Brigas Internas
Atualizado dia 4/6/2007 6:13:45 PM em Psicologiapor Andrea Pavlo
Com quem brigamos?
Brigar conosco mesmos não começa do nada. Claro que aprendemos isso de alguma maneira. A adolescência é o campo fértil para as nossas brigas internas. Na adolescência começamos a perceber que nossos pais não são tão perfeitos como pensávamos. E isso dá uma raiva! Nosso inconsciente percebe que acreditou, a vida inteira, em coisas que nem sempre são reais! Uau! Que descoberta horrível! E agora? O que vamos fazer com tudo aquilo em que acreditamos? Não, Papai Noel não traz mais presentes. Deus não é um homem sentado numa nuvem branca olhando a gente aqui em baixo. Mas nós acreditamos nisso tanto tempo! Você cresce e enxerga que as coisas não são bem assim. Revolta-se, mas aceita. Percebe que a realidade não é apenas a visão dos seus pais.
Por isso somos tão rebeldes na adolescência. Esse é, na verdade, o normal. Precisamos, para crescer como pessoas, reavaliar o que nos foi imposto. Precisamos entender que somos pessoas diferentes dos nossos pais, com outros sonhos, com outras perspectivas, com outras metas.
Como continuamos a brigar?
Porém, nem sempre percebemos que a nossa adolescência acabou e que não precisamos mais nos revoltar. A falta de autoconhecimento faz com que guardemos aquelas brigas e revoltas em forma de mágoas. Mágoa nada mais é do que a raiva repressada. Ela fica presa, fechada num canto ao qual não temos mais acesso. Temos raiva, ainda, de coisas que nos aconteceram há anos, mas não temos coragem de assumir. Assumir publicamente a nossa raiva, a nossa mágoa, é uma coisa muito feia na opinião social. Falar que nossos pais não foram perfeitos não é aceito pela nossa sociedade e, por isso, em nome de uma sociedade, guardamos a raiva e o ressentimento.
Essa mágoa armazenada, a raiva, só nos faz mal. Traz doenças como dores de estômago, problemas hepáticos e, muitas vezes, o câncer pode ser conseqüência de muita raiva acumulada. Se junta aí também a frustração de percebermos que não somos perfeitos, assim como percebemos que nossos pais não foram.
Assim, continuamos as brigas da adolescência, mas internamente. Ao invés de xingarmos nossa mãe por não ter feito determinada coisa por nós, xingamos o espelho. Repetimos os padrões de agressividade que podem tanto ser voltados para os outros como para a gente mesmo. A agressividade que se volta contra a gente resulta, então, na depressão.
Como paramos de brigar?
A primeira coisa que devemos abandonar se quisermos parar de brigar com a gente mesmo, é o orgulho. Por conta do orgulho não conseguimos “engolir” muitas coisas que nos aconteceram. Na verdade, o que nos aconteceu foi o normal: descobrir que nosso pai e nossa mãe são pessoas comuns, que têm seus defeitos e qualidades e que não acertam o tempo todo, assim como você; aceitar que você também não precisa ser perfeito, mesmo que tenha ouvido isso o tempo todo, desde o berço; aceitar que temos a vida que escolhemos, que plantamos e que, sim, podemos mudar as coisas que realmente nos incomodam.
Depois dessa aceitação vem a aceitação do si mesmo. Quando aceitamos o nosso si mesmo, ou seja, a nossa essência imperfeita com amor e carinho, sabemos que não precisamos armazenar mais a raiva. A raiva continuará a fazer parte da nossa vida, mas não precisará mais ser armazenada como um veneno. Aprendemos a direcionar a nossa raiva de uma maneira saudável. Sabemos que quando estamos com raiva acabamos nos esforçando muito mais em conquistar algumas coisas, não é? A raiva é uma energia poderosa que pode, sim, nos ajudar, se não for usada de maneira nociva. Depois dessa aceitação da nossa raiva poderemos começar a cultivar a paciência, que nada mais é do que a aceitação do outro.
Não é um processo rápido, muito menos fácil e nem caberiam tantos conceitos complicados num mesmo texto. Mas o passo mais importante, o da aceitação, pode ser decisivo pra que você comece a parar de brigar consigo mesmo e, consequentemente, pare de receber a energia da raiva de outras pessoas. Somos como uma antena parabólica: aquilo que emanamos recebemos novamente, no mesmo formato ou num formato diferente, mas com o mesmo conteúdo. Assim, receber mais amor só depende de nos doarmos mais como pessoas. Sem raiva. E sem brigas.
Texto revisado por Cris
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Psicoterapeuta, taróloga e numeróloga, comecei minhas explorações sobre espiritualidade e autoconhecimento aos 11 anos. Estudei psicologia, publicidade, artes, coaching e várias outras áreas que passam pelo desenvolvimento humano, usando várias técnicas para ajudar as mulheres a se amarem e alcançarem uma vida de deusa. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |