Desacelerar para arrumar!
Atualizado dia 8/28/2017 11:22:20 AM em Psicologiapor Paulo Salvio Antolini
Eis o relato de uma pessoa: "Certa noite cheguei em casa e me deparei com o carro do vizinho fechando minha garagem. Como chovia muito, buzinei várias vezes até ele sair. A partir de então só discussões. Ele se sentiu ofendido por eu não ter tocado a campainha". Ficou claro que chegar ou sair de casa passou a ser um momento de tensão, pois quando se encontravam o vizinho fazia comentários ríspidos. Às vezes um mal entendido gera um mal-estar que, se não interrompido, terá continuidade desnecessária. A pessoa conseguiu interromper esse ciclo, não mais respondendo às provocações, apenas dizia um “bom dia” ou “boa noite”. Disse que sua maior dificuldade foi não revidar, pois exigiu grande autocontrole, principalmente, desprender-se do orgulho.
O desacelerar foi interromper o “combustível” que eram as respostas dadas às provocações, mesmo o outro continuando. Veio a fase de só o vizinho, depois o dele não falar e também não responder os cumprimentos e, atualmente, até trocam algumas frases cordiais.
Eis outro caso. Gerente de uma próspera indústria, era sempre criticado por seu diretor imediato que desejava sua função para alguém de seu círculo de amizades, apenas não podia ser direto na substituição porque o diretor geral da unidade sabia da competência do atual gerente.
Esse gerente foi percebendo que a situação não iria mudar. Inconformado, inicialmente, procurou a terapia visando descobrir uma forma de lidar com a situação. Foi quando descobriu que se quisesse uma mudança, ela teria que ser sua. Inicialmente, com tristeza, mas na sequência se animando, pois descobriu que o mercado de trabalho existia, passou a buscar uma nova colocação. De imediato, cortou todos os gastos menos necessários, não trocou o carro como era seu plano, adiou a viagem à Disney e foi então chamado para outra empresa. O salário era inferior ao que ganhava, no entanto, havia condições de crescimento. Aceitou e então pediu demissão de onde estava. O desacelerar nesse caso foi o adiar planos que exigiriam sua permanência no emprego em que estava, pois teria que arcar com os gastos. Ao fazê-lo pode alterar o rumo dos acontecimentos, não ficando à mercê da vida.
Quantas vezes as pessoas ao enfrentarem situações que lhes são aversivas permanecem nelas, achando que essas situações é que têm de mudar. Não observam os fatos de que não há nada que possam fazer para desencadear essas mudanças e, mesmo assim, continuam insistindo, reclamando, sendo infelizes e não fazem uma pausa para perceberem que, se querem mudanças, depende apenas de cada uma.
Não é possível ocorrer mudanças externas sem que antes tenha ocorrido mudanças internas. Identificou situações que desagradam, que incomodam, que não constroem e que não podem ser deixadas abruptamente, então use o “desacelerar para arrumar”! É uma transformação gradual, porém, eficaz. Também exige o desprendimento do imediatismo.
Nas coisas mais simples isso pode ser aplicado. Uma gerente estava sendo cobrada constantemente por não ter ainda revisado todas as pastas de documentos de um arquivo. Segundo ela, eram mais de quinhentas pastas e precisaria de mais de um mês seguido para fazê-lo. Sugeri a ela que estipulasse olhar um número de pastas por dia. Em menos de três meses, ela já tinha revisado mais de trezentas pastas. “Quando você me falou para estipular um pouco por dia, eu desacelerei, pois não seria nunca possível ficar afastada de minhas funções por prazo tão longo”.
Para tudo que queremos podemos nos preparar. A criança vai à escola para que um dia esteja apta a fazer uma cirurgia cerebral ou dirigir um foguete. Desacelerar significa fazer o que precisa ser feito sem querer que aconteça com um simples estalar de dedos.
E lembre-se: A vida só muda se você mudar!
Texto Revisado
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