ASPECTOS EMOCIONAIS DA FAMÍLIA DO BEBÊ
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Autor João Carvalho Neto
Assunto PsicologiaAtualizado em 25/07/2010 19:50:19
Como dissemos em texto anterior, precisamos refletir sobre os aspectos emocionais daqueles que envolvem o bebê nos seus primeiros meses de vida, em especial é claro, sua mãe e seu pai.
As necessidades iniciais de todo bebê são proteção e alimentação. A alimentação tende a fluir naturalmente através do seio materno ou do leite substituto na mamadeira. Já a sensação de proteção é muito mais complexa, pois não envolve apenas questões físicas mas também afetivas. O bebê precisa se sentir preservado em sua integridade corporal mas também emocionalmente, nas suas angústias decorrentes do inevitável processo de adaptação ao novo corpo.
A questão é que, neste momento, sua mãe costuma estar passando também por uma forte tensão emocional, derivada do desgaste físico com os cuidados maternos e com o próprio parto que a transfere de uma situação de gestante superprotegida para a de verdadeira “escrava” das exigências narcísicas do bebê. Pois é nesse momento que toda atenção é pouca, pois palavras, sentimentos mesmo que reprimidos, gestos mais rudes, podem ir levando ao bebê a sensação de insegurança, de desamparo e instabilidade. Isso irá repercutir na vida adulta daquele ser, que tenderá a se sentir mais ameaçado diante de situações de perigo.
Por isso, a mamãe deverá ser ajudada a pensar sobre suas responsabilidades diante daquele novo ser, trabalhando suas emoções e solicitando ajuda para que possa se refazer e cumprir seu papel de primeira referência de segurança para o bebê.
Mas existem outras circunstâncias que vão contribuir para o equilíbrio da mãe e de todos aqueles que envolvem o bebê.
Umas das mais graves ameaças que incidem sobre a vida emocional e a estruturação da personalidade das crianças são as projeções que seus pais e outros familiares fazem sobre elas. Essas projeções são aquelas expectativas de vida e de vivências afetivas que os adultos não conseguiram realizar e que, frustrados, tendem a trabalhar para vê-las realizadas em seus filhos ou descendentes. Por exemplo, uma mãe frustrada pela falta de amor de seu marido pode lançar sobre seu filho toda a sua esperança de ser amada, ou a frustração profissional de seu pai pode levá-lo a desejar que filho siga os caminhos que ele não percorreu. Deixaremos esta análise para outros textos posteriores; por enquanto, vamos falar de uma projeção muito ampla e geral que é o desejo, principalmente por parte da mãe, de ter um filho, desejo esse que se torna tão onipotente que ela não admite a possibilidade de qualquer perigo que venha a se abater sobre a criança, cercando-a de proteções excessivas e de um sentimento de perda iminente, que não se fundamenta em ameaças reais, mas no medo da perda, e que é interpretada pela criança como a existência de um perigo real. Ou seja, a mãe tem tanto medo de perder seu filho que ele sente como se isso fosse uma ameaça imediata, criando uma fantasia no seu imaginário de ameaça de separação.
Nem se precisa dizer sobre as consequências nefastas para o equilíbrio mental da vida futura daquele ser: medo, insegurança, preocupações paranóicas sobre afastamento de entes queridos.
É preciso que as mamães se fundamentem um pouco mais na sua religiosidade, pensando que, por mais que elas tenham a pretensão de proteger seus rebentos de todos os perigos e doenças, as forças da vida, divinas, são muito maiores do que nós, e nos surpreendem mesmo que a nossa revelia. Basta pensar nos incontáveis casos de mortes prematuras.
Enfim, só para concluir esta pequena reflexão sobre o peso de nossas emoções sobre a vida mental do bebê, precisamos falar da necessidade que ele tem de se sentir amado, profundamente amado. E isso vai acontecer não apenas pelo discurso, mas principalmente pela veracidade e intensidade da emoção desse amor que será lido nas entrelinhas dos olhares, dos toques, na troca de fluidos psíquicos que se faz entre aqueles que se amam. Todos nós somos corpos envolvidos por complexos campos de energia e essas energias se interpenetram transferindo estados emocionais entre os seres, mesmo que isso não seja falado.
Os bebês não se alimentam apenas de comida mas também de emoção, para crescerem fortes e saudáveis, física e psiquicamente. Uma criança amada tenderá a se sentir mais segura na madureza, mais apta a enfrentar os desafios da vida.
Bem... espero poder ter ajudado nesta questão tão importante da formação de nossos filhos, porque não formamos apenas corpos mas seres emocionais que serão fortes e felizes de acordo com a alimento que lhes dermos.
João Carvalho Neto é Psicanalista
Autor dos livros “Psicanálise da alma”
e “ Casos de um divã transpessoal”
www.joaocarvalho.com.br
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Psicanalista, Psicopedagogo, Terapeuta Floral, Terapeuta Regressivo, Astrólogo, Mestre em Psicanálise, autor da tese “Fatores que influenciam a aprendizagem antes da concepção”, autor da tese “Estruturação palingenésica das neuroses”, do Modelo Teórico para Psicanálise Transpessoal, dos livros “Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal" E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |