitava os olhos com lágrimas.

- Senhora, - continuei - sua vida toda foi marcada por coisas tão surreais como o fato de uma pessoa não ter pai. E tenho uma coisa para te falar que talvez te choque muito.

- Nossa! - Disse ela - Depois disso tudo eu aceito qualquer coisa - afirmou pedindo, a mulher.

- Preciso te dizer que você tem um pai.

Ela me olhava com espanto e as lágrimas corriam de sua face.

- Repita o que vou te dizer - pedi a ela - Diga: eu tenho um pai. Experimente isso.

- Ela entendendo a ‘simplicidade complexa daquilo tudo, repetiu a frase.

(...)

A partir daquele dia os absurdos na vida da mulher acabaram. Ela retomou a vida, encontrou um belo noivo, pensa em se casar e assumiu uma vaga de gerente em uma empresa de vinhos.

Simplesmente foi mostrado a ela o poder de nossas crenças e a simplicidade de apenas mudar o foco, a palavra ou mesmo argumento repetido e mentiroso que muitas vezes carregamos por anos. A palavra tem poder, a repetição daquela mentira tinha se tornado uma verdade e feito da sua vida um absurdo.

Essa foi a história da mulher que não tinha pai. E que hoje tem, mesmo ausente e não da forma que quis, um pai. E é preciso honrar a verdade. E ela nos honrará de volta lavando as nossas almas.

...

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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Jordan van der Zeijden Campos   
- Terapeuta Traspessoal Sistêmico - Terapeuta Regressivo Multidimensional - Iridólogo Transpessoal - Reprogramador Mental - Psicoenergia Aplicada - Constelação Familiar Sistêmica
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