DROGAS E ADOLESCÊNCIA
Atualizado dia 23/07/2009 09:15:26 em Psicologiapor Vana Comissoli
ADOLESCÊNCIA E ADICÇÃO
Baseado em informações do livro DROGAS. Sem
Dra. Analice Gigliotti, Psic. Elizabeth Carneiro e Gisele Aleuia
Adolescer significa adquirir autonomia, aprender a administrar a própria vida. É fundamental para a formação de um sentimento de competência e confiança que, por sua vez, é essencial para uma boa auto estima. Sem auto estima nos tornamos reféns de manipulação e autoritarismo.
Na adolescência sentimos necessidade de viver, experimentar coisas diferentes, sentir o mundo à nossa maneira e divergimos muitas vezes do que foi nos transmitido. Os pais, de uma hora para outra, não sabem mais nada. Acreditamos que encontraremos sozinhos todas as respostas.
Novas experiências, correr riscos antes não vividos - coisas típicas de qualquer adolescência - implica no risco do uso de drogas.
O uso sistemático de drogas, lícitas ou ilícitas, progressão da dependência, leva a um corte no desenvolvimento da maturidade. O adolescente apresentará uma personalidade imatura, dependência de fatores externos, vulnerabilidade. Os relacionamentos que consegue estabelecer são quase todos baseados no consumo de drogas.
Demonstra dificuldade de desenvolver outras formas de divertimento e de descontração. A vida passa a girar em torno da droga.
A droga escraviza o dependente e este escraviza a família.
Os pais muitas vezes se sentem perdidos e incapacitados de lidar com aquela pessoa que conheciam tão bem e que agora se mostra tão diferente. A impotência é o sentimento predominante, seguido pelo desespero.
A adolescência traz a necessidade de mudanças no cuidado que a família oferece. Não se pode tratar um adolescente como se trata uma criança, mas não se pode tratá-lo como adulto. Ele vive exatamente essa fase de transição - não é uma coisa nem outra.
Ao mesmo tempo em que esse processo traz sentimentos de euforia, pode trazer grandes conflitos. É na incapacidade de resolver os conflitos, na perturbação ou disfunção da família que a fuga acontece.
Os adolescentes já sabem fazer determinadas coisas, mas não sabem outras e têm a tendência de acharem que sabem mais do que na verdade sabem ou sequer vivenciaram. Meninos de 15, 16 anos, se julgam com condições de 20, 21 anos (relato de dependente de maconha desde os 14 anos).
Se algumas coisas não eram claras para os donos da casa, na adolescência isso será posto em xeque. O adolescente questionará tudo, principalmente o que for ambíguo ou inconsistente. Pode ser um momento muito rico para a família, traz a possibilidade de reciclagem. Atualização.
Os questionamentos podem ser extremamente enriquecedores se bem trabalhados.
Os conflitos não enfrentados, analisados e resolvidos podem levar ao uso e abuso de drogas.
O adolescente que se sente amarrado ou culpado por querer respirar outros ares que não os de sua família tende ao uso de drogas como uma tentativa - torta - de separação e de individuação. Ao usar drogas e freqüentar um grupo completamente distinto do seu, é como se estivesse dizendo: "Sou diferente".
Apesar de demonstrarem clara oposição aos pais, os adolescentes precisam de sua família. Quando se sentem inseguros, frustrados e cansados, precisam ter para onde voltar e pessoas em quem confiar.
Fatores que contribuem para o uso de drogas por adolescentes:
- Uso precoce do álcool;
- Desempenho escolar insatisfatório;
- Antecedentes de eventos estressantes ou traumatizantes;
- Relacionamento ruim com os pais;
- Baixa auto-estima;
- Ausência de normas e regras claras;
- Tolerância do meio às infrações;
- Necessidade de novas experiências e emoções;
- Baixo senso de responsabilidade;
- Não conseguir alcançar as metas estabelecidas pelos pais (explícitas e, pior, implícitas);
- Pouca religiosidade.
O álcool e as drogas têm o poder de aumentar ou despertar um comportamento agressivo. Aos poucos o descontrole emocional passa a preponderar e a pessoa perde o senso crítico de perceber seu comportamento distorcido. O que ela tenta desesperadamente é manter o uso da substância que a escraviza. Perde a capacidade de questionar. Cria a ilusão de que conhece tudo e já é capaz de administrar a vida sozinho.
Libertar-se de uma droga não é uma questão de força ou de competência. É uma questão de "saber como" e estar adequadamente aparelhado. Isso inclui psicoterapias e muitas vezes auxílio de tratamento farmacológico. Grupos de auto-ajuda são excelente amparo e identificação sem juízo que leva à recuperação.
É comum a adicção ser acompanhada de comoborbidades que precisam ser tratadas junto com a dependência.
De longe, a droga que mais associa crises psicóticas é a maconha. Essas psicoses podem ser reversíveis com a suspensão da droga. Mas algumas podem levar meses, ou anos, podem desencadear esquizofrenia em que o indivíduo sofre de redução do pragmatismo e embotamento do afeto.
Este artigo, embora use linguagem coloquial e acessível é baseado no estudo de três profissionais especializadas em adicção. Têm elas muita vivência e pesquisa de evidências científicas. Nada do que partilham é "achômetro". É aquilo que a comunidade científica mundial acredita e comprova.
A redatora tem amplo exercício de voluntariado dentro de clínica para recuperação de dependência química.
Se você já se deu conta que sua vida está complicada ou estacionada pelo uso de drogas, procure ajuda antes que ela coma você.
Se tem dúvidas sobre o grau de seu uso, procure ajuda.
Se faz uso e nega sua dependência, procure ajuda.
Não espere ficar difícil demais.
Texto revisado por Cris
Conteúdo desenvolvido por: Vana Comissoli Visite o Site do autor e leia mais artigos.. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |