Frágil inimigo
Atualizado dia 25/02/2021 22:27:39 em Psicologiapor Lisandro
Tudo começou quando passei a evitar uma pessoa que tinha atitudes arrogantes, de ignorância. Coisas de espírito pobre, que precisa crescer. Não que eu seja perfeito. Erro muito. Também não tenho preconceito. Talvez esteja equivocado, mas é assim que vejo esta pessoa. Geralmente sou muito tolerante com este tipo de coisa. Mas ocorre que esta tolerância já durava cerca de 20 anos. O problema surgia, eu incorria no mesmo erro - ou de bater de frente ou de tentar atitudes indiretas para tentar resolvê-lo. E no final eu saía sempre como o "culpado" por ter tentado enfrentar a pessoa. Acabava pedindo desculpas ao inimigo por minha atitude. O que era engraçado, porque era a pessoa quem fazia "tudo errado", quem tinha gestos ofensivos. Seria mais ou menos como aqueles vilões de filme, que ninguém consegue provar que é realmente um vilão. E quem tentava provar isso sempre acabava se dando mal. Enfim, coisas foram ditas e precisaram ser resolvidas pessoalmente. Encerrado o episódio, eu aprendi lições super importantes:
1) Se você tem um inimigo, siga o conselho de Jô Soares. "Não significa que você é falso, quando você é legal com alguém que você não gosta. Significa que você é maduro o suficiente pra ser educado. Na verdade, "falso" é quando você mente. Você não gosta da pessoa e diz "te adoro, amigo": isso é falsidade. Educação não, educação é uma dádiva que certamente te dá dignidade diante de qualquer desafeto". A lição disso é que, por mais que você tenha um inimigo, não há necessidade em dizer todas as coisas que você sente por ele - sei que não posso generalizar, pois dependendo do caso e da gravidade da situação. Mas no meu caso, se a pessoa for simplesmente aquela criadora de confusão, que vive lhe cutucando, espezinhando, deixe que o vento passe por trás de sua cabeça, como disse Dalai Lama. Porque se você lançar as primeiras palavras, terá que enfrentar as consequências do que disse. E aprendi que somente no caso de uma atitude muito grave de seu inimigo é que você deve pagar o preço para enfrentar tal situação. As palavras do seu rival só te causarão dano se você aceitá-las. Se você sabe que você não é o que ele diz, o que você sabe que é para você mesmo deve bastar;
2) Como minha defesa foi baseada naquilo que eu julgava justo, eu "ganhei" a discussão. Meu inimigo ficou "desarmado", sem reação, acabou recuando. E naquele momento fui inundado por uma sensação de absoluta compaixão pela pessoa. Eu senti pena. Porque nessa hora rompeu-se um véu e consegui ver como era frágil meu oponente. Como essa pessoa se mostrava forte através da arrogância e da dureza das palavras. Tudo isso para, na verdade, esconder sua fragilidade. Pediu-me desculpas, coisa que jamais imaginei que fosse acontecer.
3) Eu compreendi e aprendi que algumas palavras não devem ser ditas. Exceto em circunstâncias muito, mas muito graves mesmo. Relevar, não se deixar abalar, ignorar, é o melhor a fazer. Mesmo que tenha que fazer isso por 10, 20 ou 30 anos. Desde que não haja nenhuma agressão física (embora as palavras possam ferir mais profundamente), o melhor a fazer é ignorar;
4) Você comete sempre os mesmos erros. Mas a vida dá um jeito nisso e traz de volta o problema, até você aprender a lidar com aquilo. Existem situações que vem para lhe ensinar uma lição definitiva, de uma vez por todas. E mesmo que você tenha sofrido em todas as vezes anteriores, a satisfação de ter finalmente aprendido lhe traz um alívio e uma alegria, que compensam todo o passado.
Dalai Lama disse: "Se reagirmos à informação de que alguém está falando mal de nós, a este fato negativo, com uma sensação de mágoa ou raiva, somos nós mesmos que estamos destruindo nossa paz de espírito. Nossa dor é nossa própria criação pessoal. Por outro lado, se nos contivermos para não reagir de modo negativo, se deixarmos que a calúnia se dissipe como um vento silencioso que passa por trás da nossa cabeça, estaremos nos protegendo daquela sensação de mágoa, daquela sensação de agonia. Logo, embora nem sempre sejamos capazes de evitar situações difíceis, podemos modificar a intensidade do nosso sofrimento pela escolha de como reagiremos à situação".
Nunca mais pretendo ter esse tipo de reação contra quem me quer mal. Porque sei que não sou inimigo de ninguém. Eles é que são meus inimigos. Reagir da maneira correta pode fazer, quem sabe, com que acabem um dia entendendo isso. E então passarão a ser amigos.
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Conteúdo desenvolvido por: Lisandro Lisandro é músico new age. Conheça seu site www.lisandros.com E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |