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Assédio Moral ou Assédio Espiritual?

Atualizado dia 9/23/2013 12:45:04 AM em Psicologia
por Antony Valentim


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Eu fui vítima de assédio moral. Não um assédio escancarado e evidente, mas sim, com todos os ingredientes de sutileza perversa para que parecesse ser o que não era. Em ambientes de trabalho mais simples, como a área da produção nas fábricas, o assédio é mais visível, por meio de agressões verbais, zombarias, entre outros. Mas quando subimos na hierarquia vemos atos muito mais sutis, como a contestação de decisões, recusas, críticas, atentados à reputação; elementos muito mais difíceis de serem identificados. No meu caso, meu agressor evidentemente fugiu à responsabilidade de assumir o festival de horrores, e penetrou num ardiloso contexto de tentar reverter a situação, apavorado talvez com os efeitos que tal exposição traria à sua vida socialmente admirável.

O assédio moral se caracteriza por estratégias ou comportamentos perversos que visam ao ponto fraco de uma pessoa e com o objetivo desestabilizá-la. Uma agressão violenta, mas sutil e progressiva, favorecida pela solidão da vítima, forma-se a partir do incômodo que uma pessoa causa, porque na verdade, as vítimas de assédio moral não são preguiçosas: pelo contrário, investem muito no seu trabalho e por esse motivo incomodam escancaradamente. É isso: o objetivo do assédio é sempre se livrar de alguém que incomoda. Quanto mais elevado o escalão, mais sutis são as investidas. Em altas hierarquias, acontece um verdadeiro atentado à dignidade da pessoa, embora pouco evidente, que cria um registro de humilhação e de degradação tão absurdos, que as sequelas são profundas e duradouras. O isolamento, a recusa, a proibição, a forja e a manipulação da comunicação são ingredientes sempre presentes - quando não a injuria, a calúnia e a difamação.

A estratégia: Um leão pode matar um homem com apenas uma mordida, mas se o leão apenas joga o homem em um buraco com muitas pulgas, também será morto, só que mais demoradamente e com tempo suficiente para que o leão possa desaparecer do cenário.

O assédio moral tem sido reconhecido como um fenômeno destruidor do trabalho, redutor de produtividade, que favorece a rotatividade e a demissão de funcionários por desgaste psicológico e até debilidade física. Porém, mais do que uma mazela social que ocorre no contexto profissional de forma sutil e velada com efeitos nefastos e destruidores, impactando diretamente no corpo emocional do indivíduo, é principalmente uma mazela espiritual, ou mais conhecida no meio espírita como obsessão.

Allan Kardec, o codificador do espiritismo, define obsessão como ação persistente que um mau espírito exerce sobre outro, sejam eles encarnados ou desencarnados.

Um rico exemplo de ação obsessiva destinada a comprometer a moral de uma individualidade, está narrada no capítulo 15 do Livro "Nos Domínios da Mediunidade", ditado por André Luiz e psicografado por Chico Xavier:

"Em mesa lautamente provida com fino conhaque, um rapaz, fumando com volúpia e sob o domínio de uma entidade digna de compaixão pelo aspecto repelente em que se mostrava, escrevia, escrevia, escrevia...

–Estudemos– recomendou o orientador.

O cérebro do moço embebia-se em substância escura e pastosa que escorria das mãos do triste companheiro que o enlaçava. Via-se-lhes a absoluta associação na autoria dos caracteres escritos. A dupla em trabalho não nos registrou a presença.

– Neste instante – anunciou Áulus, atencioso –, nosso irmão desconhecido é hábil médium psicógrafo. Tem as células do pensamento integralmente controladas pelo infeliz cultivador de crueldade sob a nossa vista. Imanta-se-lhe à imaginação e lhe assimila as ideias, atendendo-lhe aos propósitos escusos, através dos princípios da indução magnética, de vez que o rapaz, desejando produzir páginas escabrosas, encontrou quem lhe fortaleça a mente e o ajude nesse mister.

Imprimindo à voz significativa expressão, ajuntou:

– Encontramos sempre o que procuramos ser.

Finda a breve pausa que nos compeliu à reflexão, Hilário recomeçou:

– Todavia, será ele um médium na acepção real do termo? Será peça ativa em agrupamento espírita comum?

– Não. Não está sob qualquer disciplina espiritualizante. É um moço de inteligência vivaz, sem maior experiência da vida, manejado por entidades perturbadoras.

Após inclinar-se alguns momentos sobre os dois, o instrutor elucidou com benevolência:

– Entre as excitações do álcool e do fumo que saboreiam juntos, pretendem provocar uma reportagem perniciosa, envolvendo uma família em duras aflições. Houve um homicídio, a cuja margem aparece a influência de certa jovem, aliada às múltiplas causas em que se formou o deplorável acontecimento. O rapaz que observamos, amigo de operoso lidador da imprensa, é de si mesmo dado à malícia e, com a antena mental ligada para os ângulos mais desagradáveis do problema, ao atender um pedido de colaboração do cronista que lhe é companheiro, encontrou, no caso de que hoje se encarrega, o concurso de ferrenho e viciado perseguidor da menina em foco, interessado em exagerar-lhe a participação na ocorrência, com o fim de martelar-lhe a mente apreensiva e arrojá-la aos abusos da mocidade...

– Mas como? – indagou Hilário, espantadiço.

– O jornalista, de posse do comentário calunioso, será o veículo de informações tendenciosas ao público. A moça ver-se-á, de um instante para outro, exposta às mais desapiedadas apreciações, e decerto se perturbará, sobremaneira, de vez que não se acumpliciou com o mal, na forma em que se lhe define a colaboração no crime. O obsessor, usando calculadamente o rapaz com quem se afina, pretende alcançar o noticiário de sensação, para deprimir a vida moral dela e, com isso, amolecer-lhe o caráter, trazendo-a, se possível, ao charco vicioso em que ele jaz.

– E conseguirá? – insistiu meu colega, assombrado.

– Quem sabe?

E, algo triste, o orientador acrescentou:

– Naturalmente, a jovem teria escolhido o gênero de provações que atravessa, dispondo-se a lutar, com valor, contra as tentações.

– E se não puder combater com a força precisa?

– Será mais justo dizer "se não quiser", porque a Lei não nos confia problemas de trabalho superiores à nossa capacidade de solução. Assim, pois, caso não delibere guerrear a influência destrutiva, demorar-se-á por muito tempo nas perturbações a que já se encontra ligada em princípio."

A grande maioria das derrocadas morais (incluindo-se o assédio moral) é fenômeno obsessivo possível porque o obsessor encarnado é individualidade de si mesma dada a malícias, pouco espiritualizada, sem maiores experiências de vida espiritual, vivendo com a antena mental ligada apenas em facetas desagradáveis e perniciosas das questões, e por isso atrai seres que vibram na mesma sintonia. Os contextos normalmente se desenvolvem em cenários originados nas desavenças ou disputas de outras vidas, mas como Deus não nos coloca em nenhuma situação sem saída, diante de um assédio moral devemos "guerrear a influência destrutiva" para que independente dos pormenores visíveis, a verdadeira solução - a espiritual - possa imperar sobre todas as tolas e inúteis disputas humanas, pois quando queremos, nada é capaz de ocultar a verdade.

Como disse Jesus a Publio Lentulus no inesquecível encontro:

"Todos os poderes do teu império são bem fracos e todas as suas riquezas bem miseráveis".

Pensemos nisso!

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Conteúdo desenvolvido por: Antony Valentim   
Antony Valentim é um ser comum, sem privilégios ou destaques que o diferenciem das demais pessoas. Devorador de livros, admirador de culturas religiosas sem preconceitos, e eterno aprendiz do Cristo. Mestre de nada, sábio de coisa alguma. Alguém como você, que chora, sorri, busca, luta, exercita a fé e cultiva no peito a doce flor da esperança.
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