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Exame de consciência

Atualizado dia 05/11/2012 08:07:03 em Psicologia
por Paulo Salvio Antolini


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Surpreendi-me dia desses, ao andar pela cidade, ao ver um colega de colégio. Tivemos pouca ligação naquela época e o tempo já nem me permitia mais lembrá-lo. Dei a volta e parei para cumprimentá-lo. Ele ficou muito contente com a minha iniciativa. Na faixa dos cinqüenta anos, estava "alquebrado". No pouco tempo em que conversamos, só ouvi reclamações e contos de "doenças" físicas que o afligiam. A surpresa foi muito negativa. A pessoa estava "velha", "acabada".
Sua vida foi uma rotina inglória, sem objetivos maiores e sem perspectivas desde o fim do colégio, disse estar na mesma atividade que já exercia quando estudava e me contou que nunca pensou em fazer algo diferente, mesmo no que já dominava.
Lembrei-me que, naquela época, ele já era um "reclamão", pois mesmo gozando de boa condição de vida, tudo era ruim ou pouco interessante. Após o término dos estudos, casou-se e teve dois filhos. Logo veio a separação e nunca mais teve alguém duradouro. Despedi-me desejando a ele tudo de bom, ao que ele me respondeu: "Do jeito que a vida quiser, né?"

Estava já em casa quando me lembrei de uma outra pessoa, que havia estado comigo há pouco tempo e me contado sua vida. Ela estava casada, tinha uma atividade comum, rotineira, mas com a qual dizia sentir-se feliz a cada dia que passava. Seus olhos tinham luz quando me contou da alegria diária de chegar em casa por volta de dezessete e trinta horas e sentar-se com a esposa, conversando sobre amenidades ou brincando com o neto, quando este estava em sua companhia. Esta pessoa teve que abandonar os estudos por motivos financeiros, seu trabalho na época não lhe permitia estudar.

Duas pessoas, na mesma faixa de idade. A que teve oportunidades, não as aproveitou. A que foi penalizada pela própria situação, desenvolveu-se dentro dos limites que lhe foram impostos e está feliz. Após esta comparação, comecei a refletir sobre o quanto as pessoas deixam de analisar a própria vida, sendo levadas pela falta de direcionamento, ficando então à mercê dos acontecimentos.
Menciono estes dois exemplos para entrarmos no tema propriamente dito: Exame de consciência. Dei esse título por lembrar-me das primeiras orientações que recebi nesse sentido, quando fazia o catecismo: "Ao ir se deitar, ore e pense em tudo que você fez durante o dia. Veja o que foi bom e o que não está certo. Peça perdão a Deus e se proponha melhorar para o dia seguinte".

Você tem o hábito de refletir diariamente sobre o que fez, faz ou está por fazer? Reflete sobre como está posicionado com relação a si mesmo, às pessoas e ao que obteve de resultados com o que fez? Se a resposta for sim, meus parabéns! Mas se for "só de vez em quando", inicie hoje mesmo uma mudança de postura. Passe a refletir diariamente sobre o que tem feito.
Escutei há muito tempo atrás que, se a cada seis meses não houver algo novo para se incluir em seu currículo profissional, você esta se defasando. A partir daí, em minhas reflexões, passei a olhar o que tenho aprendido, dia-a-dia, período-a-período. Quando a resposta não me satisfaz, ou seja, não fiz ou aprendi nada de novo ou que tenha me acrescentado positivamente, sinto-me muito incomodado e revejo meus objetivos. Avalio minhas expectativas com relação à vida.

Todas as pessoas que têm esse hábito demonstram satisfação e realização de vida (as dificuldades existem sim, mas não são empecilhos ou motivos para o abandono dos próprios objetivos), apresentam uma constante evolução pessoal e também profissional.
Refletir, analisar, rever atitudes e comportamentos, buscar entender os que nos cercam, rever pontos de vista, tudo isso nos permite ter uma amplitude maior do que estamos vivendo e das boas possibilidades existentes. É como nos olharmos detidamente num espelho e ver o que nos permite enxergar cada ponto novo que surge em nosso rosto.
Praticar o "exame de consciência" é clarificar nosso foco e não deixá-los dispersar. Experimentem!

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