Amorosidade
Atualizado dia 02/12/2012 18:40:24 em Psicologiapor Paulo Salvio Antolini
Já falamos que não ser agressivo não significa não ter firmeza, o que é motivo, quase sempre, de confusão. Acham que, para não se mostrarem "frouxos", necessitam usar da agressividade. É plenamente possível ser firme e amoroso ao mesmo tempo, pois uma coisa não se contrapõe à outra. A firmeza está sempre ligada a uma situação, a amorosidade está relacionada à pessoa.
É comum se confundir tudo. Pais dizem para os filhos: "Eu não gosto de você", quando na verdade querem dizer: "Eu não gosto do que você fez". A primeira mensagem que estão passando para essa criança ou adolescente é de negação de sentimentos por ela, portanto, a negação desta para os pais. É muito diferente. Alguns fazem ainda pior, dizem: "Papai do céu não gosta de você", fazendo-a sentir-se rejeitada até pelo Todo Poderoso.
Muito do que leva as pessoas a serem hostis em seus relacionamentos é a falta de convicção de seus próprios valores e princípios e que, na incerteza pessoal, necessitam da auto-afirmação para não se perceberem expostos perante os demais.
Reclama-se da falta de paz, de harmonia e de compreensão entre homens, governos, nações, mas o que se vê atualmente são desenhos massacrantes que transformam Walt Disney em peça de museu. Somente batalhas, lutas sangrentas e com infindáveis mortes, jogos em que, quanto mais você "eliminar, melhor e maior você será.
Então, passam a confundir meiguice e ternura com frouxidão e fraqueza e, por fim, com "boiolice".
Ser amante significa ser aquele que ama. Ser suave quer dizer não imprimir vincos destruidores no relacionamento, vincos esses que não mais se apagarão; significa falar e mostrar suas razões, seus pensamentos e suas crenças de maneira a não ofender nem chocar o outro.
Cultivar com amorosidade significa relacionar-se sem vergonha de mostrar seu carinho e reconhecimento pelo outro. Significa ser alguém que acolhe sem carregar no colo e esconder os erros da pessoa, mas principalmente, mostrá-los com respeito e consideração àquele que errou.
Vejo, com tristeza, debates na mídia onde "especialistas" da educação defendem uma orientação na qual não se atribui às crianças ou adolescentes as conseqüências dos seus atos. Profissionais famosos e respeitáveis, mas que precisam abraçar "bandeiras" de que tudo está errado, mas que eles poderão, se ouvidos, endireitar o "mundo". Coitados dos pais que, após terem conversado com seus filhos e mesmo assim eles reincidirem, impuserem-lhes um castigo ou mesmo uma palmada.
Deixar os filhos fazerem tudo o que querem, como querem e quando querem, não significa ter por eles amor, ao contrário, é desamor, pois serão os próprios filhos os prejudicados, que por não saberem reconhecer os limites da boa convivência, serão penalizados pela mesma sociedade que defendeu a impunidade e o protecionismo. Não só sofrerão algum tipo de exclusão como também viverão intensa frustração, pois não saberão conviver com os limites.
Pais me procuram dizendo não saberem mais como controlar seus filhos de idades variadas, desde seis, sete anos até os adolescentes com dezessete, dezoito anos, que respondem e gritam. Questionados, admitem ter lidado com essas crianças e jovens, até agora, com berros e imposições. Foi assim que aprenderam com seus pais e agem da mesma forma. Como querer cobrar respeito dos filhos se não se deram o exemplo do respeito? Se houvesse amorosidade na relação, com certeza o desfecho seria bem diferente.
Texto revisado
Avaliação: 5 | Votos: 3
Visite o Site do autor e leia mais artigos.. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |