Fanatismo!
Atualizado dia 03/07/2016 09:40:24 em Psicologiapor Paulo Salvio Antolini
Dia desses ao ligar o rádio escutei uma parte de entrevista onde as pessoas comentavam os malefícios dos vícios. Referiam-se a todos, porém, mais especificamente, sobre a bebida e o cigarro.
Mostraram grande conhecimento das consequências que os fumantes e os apreciadores do álcool sofrem. Na apresentação eles foram despertando o interesse na reflexão daqueles que os ouviam. Achei muito interessante e permaneci na estação, pois o programa estava sendo de grande utilidade ao trazer as informações pertinentes ao assunto abordado. Repentinamente os apresentadores incluíram suas interpretações pessoas, carregando nos comentários sobre a saúde física, mental e mesmo religioso dos simpatizantes do fumo e do álcool.
Ao terminarem o programa eu estava sentindo uma aversão às suas palavras. Tal percepção me levou a refletir no porque dessa aversão e identifiquei a tentativa de quererem manipular através das ameaças veladas dos apresentadores para o deixarem seus vícios.
Não era mais um fornecer informações e esclarecimentos para que as pessoas pudessem refletir e tomarem então suas decisões. Era o estarem em um púlpito pregando “o castigo divino” para aqueles que não seguissem os caminhos que estavam pregando. Eis que se transformaram nos donos da verdade. Tal discurso, com tanto empenho em suas frases lembra o ditado “não vá com muita sede ao pote, pois pode quebrá-lo”. Pois é. A tentativa de despertar a consciência do outro colocando tanta ênfase nas consequências negativas obtém exatamente o efeito contrário do que se pretende: reflexão e mudança de comportamento. Ao escutar tal “discurso sermão”, as pessoas se fecham para isso. A empolgação de quem conhece o assunto e quer, mais que transmitir, convencer, gera o efeito contrário. Quantas pessoas dizem “eu já cansei de falar, mas ele (a) não me escuta” não estão considerando que mais que dar condições das pessoas refletirem sobre o mal que estão fazendo a si mesmos e aos que os cercam, faz com que se sintam agredidos, fiquem irritados e muitas vezes mantém o comportamento apenas como “birra” por conta do que escutaram.
É lógico que eles querem o bem das pessoas, mas precisam saber que a imposição afasta, fecha os canais de comunicação. É necessário terem a consciência de que toda “semente leva um tempo para germinar.”. Não se obtém resultados imediatos, gostem ou não disso. A não ocorrência de resultados imediatos levam essas pessoas a cobrarem cada vez mais, ficarem irritadas com o outro, ´passam à agressão e a intransigência. Começam a faze ameaças, que na grande maioria das vezes são infundadas e não se concretizarão, perdendo então o respeito do outro. “Adesão cega à uma doutrina ou sistema”. O cultivar uma ideia fixa sem mais levar em conta o outro lado. Não basta um querer, é necessário que o outro lado receba o que se quer e reflita sobre isso. Somente aos poucos uma pessoa vai se dando conta das consequências de seus atos. O “eu te avisei” não ajuda, ao contrario, atrapalha.
Quando se conversa a respeito de um comportamento, os pensamentos viajam em todas as direções, até que chegam à compreensão de que cada ato tem uma consequência. Na teoria é simples dizer “se fuma, terá problemas respiratórios no futuro”. Na prática, isso só será aprendido quando algo realmente tocar significativamente o fumante. Não precisa ser uma doença, mas algo que o sensibilize.
Em meu caso fui perceber que carregar meu filho até sua cama era um grande esforço e eu perdia a respiração. Precisava sentar para recuperar o fôlego. Após isso demorei mais de cinco anos para conseguir deixar o cigarro. Isso foi em 11 de dezembro de 1993. Foram cinco anos tentando até conseguir. Por felicidade ninguém ficou me recriminando quando de meus insucessos.
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