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Autopiedade!

Atualizado dia 08/02/2015 12:55:55 em Psicologia
por Paulo Salvio Antolini


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Piedade, termo que em seu sentido original e religioso, expressa amor e respeito às coisas religiosas; devoção, religiosidade; compaixão pelos infortúnios alheios. Como expressa a capacidade de se ter tolerância e apoio ao comportamento não natural, ou estressante de outros. Passou a ser utilizado com o sentido de pena diante desses eventos, autoaplicáveis.
Ao sentirmos pena, estamos falando de aflição, sofrimento, necessidade de cuidados. Ao falarmos de autopiedade, estamos nos referindo à busca de autoconforto frente às situações que se está vivendo.

Quando sentido, a autopiedade representa a busca de alívio de estímulos incômodos, até aversivos e que mantidos, gera um ganho secundário, ou seja, não resolve a situação que a incomoda, mas a coloca em uma posição mais confortável emocionalmente consigo mesma. Se cobrada, diz-se incompreendida.
Quando exacerbado, esse sentimento coloca a pessoa em um processo de vitimização e a deixa co-dependente de outras pessoas, há então uma espera de que a solução de seus problemas surja através do esforço de outras pessoas.
É muito mais comum do que se admite, basta considerarmos o chocolate, por exemplo, comido após um dia árido, mas que atrapalha a dieta estabelecida. O dar-se o direito nada mais é do que a “tolerância tida consigo mesma”, uma forma de compensação pelo tudo que passou no dia. O aperitivo na saída do trabalho, mesmo estando se tratando de problemas que não recomendam a bebida alcoólica.

Sua prática busca também estimular as outras pessoas a terem mais compreensão e compaixão de si mesmas. Agradável acolhimento, porém, fator que dificulta a saída desse estado. Apesar dos ganhos secundários, para que esse sentimento possa ganhar embasamento dentro de sí, a pessoa necessita se desqualificar como alguém capaz, pois quem é capaz não faz jus ao sentimento de pena, ou mesmo compaixão.
As consequências são danosas, pois a cada possibilidade de solução, a pessoa cria duas ou mais argumentações que a mantém como está. Sem se dar conta, a pessoa vai se transformando realmente em alguém que não mais conseguirá sair disso. Exemplos não faltam, olhem as depressões, os vícios, as dores constantes que são carregadas por milhões de pessoas por toda a vida.

Mas não vamos nos deter nos extremos, vamos apenas olhar para as vezes que fazemos isso conosco mesmo. Nada patológico, nada doentio, porém é um grande atraso no agir e nas conquistas que se fazem necessárias e que só acontecerão com nossas ações, ou seja, os outros não podem fazer por nós. Observem que digo nós, pois eu também me identifico em alguns momentos vivendo isso. Nessa hora me digo “Ah, dó!”.
O segredo para sair disso está em primeiro em admitir que a autopiedade está ocorrendo para então buscar o oque fazer para assumir as rédeas por si mesmo. A ajuda externa deve ser a do estimular e encorajar a pessoa a fazer, expressar o quanto percebe que ela é capaz, apenas está se atrapalhando ao se julgar “injustiçada”.
Em outros momentos já citei que quem falou que a vida é justa nos enganou. E muito. Lamentar, lamuriar e entrar embaixo de um “cobertor de afeto”, embora inicialmente seja reconfortante, é prejudicial à saúde emocional e impossibilita a realização plena.

A autopiedade funciona como um dreno de energias e enfraquece as pessoas retirando, então, o que mais precisam para solucionarem seus transtornos. Muitos permanecem no estado por ficarem nos porquês das ocorrências. Além de nem tudo ter respostas imediatas, quando elas se apresentam não são aceitas como tal.
Aceitar as coisas como elas são; o matuto diz “é por que é” e vamos em frente, faz com que a cada dia tenhamos mais ação e nos sintamos mais fortalecidos, de tal maneira que os obstáculos passam a ser vistos como excelente oportunidade de nos exercitarmos nas buscas de soluções. Possibilita a manifestação da criatividade e elimina muito das tristezas.

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