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A represa da raiva

Atualizado dia 5/18/2017 1:12:04 PM em Psicologia
por Andrea Pavlo


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Uma vez fui assaltada, parada num farol, por um menino de uns 11 anos. Não reagi, nem abri a boca. Quem deu o dinheiro para o assaltante, que estava com um caco de vidro no meu pescoço, foi a minha irmã. Dei a volta com o carro (estava numa via de acesso) e parei o carro, no meio do cruzamento. Eu estava possessa. Estava completamente travada pelo ódio.

Desci do carro, no meio da rua, e desatei a correr atrás do menino, gritando como louca. O menino nunca correu tanto na vida. Minha irmã me salvou de novo, me colocou dentro do carro e fomos embora. Se eu tivesse pego o menino, eu tinha matado na porrada. Sou alta e grande e tenho muita força. Se eu estivesse armada, teria atirado. Estava fora de mim.

Raiva é para sair. Não interessa como. Nós, humanos civilizados, preferimos soltá-la socando travesseiros, mas nem sempre é assim. Temos medo da raiva, da nossa principalmente. Ela pode tomar conta da gente de uma forma que não conseguimos controlar. A raiva é uma energia poderosa, que pode machucar e até matar. Raiva é emoção, não sentimento. Ela vem de baixo. Ela é uma reação ao que sentimos. Raiva velha é ressentimento. Raiva nova é nitroglicerina pura.

O problema é represar a raiva. Boas moças não podem sentir raiva, é coisa feia, de menino mal-educado. Se sentir isso, engula e finja que não é com você. Mas raiva é como areia entre os dedos, não se segura. Ela vai sair de um jeito ou de outro. Ela vai sair sendo passiva-agressiva. Ela vai sair como uma crítica dolorida numa mensagem ou e-mail. Ela vai sair inconsequente, fantasiada de "eu só queria ajudar". E ela pode ferir tanto a ponto de acabar com uma relação, com uma amizade ou com um amor. Ela pode virar um acidente de trânsito, um soco num desconhecido ou numa facada de ódio. Se a raiva existir, reconheça. Não fuja dela. Aceite que ela está ali. Se você perguntar, a resposta vai vir e é difícil que venha de qualquer coisa banal.

Raiva vem de coisas pequenas, repetidas várias vezes. Vem de fazermos coisas que não queremos. Vem de situações de vida ruins. Vem de não poder ser quem você é. Vem de mimo, de falta, ou da dor dos outros. Mas ela existe e é real e se ela tem essa condição precisa ser respeitada. Essa é a parte mais importante, de respeitar a sua raiva.

Na realidade, raiva pode se comer, se fumar ou se trabalhar demais. Apesar de poder o alavancar em momentos de crise, ela pode destruir. O melhor a fazer é esse reconhecimento, num primeiro momento, e depois tentar usar o racional com ela. Saber o que ela significa, não fingir que ela não existiu. Responder, ser ativo, mas controlar os impulsos porque, de alguma maneira, ela sempre vem poderosa. É o seu poder se mostrando dentro de você. É a sua indignação. É o que vai fazer você pensar em soluções porque ela te toma de um jeito que não se pode parar.

Sinta a raiva e direcione com a sua inteligência. Assim ela não represa, não vira sintoma (físico ou emocional) e ainda o ajuda a caminhar na vida. As energias são boas e importantes. Basta que saibamos utilizar.

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Conteúdo desenvolvido por: Andrea Pavlo   
Psicoterapeuta, taróloga e numeróloga, comecei minhas explorações sobre espiritualidade e autoconhecimento aos 11 anos. Estudei psicologia, publicidade, artes, coaching e várias outras áreas que passam pelo desenvolvimento humano, usando várias técnicas para ajudar as mulheres a se amarem e alcançarem uma vida de deusa.
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