Entre ser e fazer!
Atualizado dia 10/16/2011 1:13:10 PM em Psicologiapor Carmem Farage
Penso na vida que nos remete aos extremos em um mesmo instante: como posso ser simples sem deixar de ser prudente?
Acordei querendo ser um passarinho, voar pela janela e ir embora, sem rumo, sem destino, sem pensar. Apenas um passarinho, pra não ter outra coisa a fazer senão bater asas enquanto respiro e talvez, cantar!
Hoje não quero frases, nenhuma explicação, nada de complicação.
Então, sinto como é difícil. O real me faz escovar os dentes defronte o espelho e a mente traz os afazeres à tona, diante do meu reflexo.
Penso na frase de Goethe: "Tudo é mais simples do que podemos imaginar e, ao mesmo tempo, mais intrincado do que poderíamos conceber.
Como ser simples sem ser tolo? Como ter um espírito simples sem ser simples de espírito? Sem deixar de realizar a realidade?
Penso na preguiça que tenho diante de alguns filósofos contemporâneos que escolhem palavras complicadas que contornam tudo pra esconder o que não sabem explicar. Sentencio diante dos dentes espumados que não sabemos mesmo explicar um tanto de coisas deste mundo. O que pensar diante de supostas canalizações espirituais, tão complicadas e obscuras (pra não dizer enfadonhas e prolixas), que recolho de sites da internet? Penso: As verdades são simples e ingênuas (como disse Montaigne).
Acredito que a inteligência é a arte de reduzir o mais complexo ao mais simples. Há coisa mais simples do que E=mc²?
Não quero acreditar em pessoas, encarnadas ou não, que sejam obscuras. Uma água pouco profunda só pode iludir se for turva... seus argumentos seriam mais convincentes se fossem mais claros... Ah! a eterna escolástica...
Estou cansada de sofismos! Mesmo se trazem a marca de verdades. Sinceridade não é simplicidade, que está na espontaneidade, na liberdade, na leveza de ser o que se é!
Sinceridade sem simplicidade é exibicionismo. Assim como sem simplicidade, qualquer virtude se perverte, esvazia-se de si mesma.
E...acrescente-se simplicidade aos defeitos e imediatamente os suportaremos: é a graça dos santos e o encanto dos pecadores.
Chego ao evangelho: "observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem recolhem em celeiros, e vosso Pai celeste as sustenta!... Considerai como crescem os lírios dos campos: eles não trabalham nem fiam..."
Então, volto à prudência que me lembra que não posso viver assim.
Virtude intelectual contra virtude espiritual.
Quem não vê que a prudência é mais necessária e a simplicidade, mais elevada?
Enquanto bochecho a água que limpa a pasta dos destes, concluo na sabedoria do poeta: "Vamos aqui e ali, à procura de uma alegria por toda parte em migalhas, e o saltitar do pardal é nossa única possibilidade de saborear Deus espalhado no chão"...
E numa cuspida final, termino o escovar dos dentes com um "basta a cada dia o seu próprio penar..."
Texto revisado
Avaliação: 5 | Votos: 9
Fundadora do Instituto Lumni, criadora da Terapia Lumni - uma terapia quântica que une ciência e espiritualidade sob a mentoria de Teillhard de Chardin. Psicóloga, Psicanalista, especialista em Regressão de memória, apometria Clínica, Mestra de Reiki Usui Tibetano, especialista em Medicina Chinesa. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |