Culpa, erro e pecado!
Atualizado dia 11/04/2016 06:49:17 em Psicologiapor Paulo Salvio Antolini
Culpa é justificável quando atos repreensíveis ou criminosos são praticados conscientemente. A pessoa sabe o que está fazendo, sabe quais as suas consequências e mesmo assim faz. Na linguagem jurídica é chamada de “dolo”, quando há intenção. Erro na grande maioria das vezes é colocado como algo inadmissível e que diminui o indivíduo que o comete. Falar de alguém que erra traz uma conotação de que ele não faz nada certo. Pecado passa que a transgressão (o ato praticado) merece ser punido, castigado. Portanto, é sempre associado à necessidade de punição.
Durante muito tempo e inclusive até hoje são muito explorados, pois compõem um excelente trio para a manipulação. Seja no âmbito religioso, familiar, profissional, são presentes nas relações onde as condições de argumentação e de convencimento quase não existem. Quando digo "quase não existem", não estou dizendo que as pessoas não têm a capacidade para, mas sim que a manipulação torna-se o caminho mais fácil e exige menos de quem precisa argumentar. Convencer o outro exige paciência, argumentação consistente e, mesmo assim, existe a possibilidade de não ser aceito. Pois se esses três conceitos acarretam em peso e bloqueio, não só do desenvolvimento pessoal e profissional, mas deixa as pessoas se sentindo mal e diminuídas em suas comparações com os outros, livrar-se dessas distorções de como vê-los e de como se ver levará a uma nova e mais leve forma de viver. Uma forma mais adulta, madura e feliz.
E como conseguir isso? Eis o grande desafio, a prática do que vem a seguir.
Comecem substituindo culpas por responsabilidades. Entendam que erros significam aprendizagem e que pecado de fato são consequências. Simples assim. O desafio é libertarem-se dos condicionamentos de toda uma vida, sendo acusados, julgados, penalizados, assim como o acusarem-se a si mesmos, julgarem-se e se autopunirem. Tanto se critica a educação dada hoje às crianças e adolescentes e não se verifica que eles, mesmo sendo castigados, continuam a agir indevidamente. Analisem e observarão que os castigos dados não levaram os castigados a responderem pelas consequências de seus atos. É como se a impunidade existisse. Os castigos e penalizações não afetam o feito. Com certeza irão fazer novamente.
Quando adolescente me foi dado um carro para ir à escola. Era compartilhado com meu irmão, que o usava para ir à faculdade. Finais de semana deveriam ser alternados. Certo dia meu irmão e eu discutimos muito porque um não queria trocar com o outro o final de semana. Nosso pai falou apenas uma vez: “Vocês podem se entender, trocar hoje em benefício de um levará o outro a ter a mesma regalia quando for de seu interesse, portanto, saibam decidir, ou decidirei eu”.Continuamos a discutir. Quando ele voltou disse: “Vocês não estão preparados para decidirem, não merecem o que tem”. E completou: “A partir de agora só usarão o carro para irem aos estudos, e ele ficará na garagem nos finais de semana”. E assim foi por mais de um ano. A consequência de nossa intransigência mútua foi sentida por ambos. Depois de algum tempo andando a pé, quando poderia estar com o carro me fez ver que eu tinha feito sido responsável por não poder usá-lo agora. Tenho certeza que meu irmão deve ter pensado a mesma coisa. O que me diz isso. A consequência de nosso radicalismo tornou a ambos mais flexíveis.
Texto revisado
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