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Convincente x Consistente!

Atualizado dia 04/05/2015 07:53:24 em Psicologia
por Paulo Salvio Antolini


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Ela estava com o coração partido. Havia se separado há pouco tempo. Foram muitos anos de tentativas e de acreditar em uma mudança efetiva de seu companheiro, que sempre que se sentia ameaçado, recuava e iniciava uma nova postura, abandonadas assim que ela abaixava a vigilância. Durante anos, ela se expressou de forma clara e transparente, falava exatamente o que a incomodava, até que chegou a conclusão que ele não iria mudar, ela é quem deveria fazer alguma coisa. Após muito titubear, percebendo a incompatibilidade na forma de verem a vida, decidiu e agiu.
Inicialmente, ele colocava-se revoltado, alegando que ela estava jogando tantos anos de “amor” fora por motivos fúteis. Sempre se referia à separação como culpa dela: ela que não queria mais. Ele afirmava amá-la muito. Em seguida, passou a enviar escritos com autorreconhecimento de sua participação, mas fechava fazendo-a se sentir a culpada, a irascível frente às situações que estavam vivendo.
Ele era tão eloquente que causava nela uma grande sensação de culpa. Nesse ponto, paramos para uma reflexão sobre o tema: convincente x consistente!

Observem como vivemos uma época de declarações convincentes, declarações que nos levam a acreditar no que está a ser afirmado, mas que não correspondem à realidade. Desde discursos políticos até relacionamentos amorosos, o aumento da divergência entre o que se diz e o que se faz são crescentes. Reconhece-se o consistente através de suas ações.
Um amigo sempre me diz: “Diga o tema e se quer que eu defenda ou critique, eu convencerei as pessoas, é uma questão de dialética”. Ser convincente é ter a capacidade de persuadir, fazer o outro mudar de ideia, passar a acreditar. Ser consistente é ser sólido, estável, duradouro.

Uma das coisas mais fáceis de fazer é convencer aqueles que não querem ter o trabalho de refletir, de defender seus argumentos, muitas vezes por dificuldades de se expressar, outros não querem o peso da responsabilidade dado por suas escolhas. Implantar a dúvida, gerar incertezas, são armas para levar o outro a perda do foco. Para o convincente, que prega o ideal, acusa os demais de não quererem aquilo que é tão bom.
Natural que possamos ser enganados em um primeiro ou segundo contato, pois normalmente não se sai desconfiando de tudo e de todos. Mas a reincidência constante é o problema. E pertence a quem reincide, a quem é enganado constantemente, pelas mesmas ou outras pessoas.
Quando não se tem referencial, é preciso criá-los, mas após algumas experiências eles já existem, basta olhá-los. Como as pessoas têm dificuldades de observarem os fatos, de fazerem constatações.

Muitas vezes, há uma impossibilidade de ocorrer o que se quer que ocorra. Não depende apenas de um. Mesmo querendo, se o outro não se disponibiliza, não será possível e se o que se quer é fundamental para si, está instalada a incompatibilidade. Não queiram insistir, pois não vai acontecer e o sofrimento é previsível e inevitável.
Os convincentes mal-intencionados são mestres nas artes das promessas e das chantagens. São especialistas em gerar sentimentos de culpas, pois assim fica muito mais simples e fácil a manipulação. Não se deixar impressionar pelo uso bonito e pomposo das palavras, pois elas podem não ter para quem as diz o mesmo significado que você conhece. As palavras podem ser as mesmas, porém, não as intenções.

Observem: políticos em época de eleição prometem mais segurança, saúde e educação. Elegem-se, depois são reeleitos com o mesmo discurso, mas nada mudou. Isso é apenas um reflexo do que fazemos nas nossas relações mais próximas e onde temos um poder de interromper caso não esteja correspondendo ao esperado.
Olhar para os fatos, os comportamentos, mais do que para as palavras. Os argumentos se reforçam ou se destroem quando comparados aos fatos.

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