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A RELAÇÃO DO BEBÊ COM O SEIO MATERNO

Atualizado dia 07/03/2010 19:28:51 em Psicologia
por João Carvalho Neto


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Agora, com o nascimento do meu filho, tenho podido observar mais de perto alguns conceitos da Teoria Psicanalítica com relação à infância, o que tem sido muito interessante. Por isso, vou começar a compartilhar com meus leitores algumas dessas observações, na esperança de trazer contribuições para o entendimento dos filhos e de sua relação com os pais.
A primeira situação que se depara, como instinto básico de sobrevivência que surge espontaneamente, é o ato da sucção que leva o bebê a sugar o leite do seio materno para a sua alimentação.
Esta relação é de extrema importância, não só pelo reforço dos vínculos afetivos que se consolidarão com a figura materna, mas, principalmente, pela vivência que ela proporciona para o surgimento do Ego e o sentido de individualidade.
Quando o bebê nasce, sua percepção da realidade se confunde com a sua própria existência, de tal forma que ele não se diferencia do ambiente e dos objetos externos. O bebê não distingue imagens e nem sons, tendo percepções gerais, vagas e difusas das quais ele mesmo se concebe como parte.
O primeiro objeto, portanto, a ser conectado pelo bebê será o seio materno, que ele verá, a princípio, apenas como a fonte do leite que o satisfaz e não como uma pessoa, a mãe, que dele cuida. É como se para ele só existisse sua fome e o leite que o satisfaz, mas que, por isso mesmo, também está incluído na sua percepção de fome e não isoladamente.
Quando o bebê sente suas primeiras frustrações à satisfação de sua vontade de sugar e se alimentar é que ele vai se dando conta de que existe algo além que escapa ao seu controle, e que, dessa forma, possui vida própria: o seio que o nutre. Está dado talvez o primeiro passo para o surgimento do Ego e do sentido da individualidade, ou seja, se existe algo lá fora que eu não controlo é que eu sou uma individualidade e paralela a outra que me nutre.
Claro que estou estabelecendo este discurso para facilitar a compreensão do leitor amigo, sendo que tal elaboração acontece a nível simbólico e inconsciente no psiquismo nascente, mais como uma percepção do que uma conclusão.
A partir desse momento é interessante notar já a presença de reações inatas no bebê, que passará a responder de forma pessoal. Para justificar a singularidade dessa resposta, a Psicanalista Melanie Klein afirma existir no psiquismo do bebê um Ego incipiente, que poderia ter sido transferido de seus pais via genética. Sabemos que, além dos caracteres físicos, outros comportamentais podem realmente ser transferidos, talvez não pelos códigos do DNA, mas nas estruturas energéticas que eles contêm. Contudo, tenho por convicção, e pelas experiências com Terapia de Vidas Passadas, que o chamado ego incipiente nada mais é do que o Ego da individualidade reencarnante, que já teve outras experiências de vida e que traz sua bagagem de tendências comportamentais para a vida atual.
Por isso, diante da frustração do bebê com a sua falta de controle sobre o fluxo do leite que ele deseja, diversas respostas vão sendo construídas. Alguns bebês, com tendências mais agressivas, tendem a morder fortemente o seio materno, podendo até feri-los, como a querer arrancar a força sua satisfação. Outros, com características de um psiquismo forte, mas não violento, choram energicamente, exigindo a presença do seio que os alimente. Outros ainda poderão ter atitudes mais passivas, remoendo um lamento sem agirem ativamente para o alcance do seu desejo. Alguns também mamarão apenas para se alimentarem e outros, mais voluptuosos, numa ânsia irrefreável de satisfação. Essas observações são de extrema importância, pois já apontam tendências de personalidade que deverão ser trabalhadas ao longo dos primeiros anos de vida da criança para o seu aprimoramento.
Surgida a percepção e a relação com o seio materno, e desenvolvendo-se as demais habilidades perceptivas e os modelos mentais, o bebê começa a identificar sua mãe como um ser completo e continua seu processo de individualização e construção da realidade à sua volta.
Nesta relação, existem também os aspectos emocionais presentes na mãe, mas que deixaremos para outra oportunidade, dada a exiguidade de nossos espaços.
Mas, de uma maneira geral, é assim que o bebê nasce não o bebê físico através do parto, mas a vida psíquica do bebê. Alguém deverá estar perguntando: “E se o bebê não tiver um seio para mamar?” De alguma forma, com características parecidas, mas não iguais, ele construirá este processo com qualquer objeto que o nutra, inclusive sua mamadeira.

João Carvalho Neto é Psicanalista
Autor dos livros “Psicanálise da Alma”
e “ Casos de um divã transpessoal”
www.joaocarvalho.com.br  

Texto revisado

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Conteúdo desenvolvido por: João Carvalho Neto   
Psicanalista, Psicopedagogo, Terapeuta Floral, Terapeuta Regressivo, Astrólogo, Mestre em Psicanálise, autor da tese “Fatores que influenciam a aprendizagem antes da concepção”, autor da tese “Estruturação palingenésica das neuroses”, do Modelo Teórico para Psicanálise Transpessoal, dos livros “Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal"
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