Disciplina
Atualizado dia 7/23/2012 8:28:05 PM em Psicologiapor Paulo Salvio Antolini
Muitas são as razões que estão levando as famílias cada vez mais a se distanciarem da dedicação atenta à educação e orientação de seus filhos, atribuindo então a missão de educar às escolas, que na verdade e originalmente têm a função de ensinar. Falta de tempo, excesso de trabalho, preocupações com a sobrevivência da própria família, enfim, motivos não faltam, porém nenhum deles justifica esse distanciamento, pois ninguém substitui os pais com a competência que esse vínculo estabelece. Aí ouvimos dos pais a famosa frase: "minha mãe (ou sogra) estraga a educação de meus filhos". Vamos pesquisar e descobrimos que as crianças ficam o dia todo, todos os dias, com ela. Conversamos com referida avó e obtemos a afirmação de que não pode agir com muita severidade porque, coitadinhos, já estão privados da companhia dos pais, como fica se não puderem fazer nada? E assim por diante. São poucas as que dizem: "Se ficarem comigo, receberão o tratamento que eu dava aos meus filhos", assumindo até o risco de ser mal vista pelo filho, filha, nora, genro, mas estabelecendo realmente limites e normas a serem cumpridas, condição básica para que as crianças aprendam a ter referências para o que querem e o que fazem.
Conversando com um ex-policial rodoviário e atual bombeiro, ele fez um comentário sobre o que se comete de infrações no trânsito, seja nas cidades ou nas estradas e o desrespeito do infrator quanto à figura da autoridade, e ligou esse fato imediatamente à situação de desrespeito que as crianças, ainda pequenas, têm com seus professores. Completou: "...e no caso de escolas particulares ainda é pior, pois os educadores têm receio de perder o aluno se forem mais enérgicos". A falta de transmissão de disciplina impede a pessoa de estabelecer o que pode e o que não pode fazer, o que deve e o que não deve fazer, de exercitar o como se faz para se alterar algo estabelecido, sem ferir ou desrespeitar pessoas e sem infringir regras ainda em vigor.
Essa dificuldade está aumentando cada vez mais a confusão que se faz com o ser enérgico, algo positivo e necessário, com o ser agressivo, manifestação explosiva de quem não agiu quando devia e agora quer, num só ato, resolver tudo.
A falta dessa característica faz total diferença na vida das pessoas quando elas atingem a fase adulta. Sem disciplina, não se exerce a força de vontade, não se cultiva a determinação, condições fundamentais para o crescimento e conquista de objetivos que se estabelecem. Um exemplo muito comum: A pessoa quer emagrecer dez quilos, vive tentando e dizendo, "eu não consigo, quando vejo já comi". Isso é falta de disciplina, ou seja, não cumpriu aquilo que ela mesma se determinou. Alguns poderão alegar que as forças interiores foram mais forte e então, se aceitarmos esse argumento, estaremos concordando que o Homem não possui o domínio de si mesmo, que está a mercê de "forças outras". Além de falar do cumprimento de normas e seguimento de parâmetros estabelecidos, o dicionário trás também essa definição: "Sujeição das atividades instintivas às refletidas". Significa nossa capacidade de dominarmos nossos instintos e agirmos pela nossa consciência.
Pode não ser agradável admitirmos isso, mas se dizemos "eu não consigo isso", estamos afirmando "eu não tenho a disciplina necessária". Sem ela, como já disse, a força de vontade, a determinação, não encontram base para se manifestar. "Querer é Poder". Isso é fato. Observem que quando conquistamos o que queremos, tivemos como ingrediente principal de nossa conduta a disciplina, a força de vontade, a determinação. Pessoas que não conseguem concluir o que iniciam, exercitem a disciplina.
Muitas pessoas não teriam problemas emocionais ou psicológicos se tivessem tido disciplina em sua formação. Esses problemas surgiram quando começaram a "ir para a vida" e nela as coisas não aconteceram como antes lhes eram permitidas. É necessário reavaliarmos nossos valores.
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