Despertar
Atualizado dia 6/9/2014 1:21:13 PM em Psicologiapor Paulo Tavares de Souza
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente". (Fernando Pessoa)
Pois é meus amigos, genial esse Fernando Pessoa, pois é exatamente isso que fazemos: criamos através de ilusões e fingimentos toda a nossa realidade. Montamos uma psicosfera que vai aos poucos se manifestando, justamente para nos acomodar de forma confortável em uma mundo de total ilusão. Criamos máscaras para nos relacionarmos com o mundo e essas máscaras acabam se ajustando perfeitamente ao nosso ser, ao ponto de perdemos completamente a noção de quem realmente somos.
No fundo, somos todos esquizofrênicos.
Isso ocorre através da ação do pensamento. Como é forte o poder do pensamento, principalmente quando ele está abastecido de combustíveis emocionais e afetivos. Como seria bom se pudéssemos nos livrar de toda essa construção desajustada do nosso ser e viver na plenitude da consciência.
Poucos no mundo entendem o que Jesus quis dizer com essas palavras: "Quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la".
A vida citada pelo mestre é justamente essa que conhecemos, a vida fictícia que vivemos, uma vida de mentirinha, uma máscara que usamos e que se confunde com a nossa própria essência.
Toda a nossa realidade foi criada a partir de escolhas e crenças que fomos adotando, valores que fomos positivando em nosso programa mental-emocional, justamente, por nos trazerem segurança.
Estamos vivendo um momento de despertar, precisamos assumir responsabilidades, parar com essa criancice, com esse vitimismo, é tempo de travessia, de mudança e de uma transformação profunda desta nossa condição estática.
Rousseau estava errado, não devemos culpar a sociedade, não é ela que nos corrompe, o exterior apenas abre as portas do nosso interior, tudo que nos incomoda já estava escondido nas gavetas de nossas almas; os eventos apenas ajudam a trazermos todo esse lixo pra fora.
Vivemos dentro de uma constelação absurda de problemas que nós mesmos criamos e quando não conseguimos nos desvencilhar deles, nos fazemos de vítimas; procuramos culpados, nos revoltamos e mergulhamos nas sombras mais profundas da própria ignorância. Exatamente onde há choro e ranger de dentes.
A dor que sentimos é apenas o resultado de nossas escolhas, pois foram essas escolhas que criaram esse programa. Entretanto, assim como programamos nossas mazelas, também podemos nos reprogramar com novos pensamentos, novas crenças e principalmente com novas atitudes.
"Vamos, não chores.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu". (Drummond)
Realmente, a vida nunca estará perdida, posto que somos eternos, mas as construções transitórias e impermanentes da consciência precisam se render aos mecanismos da evolução, precisam ser destruídas como tudo aquilo que nos ancora nessa ficção.
"Dorme meu filho".
Texto revisado
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