INVEJA
Autor Elena Mara de Oliveira Ramos
Assunto PsicologiaAtualizado em 8/19/2008 12:20:28 AM
"Pecadinho vagabundo" que colhe e é acolhido. Inveja não acolhe, ela colhe pessoas. Colhe o que plantamos e guarda nos bolsões do irrealizável. Colhe nossas mágoas, dilui nos ressentimentos e fermenta na desconfiança do que somos capazes.
Inveja é pecado silencioso, vagueia pelos limiares de nossos sonhos. Inveja, pecadinho amistoso, acre-doce, amarga a boca de quem sente e adocica o ego da vítima. Confirma seu sucesso e o seu talento. Pois não teríamos inveja do que não cobiçamos e admiramos. Como já disse Salvador Dalí: "O termômetro do sucesso é apenas a inveja dos descontentes."
Este "pecadinho" quando acolhido, habita as entranhas do Ser e da Alma. Difícil de ser confessado. Práticamente inconfessável! Pecado "vagabundo" pertence a todos, provocados e provocadores. Permeia e passeia por todos os corações, não se apega a ninguém, não se fixa a um só. É pecado de todos e para todos. É pecado democrático. Torna-se inerente. Colhe o bem e o mal, instala-se e pode tornar-se criativo, segundo Carlos Byinton no seu livro "A Inveja Criativa". Esse pecado guarda força e pode nos impulsionar para fora da crise.
A inveja parece instalar-se sem demora no "pacote" Ser Humano. Pode destruir quem sente e azucrinar quem é alvo.
Temos inveja quando queremos e nos falta coragem, quando não despertamos para o nosso poder e para o que ainda não confiamos ser possível.
Inveja é referencial do combate que travamos com as capacidades, habilidades, deficiências e suficiências do outro. Na inveja o referencial é o outro. Na inveja tiramos o foco de nós mesmos.
Associam-na aos fracos, covardes e perdedores, mas haja coragem e força para sentí-la. É força poderosa que chega a roubar as palavras e as ações de quem no momento a sente, pois não confirmarás ao outro o que desejas mas não tens.
A inveja rouba a paz, a virtude do divino, nos aproxima da condição humana do desejo, da paixão e da admiração. É a gota de água que corre e escorre com sabor de fel na boca paralisada de quem a sente.
Inveja minha, sua, de todos nós. Mira com lança certeira e não teme desintegrar o objeto de sua cobiça. Vaga pelas eiras e beiras da alma e de nossos caminhos. Espreita os imprevistos e vela os infortúnios.
Na próxima vez que sentires inveja perceba nesse momento suas pétalas de humanidade e comemore, não se detenha em tantas preocupações e culpas, você estará apenas idealizando o referencial do outro. Procure perceber o que admira no outro e o que admira em você. Não se subestime, volte o foco para você. Perceba suas qualidades diferentes e o quanto podes e deves realizar.
Costumava falar diáriamente para meus alunos: "Vocês são muito importantes para o mundo, se assim não fossem não teriam nem nascido". Nascemos, cada qual com suas nuances, anseios e temores. Qualidade GENTE, irmanados na luz da diferença. Cada qual sendo um, cada um sendo todos, um grande e especial holograma da Verdade. Somos assim. Gente é assim, complexo, realizável, possível e essencial.
Vinde "pecadinho vagabundo", já não lhe dou tanta importância, me confirme minha humanidade e só.
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