Generalizações
Atualizado dia 3/11/2012 7:31:26 PM em Psicologiapor Paulo Salvio Antolini
Um gerente de banco recebeu um cliente que lhe disse ter um cheque devolvido porque estava faltando dinheiro em sua conta. Sem dar tempo para informações adicionais, ele disse ao seu cliente: deposite o que está faltando e não terá seu cheque devolvido novamente. O cliente ainda insistiu em que o banco estava errado. A resposta do gerente foi simples: deposite o que falta. Já irritado, o cliente exigiu que o gerente puxasse um extrato e comprovou que um de seus depósitos não havia sido creditado em sua conta. O responsável foi chamado e verificou-se que no dia do depósito havia sobrado referida importância no caixa e, sem condições de detectarem a qual conta pertencia a importância, estava aguardando que o dono do dinheiro viesse reclamar.
Um bom funcionário, cumpridor de seus deveres, na véspera de um feriado prolongado solicitou a seu gerente dispensa, a fim de levar seu filho para atendimento num hospital. Relatou que o menino havia sofrido uma queda e que sua esposa estava assustada, pois o garoto estava com crises de desmaio e não conseguia ficar em pé e desperto. O gerente destratou-o, perguntando-lhe se o tomava por um idiota, pois o que ele queria era ser dispensado para aumentar ainda mais os dias de folga. O funcionário colocou seu crachá na mesa do gerente dizendo: "É uma pena que o senhor pense assim. Até logo". Na segunda feira faltaram várias pessoas da sessão deste funcionário, inclusive ele. O gerente foi se informar no setor de RH da empresa e soube que as faltas tinham por motivo o enterro do filho de um dos colegas, que dias antes havia sofrido uma queda e não resistira a um traumatismo craniano.
Um casal que se conheceu há poucos dias, vai pela primeira vez juntos a uma festa e ele surpreende-se pela reação e rispidez de sua acompanhante quando o vê com um copo de cerveja na mão. Com o passar dos dias tal atitude se torna reincidente e ele começa a questionar essa maneira que ela tem de tratá-lo toda vez que ele quer tomar uma bebida alcoólica, mesmo não tendo nunca se embriagado ou se comportado de maneira inconveniente. Ela responde que não tolera pessoas que bebem e que já passou por tudo de ruim com seu pai (seu ex-marido), etc. O relacionamento termina ali.
A moça linda, que chama a atenção por onde passa, é fortemente criticada pelo namorado, que enciumado, acusa-a pelos olhares que recebe. Ela não deu nenhum motivo para isso, mas ele já teve uma experiência dolorosa. E o relacionamento que tinha tudo para dar certo, infelizmente acaba.
Cinco casos muito comuns, todos com ocorrência de generalização. Embora sabendo que cada caso é um caso, cada situação é uma situação, na prática, a maioria age generalizando e baseando-se em experiências já vividas, geralmente nada agradáveis. Quanta precipitação e quantos resultados desastrosos, apenas porque na experiência que se está vivendo há alguns componentes que existiram nas experiências anteriores. Na delegacia, um casal assustado frente ao delegado. No banco, um cheque descoberto. No trabalho, pedido de "folga" em véspera de feriado. A bebida. Os olhares alheios.
Olhar cada situação como sendo única não é fechar os olhos para as experiências já vividas, mas sim não julgá-las baseadas no que já se viveu. É não ater-se a um só detalhe, mas sim ver o todo.
Quando deixamos de generalizar, cada dia ganha o seu verdadeiro significado: o de um novo espaço de tempo para que possamos preenchê-lo de forma única. As mesmas pessoas com quem convivemos readquirem o brilho próprio que tiramos delas ao dá-las como já conhecidas em sua totalidade. Lembrem-se: as mesmas cores nas pinturas não fazem delas as mesmas telas.
Texto revisado
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