Espaços vazios!
Atualizado dia 7/16/2018 10:11:45 AM em Psicologiapor Paulo Salvio Antolini
Quando isso quase ocorreu, ela percebeu que não poderia continuar, pois se o fizesse não sabe onde poderiam chegar. Aos seus questionamentos, as respostas afastavam sentimentos após o terceiro ou quarto ano de casamento. Apenas o rápido período de namoro e noivado foi bom. Tão bom que decidiram se casar rapidamente.
Percebeu que havia se acostumado com o tipo de relacionamento que mantinham e também com a forma de vida que havia estabelecido para si mesma.
O porquê do vazio? Qualquer que seja a perda, desde por morte ou afastamento por separação, término de período de trabalho, ou qualquer outro tipo de convivência, ocorre a “desocupação”. Havia ali algo ou alguém que agora não está mais. É como se tirássemos um móvel da sala. Mesmo ficando mais ampla e mais adequada, melhor arrumada, no início identificamos a ausência e ela gera esse sentimento.
Muitos casais após a separação vivem sofrimentos por não identificarem a existência desse espaço interno, que a partir de então, deverá ser preenchido de outras formas. Alguns buscam novos amores, outros canalizam para outras atividades, seja de lazer, trabalho, cultura, ou até para si mesmos.
É algo tão forte que é comum a pessoa se perguntar se tomou a decisão correta, se não foi precipitada, pois agora está sentindo muito a falta “da pessoa”. E é aqui que está, na maioria das vezes o engano. O espaço vazio que se abriu não é pelo afastamento de ente amado, mas pela mudança do contexto que vivia quando juntas. A falta dos almoços de final de semana com toda a família, mesmo a da outra pessoa. A falta até dos momentos que em silêncio ficava a “remoer” os ressentimentos causados pelo outro (a).
Sempre que há um término, há simultaneamente um começo. E muitos demoram em perceber isso. Muitos relutam em separar-se por não se dispor a enfrentar um recomeço. Preferem inconscientemente continuar a sofrer do que buscarem novas formas de viver melhor.
Importante saber que nos primeiros momentos realmente não surgirá nada para preencher este vazio. Compreender que é necessário um tempo para se saber o que se quer daqui para frente. Saber que não sabe o que quer, mas que sabe o que não quer mais.
Não ter pressa para preenchê-los é a grande sabedoria. Assim como não se recriminar pelas decisões tomadas.
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