Intuição, porta para a transcedência
Atualizado dia 30/03/2015 22:11:12 em Psicologiapor João Carvalho Neto
Contudo, está claro que as transformações vêm acontecendo nas bases conscienciais de cada individualidade humana, estabelecendo novos referenciais de observação da vida, novos paradigmas com que possamos aferir a realidade de forma mais ampla e subjetiva.
Neste processo, penso que duas variáveis são interessantes de serem analisadas, principalmente porque, quando sabemos para onde caminhar, melhor podemos organizar nossa bagagem.
No texto de minha autoria “O estado de gratidão”, defendo que uma dessas variáveis é o estado de espírito das pessoas que “herdarão a Terra”, que acredito será marcado por um profundo sentimento de gratidão à vida. Sem me alongar neste assunto -que poderá ser encontrado pelos amigos leitores no texto citado- o estado de gratidão traz implícitas as ideias de abastança e de plenitude, que se traduzem em uma felicidade e generosidade características de um mundo mais evoluído, justo e pacífico.
A outra variável diz respeito às funções psíquicas que utilizamos para perceber e avaliar a realidade. Temos usado a inteligência e o sentimento como ferramentas de avaliação e a sensação como forma de percepção. Mas as sensações dizem respeito apenas à constatação de uma realidade tridimensional, não entrando no âmbito da transcendência que se apresenta fora das limitações da matéria como a entendemos.
Heisenberg afirmou que "o que nós observamos não é a natureza propriamente dita, e sim a natureza exposta em nosso método de questioná-la". Ou seja, se quisermos penetrar mais profundamente na compreensão da vida, temos que desenvolver novos métodos de observação.
Segundo William James “nossa consciência normal do estado de vigília -a consciência racional, como a denominamos- constitui apenas um tipo especial de consciência, ao passo que ao seu redor, e dela afastada por uma película extremamente tênue, encontram-se formas potenciais de consciência inteiramente diversas”. (Princípios de Psicologia).
Existe uma outra ferramenta de percepção, até então muito pouco usada, que é a intuição, abrindo espaço para uma aferição mais ampla e expandida pela dimensão espaço-tempo.
O filósofo e líder religioso indiano Yogananda sugere que “... a aceleração da evolução humana é proporcionada pelo desenvolvimento da intuição... que percebe a verdade por meios internos e intrapsíquicos... o método usual de aprendizagem pode apenas explicar a aparência das coisas... por meio da intuição é possível a realização de qualquer processo de conhecimento correta e diretamente, sem a intermediação dos sentidos”. (“Autobiografia de um Yogue”)
E, nessa busca, talvez não existam limites. Todos somos herdeiros do Poder Criador da vida; todos e tudo trazemos, em nossas estruturas mais diversas, as marcas da divindade e da totalidade que ela engloba. Portanto, toda a verdade possível está escrita nessas estruturas, para aqueles que conseguirem aprender a ler os códigos da vida.
O nosso próprio aparelho psicológico contém potencialmente todas as informações obteníveis do espaço-tempo, independentemente das grandezas de distância e de tempo, de tal forma que nos exercícios de meditação, em que o ego silencia abrindo espaço para as intuições, podemos acessar essas verdades, construindo uma compreensão da vida mais ampla, verdadeira e legítima. Digo legítima porque não será alguém nos dizendo o que é e como é, mas uma elaboração interior que brota trazendo verdades que dizem respeito à nossa própria individualidade.
Deixaremos de aprender apenas com nossas experiências pessoais, acelerando o processo na medida em que se tornem acessíveis todas as informações de todas as experiências alheias que possamos captar dos registros cósmicos da vida. E isso pode ser fantástico! Ao invés de levarmos meses lendo uma enciclopédia poderemos absorver verdades profundas em um piscar de olhos.
Mas este desafio, como todo outro, tem seu preço: deixar de pertencer a um rebanho e de seguir diretrizes externas para gerenciar nossas vidas, perdendo assim também a proteção desse rebanho com seus pastores, para assumirmos nossa própria autonomia evolutiva, com os riscos e sucessos que dela advenham.
Para esta população, as religiões perderão seu sentido massificador, abrindo espaço para a singularidade e subjetividade de cada construção evolutiva.
O mais interessante é que esse movimento não nos tornará mais egoístas ou egocêntricos. Isso já acontece porque nossas percepções da realidade são superficiais e contaminadas pela presença egoica. Ao contrário, estando mais próximos das verdades da vida, estaremos convergindo nossas trajetórias evolutivas, inevitavelmente, para o ponto central de onde partimos e para onde rumamos, que é a unicidade na totalidade do Poder Criador.
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Psicanalista, Psicopedagogo, Terapeuta Floral, Terapeuta Regressivo, Astrólogo, Mestre em Psicanálise, autor da tese “Fatores que influenciam a aprendizagem antes da concepção”, autor da tese “Estruturação palingenésica das neuroses”, do Modelo Teórico para Psicanálise Transpessoal, dos livros “Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal" E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |