Coisas do Sagrado ou do Além-Materialidade
Atualizado dia 06/03/2016 00:16:02 em Psicologiapor Maria Helena Neves de Albuquerque
Numa cidade do litoral piauiense, deu-se o início a um processo que influenciou significativamente a minha visão de mundo, objeto deste texto. O encontro com Clarinha foi um presente da vida marcado pela oportunidade de compartilhar situações e eventos que induziram interpretações de natureza suprarreal. No tempo desse encontro, vale lembrar que a amizade tornou-se mais presente, a partir do ingresso no “Jardim da Infância” aos cinco anos de vida, por ocasião do processo de alfabetização.
Naquela época, os nossos pais estavam cheios de expectativas e medos por se tratar de um colégio administrado por um grupo de religiosas rebeldes e zangadas. A participação dos alunos nos eventos escolares era um tanto obrigatória, como por exemplo, o desfile dos seus alunos no dia 7 de Setembro e contribuir com as quermesses religiosas para angariar fundos em direção ao crescimento e desenvolvimento dos projetos das comunidades carentes. Nas turmas mais adiantadas, foi proibido falar das estórias de Fadas, dos Lobisomens ou dos Sacis Pererê.
No entanto, foram esses Mitos que reabasteceram os momentos de lazer por parte de alguns alunos durante o recreio. O mais interessante é que nenhum desses temas poderiam ser comentados entre eles, sob pena de sofrer repreensões por parte da direção da escola ou permanecer o resto da manhã, sem a merenda escolar. Para a Madre Superiora, os Contos de Fadas, as Estórias do Sagrado ou do Além-Materialidade soavam como os frutos da imaginação, do sobrenatural e estavam terminantemente proibidos pela comunidade religiosa. Na sua sabedoria de freira credenciada, o único tema a ser comentado naquele espaço religioso seria a existência de um Deus puro e verdadeiro, ou seja, um “espírito perfeitíssimo e criador do céu e da terra”.
E assim, diante de todo viés do nosso existir pensante, continuamos amigas até hoje e, neste processo da interação mútua, compartilhamos as pesquisas sobre as ‘coisas do Sagrado’ até que o Universo nos separe. É tanto que a partir desta duradoura convivência e dos mistérios que envolvem esse reino extrafísica, nos serviram de estímulo para vislumbrar outros umbrais e novos mundos dotados de uma riqueza inatingível. Logo, eu procurei assimilar as experiências extrassensoriais da amiga, com o intuito de auxiliá-la em seus projetos existenciais e espirituais, movida até por um sentimento fraterno e universal.
De fato, nesse contexto, observem um dos vários episódios da vida de Clarinha; aquela garota magricela e cheia de complexos, por se apresentar diante dos seus pares com um corpo frágil, mas rico de sabedoria e experiências sutis. Então, para entendermos melhor ou legitimar cientificamente as experiências que cercam essa jovem e muitos outros conhecidos ou não, torna-se pertinente discorrer sobre a fenomenologia do Além-Materialidade; já que fomos observando-a e seguindo o curso da vida juntas. Num verdadeiro movimento sincroníssimo e traçado como uma flecha no tempo. Na verdade, eu imagino até que atualmente a Clarinha vive de bem com a vida, pois chegou à fase adulta superando dificuldades inerentes às pessoas que vivenciavam situações classificadas como paranormais. Resistiu a tudo e a todos, como o preconceito e a discriminação.
Por outro lado, por ser dotada de uma sensibilidade descrita como à flor da pele, e em pleno século XXI, a sua percepção extrassensorial é, de fato, um conhecimento extraordinário. Tem uma nova visão de mundo e da ciência sobre os inexplicáveis poderes da mente humana. Para maiores entendimentos do tema acima descrito sobre as percepções extrassensoriais de Clarinha, conheçam em pleno século XXI a sintonia do Além-Materialidade a partir de Joseph Banks Rhine (1927), pioneiro nas experiências paranormais e, recentemente, Dean Radin (2008), do Institute of Noetic Science (Instituto de ciências Noetic). Este abriu uma nova fase de pesquisas dos fenômenos considerados anômalos e apresenta uma análise científica das experiências psíquicas à luz de conceitos que envolvem o“entrelaçamento”e a “interligação” da teoria quântica e da própria natureza do ser humano. Conseguiu introduzir a Parapsicologia dentro de um movimento científico e pensa nesta mudança como primordial. Como Carl Gustav Jung, a amiga Clarinha fazia inúmeras indagações sobre o seu existir pensante no planeta Terra em tempo de Transpessoalidade, pois quando criança, demonstrava bastante interesse pelos fenômenos misteriosos que se manifestavam ao seu redor e até costumava frequentar algumas sessões espíritas e de umbanda, no espaço da residência de um familiar que é médium. Devido ao seu temperamento extrovertido, a amiga vivia de bem com a vida e, por causa disso, ela conseguia transmitir às suas travessias, sentimentos leves e iluminados, tal qual os reflexos sutis das cores do arco-íris. Para maiores entendimentos sobre as percepções da amiga, observe na íntegra deste texto um dos seus episódios suprarreais, ou seja, um sonho experienciado por ela em 2002 e que por assim dizer marcou significativamente o princípio do período da ‘retrospectiva’ das suas PES (Percepções Extrassensoriais).
Na íntegra deste texto, um sonho arquetípico, cuja figura central contempla de modo sutil a figura de um Mago Oriental, segurando a mão de Clarinha e conduzindo-a no deserto e em direção ao Grande Sol Central. Então, quando indagada sobre as suas subjetividades, Clarinha sempre revela que costuma se perceber na contemporaneidade de modo sutil, fazendo essa mesma trajetória no seu dia a dia e em caráter retroativo; quando criança, adolescente e adulta, todavia, mais evoluída e confiante no que ainda estar por vir. Baseada nas pesquisas sobre o existir de Clarinha e pesquisando as travessias Junguianas, máxima a conclusão a que cheguei que o mestre da Psicologia Analítica foi um humanista, visionário e exímio pesquisador das causas profundas.
Considerado pelos nossos pares e ou nos meios acadêmicos como um dos mais brilhantes pensadores do século XX, pois enquanto empirista, observava em si e na sua clientela em Zurique a sua Realidade Psicofísica, e as Conexões Mente-Matéria no Espaço é tanto que, em determinado momento do seu existir, assim se expressou de modo literário: “cada vida é um desencadeamento psíquico, que não se pode dominar a não ser parcialmente. Por conseguinte, é muito difícil estabelecer um julgamento definitivo sobre si mesmo ou sobre a própria vida... a história de uma vida começa num dado lugar, num ponto qualquer de que se guardou a lembrança e, já, então tudo era extremamente complicado... Tudo o que conheço, mas não penso num dado momento, tudo aquilo de que já tive consciência, mas esqueci tudo o que foi percebido por meus sentidos e meu espírito consciente não registrou, tudo que involuntariamente sem prestar atenção (isto é inconscientemente, sinto, penso, relembro, desejo e faço todo o futuro que se prepara em mim e que só mais tarde se tornará consciente, tudo isso é conteúdo do inconsciente”).
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Texto revisado
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Assistente Social Clínico UFC MS DF,CressBahia 2018. Pós-Graduada e Especializada em Terapias Holísticas e Transpessoais, "A Quarta Força em Psicologia" Ômega Incisa Imam 2009/2011 Pós-Graduada em Teoria da Psicologia Junguiana IJBA Escola Bahiana de Medicina 2015/2017.Formação ThetaHealingBrasil 2018 Casa de Yoga.Escritora Bienal Bahia,2011 E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |