Decepção: como usar o “soco no estômago” a seu favor
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Autor Alex Possato
Assunto PsicologiaAtualizado em 1/23/2014 10:05:12 AM
![](https://constelacaosistemica.files.wordpress.com/2014/01/traicao.jpg)
Tem vezes que recebo missões espinhosas. Um amigo perguntou-me se eu já escrevera sobre decepção, e eu disse, na minha inocência: não me lembro, mas posso escrever. E ele completou: recebi um soco no estômago. Lógico que a ideia não me saiu mais da cabeça. Afinal, eu não queria decepcioná-lo.
A primeira coisa que pensei é: preciso entrar em contato com alguma vez em que me senti profundamente decepcionado. Porque uma coisa é escrever intelectualmente sobre um assunto, e outra, é escrever sobre o sentimento, as emoções. E como sofri muitas agressões morais, emocionais e algumas físicas, criei uma desconfiança muito grande do outro ser humano, como um tipo de proteção, o que me impediu de sentir decepção em muitas e muitas vezes. Não acredito em ninguém! Ninguém merece minha confiança! Era assim que eu internalizava, e desta forma, andava pelo mundo sem me ferir profundamente. Mas… também sem conseguir amar profundamente, já que amor exige entrega.
Após olhar para o meu passado, lembrei-me de uma situação, em um grupo que eu julgava amigos, com os quais convivemos alguns anos, fizemos diversas viagens juntos, curtimos bons e maus momentos… e num determinado momento, uma das pessoas deste grupo jogou-me na cara de que não havia nenhuma amizade. Ela se colocou como porta-voz de um grupo familiar grande, que era a base que atraia outras pessoas. Falou um monte, de um jeito rude, porém, verdadeiro, e senti-me extremamente agredido. A mensagem que ouvi é: você não faz parte deste grupo, e não é bem-vindo.
Trabalhando com constelação familiar sistêmica, hoje entendo que uma das causas principais de toda agressividade no mundo é a exclusão. A pessoa que se sente excluída de uma família, de um país, de um grupo, de um relacionamento amoroso, é capaz de agredir, se vingar e até matar. Senti muito ódio desta pessoa, e mesmo hoje, relembrando o fato, posso perceber as entranhas se mexendo e o calor subindo pelo meu corpo. Anos após entendi que ela me detonou um sentimento de não pertencer que eu sempre senti em relação à minha família… Não tinha nada a ver com ela nem com este grupo…
Nada é pessoal
A sensação de agressão só pode existir porque eu acredito piamente que as pessoas me fazem bem ou me fazem mal. Quem é que se sente amado ou jogado no lixo? É o ego! Esta construçãozinha que aprendemos a criar desde que nascemos, e vamos pouco a pouco nos desidentificando da nossa origem divina, acreditando que estamos separados do tudo e de todos. Alimentamos diariamente este nosso “eu que se acha separado”, buscando situações e pessoas que nos deem prazer: um grupo de amigos, uma rodada de cerveja, um jogo, uma transa, um grupo espiritual ou intelectual, uma relação afetiva, a família… e diariamente somos confrontados com a realidade de que nossas expectativas não irão se cumprir.
Perceba bem: não é verdade que só existe decepção porque você apostou altas fichas no prazer que determinada pessoa, grupo ou objetivo lhe causava e… em algum momento isso foi rompido? Imagine você andando 10 quilômetros sob o sol escaldante, e como um bom bebedor de cerveja, chega num bar legal, e pede a melhor cerveja, estupidamente gelada. Ouve aquele som característico da garrafa sendo aberta, vê a fumaça do gelado subindo pela garrafa, abre um bocão, dá um grande gole… E ela está choca! É este o mecanismo da decepção… Podemos ficar com raiva da marca da cerveja. Ou com o dono do bar. Achamos que é contra nós. Mas nada neste mundo ocorre nem a favor, nem contra nós. Esta é a grande lição dos momentos de decepção. Nada é contra nem a favor de nós. O nosso ego, para este universo gigantesco, não tem nenhuma utilidade ou valor. O que achamos do mundo ou das pessoas, não importa um milímetro para a continuidade da história da humanidade.
Integrar as emoções
Depois que levei o soco no estômago desta ex-amiga, comecei a observar as emoções que a situação me trouxe. Era principalmente raiva. Agressividade. E me afastei do grupo. Entendia que uma parte de mim acreditava ter sido ferida propositalmente. Mas olhando através de uma parte mais consciente de mim mesmo, também sabia que tudo o que ocorre na vida é um aprendizado de crescimento. Que só ocorrerá quando eu integro aquilo que ocorreu.
A raiva é maravilhosa. É uma energia que nos impulsiona. Demonstra um inconformismo com determinada situação e nos impele às mudanças. Sou terapeuta, e percebo que as pessoas mais estagnadas são aquelas que negam a sua própria raiva. E sem dó nem piedade, instigo estas pessoas a olharem para sua própria raiva, e ficarem amigas delas. O escritor William Arthur Ward diz: “É sábio direcionar sua raiva para problemas – não para pessoas; focalizar suas energias em respostas – não em desculpas.”
Agradeço muito esta situação que ocorreu quase 25 anos atrás. Eu era uma pessoa estagnada, que queria agradar a todos, por medo de ser ferido. Ou melhor: por já me sentir ferido desde pequeno, queria evitar mais confrontos, mais brigas, mais discórdias, mais abandono. E foi nesta situação dolorosa que tomei consciência de que eu estava jogando o poder da minha felicidade nas mãos de pessoas que nem eram amigos de verdade. Tudo o que foi falado era verdade.
Senti esta ferida reeditada no meu divórcio. Outra mulher. Forte, com a língua ferina. Que disse um monte de coisas sobre minhas atitudes que me ofenderam profundamente. Mas eu já estava mais escolado. Sabia que eu atraía pra minha vida pessoas para me ofender, que lembrasse a maior ofensa que eu havia esquecido nos porões do inconsciente. A raiva que eu sentia da minha mãe, que para o meu ego infantil e ferido, me abandonara. Raiva que foi transferida para minha avó, que me cuidou oito anos. Passou por esta situação e culminou no casamento. Que ruiu. E me decepcionou.
Será que nunca mais serei decepcionado? Não sei. Hoje entendo que Deus dá para a nossa vida todos os remédios que necessitamos para a nossa cura. O meu exercício hoje é não criar mais a expectativa de que pessoas e situações fora de mim possam me trazer felicidade, alegria, segurança, prazer, bem-estar ou seja lá o que eu imaginar. E mesmo assim, me doar nas relações, arriscando-me ao que vier. Torcendo para que venha amor, compreensão e prazer! Não sei exatamente em qual nível me encontro, mas sei que estou mais maduro para enfrentar as emoções que vem e vão. Quem sabe poderei, caso sinta decepções novamente, deixar as sensações passarem com a mesma velocidade como elas chegam? Com a consciência, não tenho mais desculpas. Tenho a opção de ficar comendo a comida já mastigada. Ou respirar, sentir o mal estar interno, e usar essas emoções para minhas metas e meu foco na vida. Afinal, como ouvi em algum lugar, a vida é como cana: só dá açúcar após passar por grandes apertos!
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Terapeuta sistêmico e trainer de cursos de formação em constelação familiar sistêmica E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |