Aceitando o caos




Autor Andrea Pavlo
Assunto PsicologiaAtualizado em 11/6/2009 9:04:32 PM
A vida é cíclica. Sim, eu sei que já falei muito sobre isso, mas ainda me surpreendem as coisas que acontecem comigo de vez em quando. Um dia você está certa de que quer macarrão com molho pro resto da eternidade. No outro dia, menos de 24 horas depois, quem sabe não seria melhor um peixinho. Afinal de contas, o que nós queremos da vida?
Eu assisti a um seminário de vendas de varejo pelo Endeavor esta semana (aliás, recomendo o site para empreendedores). A publicitária de uma agência de tendência dizia que não existe mais aquela coisa do "mercado consumidor", mais ou menos como não existe mais "grupo de risco". Assim como a única condição para se morrer é se estar vivo, a única condição para consumir é estar também vivo, socialmente também, é claro.
Ela dizia que uma mulher como eu, por exemplo, um dia come no fast food e acha o máximo. Empanturra-se de batatas-fritas e refrigerante como se não houvesse amanhã. Neste momento, ela é a consumidor padrão de fast food e a lanchonete poderia fazer pelo menos um milhão de campanhas publicitárias para conseguir fazer com que ela volte. E, com certeza, ela voltará.
Aí esta mulher, como eu, acorda no outro dia e se pesa. E vê que está com 234 gramas a mais na balança. Aí bate o desespero e a culpa desce do infinito nas costas dela. Então, ela muda na hora. Naquele dia ela será consumidora compulsiva de granola e grãos de quinua. Só vai tomar suco orgânico light e vai se matricular na academia por 12 meses, mesmo que isso extermine o orçamento dela, só porque é saudável.
Então, e aí? O que fazem as pobres agências de propaganda com um pepino destes? Onde uma mesma pessoa, em dois dias diferentes, tem hábitos de consumo diametralmente opostos? Pois é, fiquei pensando muito nisso.
Outra coisa que me chamou a atenção foi o que ela disse com relação às pesquisas de mercado. Quando eu me formei na faculdade de publicidade, pesquisa de mercado era uma matéria de 2 anos e muito importante. E hoje a mulher me diz que isso não vale de nada porque eles descobriram, finalmente, que as pessoas só respondem nas pesquisas o que elas acham que as pessoas querem que elas respondam. E estão errados? De maneira nenhuma. Eu mesma fui abordada uma vez na Santa Cecília para responder um questionário sobre refrigerantes. Quando eu vi, de soslaio, que era da Coca Cola, passei a responder que era a melhor coisa que existia no mundo só pra ver se eu ganharia algum brinde! Pode? Meu Deus, e não é que somos assim mesmo?
Ser humano é assim. Infiel. Não me venha com xurumelas, somos infiéis sim. Se não fôssemos não existiriam tantas degustações no supermercado. Pense naquele dia em que você foi ao supermercado, certa de comprar a sua marca de iogurte predileta. Aí chega lá e vem uma mocinha bonita e simpática para te dizer que o outro é bem melhor e, muito mais interessante, te dá uma garrafinha. De graça! Para você provar! Quantos de nós sairíamos do mercado sem levar pelo menos mais umas duas garrafinhas para casa? Ou porque gostou mesmo, ou pelo menos pra não ficar chato para mocinha que foi tão gentil. Não é? Estou mentindo?
Pois é, descobrir estas coisas de sombra sobre mim não me causou espanto, mas também não me causou alegria. Saber que eu posso não estar sendo sincera comigo na maior parte do meu dia, não é legal. Ou bem eu sou a mulher que come e não está nem aí. Ou bem eu sou a mulher que acha que é o ser humano mais obeso do planeta. Uma definição é uma coisa muito complicada e isso é uma coisa que eu escuto de meus clientes o tempo todo. A maioria das pessoas sente-se como se tivesse muitos altos e baixos e isso fosse errado. Mas será que é? Será que o certo, e a graça, é justamente nós podermos ter a liberdade de escolher. E o melhor, a liberdade de mudar de idéia? Não é ótimo saber que podemos mudar de idéias quando quisermos, que aquilo que começamos não é necessariamente o que precisaremos ter ou ser para o resto das nossas vidas? Sim, mas aí vem o social, o ego e diz que você tem que saber o que quer. Tem que emagrecer, tem que ter, tem que consumir, tem que conseguir, tem que ser determinado, tem que ser isso, tem que ser aquilo...nossa, que cobrança absurda que temos de nós mesmos. Cobramos-nos até não sermos contraditórios? De fato, isso não existe.
E sim, eu sou sincera sim. Mas é comigo e não com os outros. E sim, eu sou fiel. Fiel a mim e aos meus princípios de vida. Aquilo que faz o meu coração feliz naquele momento, mas também posso pensar que prefiro ser feliz á longo prazo. Ou mudar completamente de idéia, vender água de coco no Guarujá e achar que isso é o máximo. Porque eu sou grande demais, estruturada demais e tem tanto Deus dentro de mim que não poderia, nunca, me contentar com uma coisa só.
Ao caos! Aqui vou eu!!!
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Psicoterapeuta, taróloga e numeróloga, comecei minhas explorações sobre espiritualidade e autoconhecimento aos 11 anos. Estudei psicologia, publicidade, artes, coaching e várias outras áreas que passam pelo desenvolvimento humano, usando várias técnicas para ajudar as mulheres a se amarem e alcançarem uma vida de deusa. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |