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As muitas idades do amor

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Autor Renata Kindle

Assunto Psicologia
Atualizado em 01/10/2014 10:39:45


Amor... amar... te amo!

Aos dez anos, a menina não pensa em amor, ela o vive simplesmente. Ama a sua boneca, a sua bola, as suas amigas da escola. Mas ela vai se despontando, umas mais cedo, outras demorando um pouco mais, mas numa hora qualquer, o amor acontece.

O amor que acontece na adolescência é puro, ingênuo e se acredita que será o mais forte, o mais bonito, o último! E de fato ele é lindo mesmo, cheio de sonhos, de fantasias e tudo é gostoso de ser vivido, até as lágrimas são mais doces, mas tudo é um exagero só! De alguma maneira, esse amor dá um jeito de ficar pra sempre! Ainda que nunca mais haja um encontro daqueles meninos!

Um filme, um livro, uma redação da escola, tudo ganha o colorido especial das pequenas mulheres em pleno despertar e elas desabrocham como flores na manhã orvalhada da primavera que já se anuncia.

Aos vinte e poucos anos o amor é cruel. Os pais perguntam, a sociedade cobra. O coração vive disparado e o encontro tem sempre a possibilidade de ter sido o último. Parece um amor sério, pra se levar a sério, pois é a idade em que a natureza também faz seu convite ao suposto avanço. Mas é também nesta fase, que o amor começa a ser diferente para as pessoas. Umas amam intensamente, outras o temem tanto que não permitem que ele aconteça. Evitam-no a todo custo. Alguns amam com todo seu ser, com toda a loucura das paixões, sem lógica e sem razão. Outros, parecem que até fazem elaboradíssimos cálculos sobre as várias formas de se amar. Uns morrem de amor, outros vivem por amor... é assim, intenso, mas sem explicações.

As pessoas continuam seu processo de crescimento e de amadurecimento, chegam, como na infância, umas antes, outras demorando um pouco mais, a uma fase em que o amor é calmo, não exige a presença do outro pra se revelar. Não há desespero, não há um pacto que aprisiona. Ama-se na distância e ama-se na presença. O amor então, volta a ser sublime e nobre, volta a ser simplesmente amor. O encontro, quando acontece, é único e é eterno. O amor, nesta fase não faz promessas, ele é a própria promessa. Ele acalma o coração e dá liberdade ao espírito para ir onde quiser, pois conhece o caminho pra voltar. É o colo quente, a xícara de chá compartilhada em frente à lareira. É a toalha que se divide, o abraço a que se entrega ao mesmo tempo em que acolhe. É o conselho desinteressado, o ouvido que realmente escuta. É o olho que brilha e o sorriso que ilumina o rosto. É a taça de vinho com que se brinda a uma bobagem qualquer, é a folha seca que cai no outono e volta viçosa na próxima estação.

O amor, depois de alguns quilômetros de percurso, depois de erros, de enganos, de decepções e de desilusões, de alegrias, de sonhos, de realizações é o porto seguro pra onde nosso navio volta confiante. É a voz que nos faz rir ao telefone, é a vontade de tomar sorvete, de comer besteiras e de falar bobagens. É o filme sem sentido que se assiste sozinho e mesmo sem entender nada, chora até secar. É a peça de teatro que parece tão maluca que nos faz pensar. É a canção que nina, é o desacelerar.
O amor depois de algum amadurecimento é a contrariedade da Clarice Lispector, é a risada da Martha Medeiros, é a suavidade da Lya Luft e a poesia da Adélia Prado. É, pois, a verdade escancarada nas mais diversas teorias. Absolutamente todas estão certas, contraditoriamente certas! É lançar uma pedra na água da lagoa e ver os círculos que se formam. O amor nessa fase é finalmente livre.

Não estou dizendo que não haverá lágrimas, que não haverá dor, que não haverá despedida, mas depois que crescemos, somos capazes de um amor assim, transcendental, eu diria, que ama na presença do que é, que ama na falta que faz, que ama depois do adeus.

O coração sabe as fórmulas pra se curar, compreende os porquês e não cobra a mudança, não cobra o telefonema, não cobra a lembrança de uma data qualquer.
Amar assim é uma decisão. Sim, decide-se amar, como quem decide a profissão à qual vai se dedicar nos próximos cinquenta anos de vida. Decide-se amar a virtude porque decidiu amar, antes de tudo, o defeito. Decide-se amar a fé porque decidiu amar a descrença. Decide-se amar o lado belo porque decidiu amar o que era monstruoso. Então o amor, aqui, é decisão, mas é decisão que se toma com o coração e não com pensamentos tão bem elaborados então, os porquês perdem a força, perdem o sentido, perdem a necessidade de serem preenchidos.

Nesta fase, o amor respeita o outro, mas não se transgride. O amor adulto traz em si todas as idades que já teve, por isso é a forma mais sublime de amar.
Amor... amar... te amo!

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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Renata Kindle   
Psicóloga clínica e hospitalar (crianças, adolescentes, adultos, casais e família); autora de alguns textos e artigos. Desenvolvedora de um trabalho piloto sobre a atuação das emoções no corpo físico, que se realiza com grupos de oficinas terapêuticas.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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