Gratidão - Parte 1
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Autor Theresa Spyra
Assunto PsicologiaAtualizado em 10/27/2008 11:43:09 AM
O que afinal é gratidão?
Desde que eu era uma criancinha já sabia que a simples
palavra “obrigada” não tinha nada a ver com gratidão, mas com educação. Minha
mãe observava com olhos de águia o comportamento e etiqueta. Não dava para
escapar. Precisava dar a mão na hora de cumprimentar e dizer obrigada, quando
ganhava alguma coisa. Odiava os dois. Procurei esconder as mãos atrás das
minhas costas, como se elas não existissem e rezava que minha mãe também não
percebesse que elas ainda estavam aí, mas não dava para enganar. Para mim, ela
parecia onipresente. Na igreja eu aprendia que Deus via tudo. Para mim, minha
mãe era o próprio Deus. Quando não via... adivinhava, não conseguia esconder
nada dela, nada mesmo. Ela tinha o dom de tirar as verdades do fundo do baú.
Poderia ficar calada, mas isto também me entregaria. Não era meu jeito ficar
calada. Assim falava a verdade, e arcava com as conseqüências. Poder ser por
tudo isso que, apesar de não querer, preocupava-me muito com a “gratidão”.
Usava o “obrigado” formal, quando extremamente necessário,
e pelo resto procurava não mostrar emoções demais para poder evitar este dever
extremamente desagradável para mim.
Aqui no Brasil, depois de ter passado por várias religiões
(especialmente por curiosidade, deparei-me várias vezes com a palavra gratidão,
e como é necessário ser grato. Mas acho que mesmo assim foi muito difícil
entender a razão desta tal gratidão ser tão indispensável. Novamente me sentia
obrigada de fazer algo em nome de outra pessoa. Aliás, as religiões estão
mandando na gente o tempo todo. Já me perguntei se as religiões substituem os
pais, depois de crescer. Finalmente chega a hora de se livrar da influência
constante dos pais, daí vêm as igrejas para tomar conta desta parte. Será que o
ser humano não é capaz de tomar conta de si mesmo? Tomar a vida nas próprias
mãos não é fácil. Especialmente porque assim sobra toda responsabilidade para
si mesmo, não tem mais como culpar os outros. Que dureza! Do outro lado também
cria liberdade, e assim surge a possibilidade de tomar as próprias decisões, que
trazem os seus resultados. Às vezes bons, às vezes ruins, porém sempre úteis.
Me recuso de falar de certo e errado. Isto só confunde. Não acredito em certo ou errado. Tem resultados favoráveis e desfavoráveis para o momento no qual
ocorrem, isto não significa que continuam sendo o que pareçam ser. O que parece
desfavorável, num momento bem próximo pode se mostrar favorável. Então para que
julgar?
Para encurtar: não achava gratidão necessária. Ainda mais
quando era grata somente porque alguém deu a ordem. Gratidão pode surgir
através de uma ordem externa? Bom, pode funcionar com pessoas menos exigentes e
menos cabeça-dura que eu. Comigo não funciona, ou somente quando eu estiver no
fundo do poço. Está vendo como sou teimosa? Ainda bem que só eu tenho este
probleminha, se não o mundo seria insuportável. Mesmo assim fiz uma descoberta sobre
gratidão que eu queria compartilhar.
Num belo
dia, quando observava a mim mesma, de repente percebi que eu era grata. Como
assim?
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Theresa Spyra é alemã, trainer e terapeuta com especialização em constelação sistêmica familiar, organizacional e estrutural. Estudou com a também alemã Mimansa Erika Farny, pioneira na introdução do método sistêmico de Bert Hellinger no Brasil, e aprofundou-se nos sistemas estruturais e organizacionais, com estudos no Brasil, Alemanha e Suíça E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |