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Crise de confiança!

Atualizado dia 09/10/2016 09:01:06 em Psicologia
por Paulo Salvio Antolini


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Quem não as teve? Todos já passaram por ela, em menor ou maior intensidade. Tudo está indo bem e, de repente, aquele abalo emocional. “E se não for nada disso?”. “Será que estou fazendo o certo?”. “Será que essa é a melhor escolha para mim?”. E por aí vai.
A insegurança toma conta. Em algumas situações é tão forte que a pessoa “trava”, literalmente. Fica sem nenhuma ação. Não consegue dar um passo. Os pensamentos ficam confusos e dentro do peito um aperto que parece esmagar. Sufoca, deixa o ar difícil de entrar ou sair. Não se consegue respirar; consequentemente, o que já estava difícil fica ainda pior. Sem respiração adequada não há oxigenação. O cérebro sem oxigênio entra em pane. Como que pára. Fica impossível pensar.

Pânico! Tudo fica escuro e não se consegue ver saída para nada. Altas dosagens medicamentosas e lento processo de recuperação das energias desperdiçadas e das faculdades mentais. Mas há outras formas de reação, onde na ocorrência dessa crise, as pessoas se escondem em processos autoafirmativos, transformam-se em donas da verdade e não se permitem em nenhum momento se questionarem quanto à razão do que estão firmando.
Vale lembrar que a vida é repleta de incertezas e que a grande sabedoria está em saber conviver com elas. Ao contrário do que muitos pensam, conviver com as incertezas não é serem inseguros, sem saberem para onde querem ir. As incertezas existem possibilitando espaços para maiores reflexões sobre os pontos em questão. São elas que trazem condições para o encontro de melhores soluções, melhores saídas, melhores caminhos.
Se a insegurança tem um vínculo com o medo, a incerteza tem com a busca do melhor.
Não é necessário se encontrar no grau máximo da crise de confiança para se estar vivendo os questionamentos que ela normalmente traz. Quando se sabe que esse é um estado cíclico em nossas vidas, ou seja, de tempos em tempos ela surge, então ela deve ser transformada em um momento de reavaliação do que se está fazendo, vivendo.
Normalmente, quando pessoas passam a agir no automático, em qualquer dos setores de suas vidas, mais cedo ou mais tarde serão assoladas por ela. Repentinamente surgirão dúvidas que nem se imaginava existir. São como chamadas para uma retomada de consciência sobre o que se está vivendo.
A vida nos apresenta tantas nuances e muitas vezes até se mostrando antagônicas que o radicalismo da percepção leva-nos ao caos. Interno e externo. Basta ver exemplos de pessoas que se encontravam muito bem e de uma hora para outra toda sua estrutura se encontrou “minada”, sem mais condições de ser suportada e, então, a vida se transformou drasticamente.

Essa crise se apresenta também em relação às escolhas religiosas e são tão mais intensas quanto intensas forem as maneiras como se lançam a um acreditar descabido de reflexão e bom senso. Grandes decepções se estabelecem. Expectativas projetadas fora de si e seus esforços. Promessas feitas por “gurus” do tipo “esteja aqui que seus problemas serão eliminados” conquistam muitos adeptos, mesmo que haja uma rotatividade muito grande.
Há pouco falei com um vendedor que, atravessando dificuldades e achando que todos iriam resolvê-las para ele, acabou de levar um tremendo não. Ele me disse: “Sabe, sai muito mal da reunião, mas percebi que não dá para terceirizar as soluções que pertencem a mim”. Tenho plena convicção que agora sim ele sairá de suas dificuldades, pois ao tomar consciência que é capaz, coisa que enquanto esperava dos outros tinha dúvidas, passará a agir dando direção aos seus esforços, o que inevitavelmente o levará a colher bons resultados.

Ela, com mais de dez anos de formada e atuando na área da saúde, atendia as pessoas e já há bom tempo fazia tudo, e apenas passava as pastas para seu supervisor, que só as carimbava e assinava. Era extremamente capaz. Quando seu supervisor se aposentou e foi avisada que não mais teria um chefe, teve uma intensa crise de confiança. Nunca havia reparado que era ela que fazia tudo e com muito sucesso. Passou a se sentir incapaz. Pediu demissão de seu trabalho.

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