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Glossário de Psicologia Transpessoal, de Stanislav Grof

Atualizado dia 09/02/2013 22:47:19 em Psicologia
por Antonio Vaszken Dichtchekenian


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Tudo o que se pensa a respeito da realidade tem a ver com o paradigma utilizado para compreendê-la. A realidade é complexa demais e não é possível entendê-la totalmente, apenas fragmentos. Um paradigma é um MAPA da realidade, é uma representação possível e mais aproximada do real. Ainda assim, é incompleto, pois não consegue incluir todos os fenômenos existentes.Acontece que quanto mais usamos um paradigma, passamos a nos acostumar, ao ponto de confundi-lo com a própria realidade. Um paradigma pode definir aquilo que é normal e aquilo que é anormal. Dessa forma, tudo o que não se encaixa na explicação, no modelo existente, que explica a realidade, é considerado anormal. E vai além disso, pois consegue definir aquilo que é real ou não. Nem todos os fenômenos podem ser explicados a partir de um único modelo de realidade. Quando aparecem fenômenos que não se encaixam no modelo atual, no paradigma atual, existem duas opções:

1) Os fenômenos são simplesmente ignorados, como falsos ou alucinatórios, produtos de mentes desequilibradas ou de falsas percepções. Por conseguinte, os sujeitos também ficam estigmatizados como desequilibrados ou mal informados a respeito da realidade consensual.
2) Os fenômenos começam a ser estudados com mais atenção, a ponto de serem incluídos no paradigma, chegando a ampliar a definição atual a respeito da realidade. Esse ponto é crítico e costuma ser alvo de muitas críticas, pois questiona todos os fundamentos do paradigma existente, e anunciam a criação de um novo modelo, sob o risco de desvalorizar o paradigma atual.

Os termos a seguir fazem parte de um determinado paradigma, que busca incluir novos fenômenos, e considerá-los reais e humanos. Durante muito tempo, alguns dos fenômenos a seguir descritos eram considerados fantasiosos, alucinatórios, místicos e produtos de mentes infantilizadas ou desequilibradas, sob o ponto de vista de autoridades médicas e psiquiátricas do século XX. Ainda nos dias atuais, nem todas as linhas de estudo da saúde humana consideram esse paradigma, ele está em fase de transição, porém é mais bem aceito. Essa aceitação se deu graças a possibilidade de maior acesso de um número cada vez maior de pessoas, aos estados de consciência que vão além do estado acordado ou dormindo. E também em função da observação dos resultados práticos observados na percepção da realidade que estas experiências proporcionam.

Não se trata de recreação ou prazer mental. É um empreendimento de autoconhecimento, ao mesmo tempo que promove conhecimento do mundo e das relações existentes no mundo. O modo de percepção da realidade é modificado, de maneira qualitativa e interessante.

COEX - Abreviação de "COndensed EXperiences", ou experiências condensadas. É uma teoria sobre como se organiza a psique humana. Observou-se que o conteúdo que emerge da consciência (memórias, fantasias) é todo conectado entre si, tendo como ponto em comum uma emoção ou sensação física. O fio que liga cada experiência emergente e cada fantasia, uma à outra, é uma emoção que pertence a todas e a cada uma delas, ao mesmo tempo.

Consciência - Existem duas perspectivas distintas a respeito da origem da consciência:
A medicina tradicional e a ciência newtoniana-cartesiana consideram que a consciência é um produto da matéria. Desse modo, todas as manifestações são causadas por reações químicas de neuro-transmissores. As emoções, pensamentos e o comportamento dependem do equilíbrio químico e eletromagnético do cérebro. Qualquer distúrbio de comportamento é visto como um desequilíbrio químico, e quase não se consideram as influências ambientais. As influências são praticamente genéticas ou hereditárias.

A visão moderna da consciência considera a consciência um elemento presente em todos os lugares do Universo, e a partir do qual todos os outros existem. A consciência não se restringe ao cérebro, ainda que ela possa ser influenciada por mudanças químicas do mesmo. Ela depende de experiências pessoais para criar um modo de percepção, ou já existem padrões pré-determinados que moldam a maneira como as experiências são registradas no cérebro?

Apenas um exemplo: observou-se que muitos detentos que cometeram assassinato possuem histórico de abuso sexual ou distúrbios de relacionamento com os pais. Ao mesmo tempo, quantas pessoas possuem um histórico semelhante, de abusos e distúrbios de relacionamento, e nem por isso cometeram crimes ou são considerados perigosos.

Para Stanislav Grof, a consciência pode apresentar vários estados, além da vigília e do sono. Ela se divide em dois modos - o hilotrópico e o holotrópico, sendo que uma pessoa saudável alterna entre ambos. Permanecer apenas em um deles constitui dificuldades de relacionamento com o mundo. Seja com aspectos práticos da realidade, no caso de alguém fica somente no holotrópico, ou com aspectos da espiritualidade genuína, no caso de uma consciência voltada totalmente para o hilotrópico.

Hilotrópico - "Hilo" significa matéria. É o modo de consciência orientado para a matéria, que estamos acostumados a perceber o cotidiano e a realidade material. Existem objetos e entes separados entre si, o tempo se move do presente para o futuro, o espaço é tridimensional e sólido. A consciência de si mesmo é de alguém isolado e separado do mundo e dos outros.

Holotrópico - "Holos" quer dizer totalidade, todo. Nos estados holotrópicos (termo cunhado por Stanislav Grof) a consciência se expande além dos limites temporais e espaciais da realidade cotidiana. Quando se expande até o estado holotrópico, nos percebemos conectados e em relação direta com uma vastidão de imagens, símbolos, arquétipos e experiências, além da nossa compreensão e do nosso controle.
Fenomenologia - Aquilo que se apresenta, sob o ponto de vista do sujeito. Todas as descrições das experiências são relatadas sob o ponto de vista daquele que a experimenta, e não de um observador externo. A fenomenologia de uma matriz perinatal descreve como é estar sob influência dela, do ponto de vista do sujeito.

Perinatal - O domínio perinatal do inconsciente é um intermediário entre o inconsciente individual e o inconsciente transpessoal. É um "imã" de emoções, sensações, imagens relacionadas ao reviver do parto biológico e também do renascimento psicoespiritual. Não nos encontramos em contato apenas com as memórias e fantasias do inconsciente individual, como aquele descrito por Sigmund Freud. Temos acesso a arquétipos, padrões experienciais, através dos quais podemos ultrapassar o limite individual e nos identificar com outros seres, nas mesmas condições que experienciamos. O prefixo "peri" significa próximo ou ao redor, e "natal" quer dizer nascimento. Assim, perinatal diz respeito ao período que vai desde que o feto é concebido, até a sua saída completa pelo canal de parto, para o mundo.

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Conteúdo desenvolvido por: Antonio Vaszken Dichtchekenian   
Pós-graduado em Psicologia Transpessoal Aplicada, pela UCG-GO. Graduado em Psicologia pela PUC-SP. Especialista na teoria de Stanislav Grof. Psicoterapeuta Transpessoal. Endereço: Rua Aimbere, 1731, Perdizes. Telefones: (11) 3865-7557 e 99955-0353
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