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É importante se amar, mas não a ponto de amar somente sua própria imagem

Atualizado dia 7/17/2023 12:21:45 AM em Psicologia
por Raphael Mello


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Hoje fala-se muito sobre amar a si mesmo acima de tudo e todos. Modernidades e discursos neoliberais quânticos e metafísicos, como forma de vender mais livros de “autoconhecimento”, fórmulas para felicidade e dicas de como “atrair” um parceiro ou parceira perfeitos. Todo cuidado é pouco quando se fala nessas fórmulas prontas e nesse excesso de autoamor.

 O amor próprio é sinônimo de autocuidado, quando temos respeito e carinho por quem realmente somos, com as nossas qualidades e defeitos, e aprendemos a acolher a totalidade da nossa personalidade com tudo aquilo que a compõe, o amor-próprio será desenvolvido naturalmente. Porém, é importante pensarmos que a forma como esse amor próprio é vendido hoje em dia é a receita pronta para o esvaziamento das nossas relações. “Ame-se acima de tudo e todos”. “Nada é mais importante do que você”. É importante se amar, mas dessa forma narciso morreu.

 A relação com os pais é o vínculo primordial da vida da criança, sendo que, para que ela aprenda a se amar, é necessário que ela tenha se sentido amada pelos pais ou cuidadores. Se essa relação falhou no passado, na fase adulta, o indivíduo sentirá dificuldade para amar a si mesmo.
Nos relacionamentos ou na ausência deles, tudo que observamos são falas e comportamentos que seguem a mesma linha de raciocínio: seja completo primeiro com você mesmo, ame-se, não fique dependendo de outras pessoas para ser feliz consigo mesmo - depois que seguir todos esses passos, busque uma relação. E assim, vamos nos afundando cada vez mais no suposto autoaamor recheado de barreiras e escudos contra o outro.

 Como afirmou Esther Perel, “a gente não aprende simplesmente a se a amar por conta própria. Para amar o outro, precisamos nos amar; e para conseguir se amar, é preciso se permitir ser amado pelo outro”.

 Mas parece que atualmente temos muito mais discursos neoliberais, quânticos e metafísicos que fortalecem e aprisionam o Ego, esvaziam as relações e nos colocam numa espécie de campo de batalha, do que na possibilidade de construção de vínculos.

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Conteúdo desenvolvido por: Raphael Mello   
Olá, sou Raphael Mello, Sócio do Espaço Cântaros, Psicólogo & Psicanalista. Pós Graduado em Psicanálise Clínica e também em Saúde Mental, Psicopatologia e Atenção Psicossocial, além de Colunista de sites para autoconhecimento. Atuo em clínica desde 2015 e trabalho a partir do inconsciente e suas singularidades.
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