Já se olhou no espelho hoje?

   

Autor Renata Kindle

Já? E o que foi que você viu nele? Gostou?

Nós passamos pelo espelho do elevador várias vezes por dia. O ritual é sempre o mesmo: uma ajeitada no cabelo, a conferência do colarinho, a retirada de uma mancha de batom do dente e pronto, a viagem até seu andar já acabou. Na volta os passos são os mesmos, mas você se convence de que o que viu te agrada mesmo.

Agora, já passou pela sua cabeça alguma vez você cumprimentar a sua imagem refletida como se ela fosse outro você? Já experimentou conversar com ela por alguns instantes (se sim, espero que o faça telepaticamente).

Eu sei, parece coisa de gente doida e se você fizer isso em voz alta com o elevador cheio de gente vai ser mesmo coisa de gente doida. Mas falo sério, acredite, em verdade não é maluquice não.

Não se preocupe tanto com os outros, não se preocupe com os cabelos, com o colarinho ou com o batom. Volte sua atenção para você mesmo e para a imagem que você vê no espelho: ela denuncia o seu estado de espírito. Se ela o convencer, então tudo bem, mas se não, esforce-se para melhorá-la até o próximo elevador.

E como melhoramos nossa imagem no espelho? Fácil resposta, difícil execução. A resposta é simples, basta irmos riscando de nós o que não gostamos de ver no espelho. Para a olheira e para as espinhas tem corretivo, para a pele ressecada há uma infinidade de cremes no mercado de cosméticos. Para o cabelo, xampu, tinta, gel. Mas e para o brilho do olhar? E para o sorriso que não vem com naturalidade? E para a tristeza que se escancara como resposta do espelho?

Bem, isso exige um pouco mais de esforço da nossa parte. Um esforço íntimo de querermos mudar, de querermos ser e fazer diferente. Uma boa leitura ajuda, pelo menos a termos boas ideias e decidirmos por onde vamos começar. Os amigos são sempre uma boa dose de antídoto contra nossas derrotas. Uma cerveja de vez em quando também é legal, mas o mais importante, o mais efetivo é olharmos com sinceridade para dentro de nós mesmos, num mergulho profundo, quase abissal, que nos coloque em contato com os mecanismos que usamos contra nós mesmos. Cada vez que recorremos a eles, nossa imagem no espelho vai ficando mais feia, mais triste, mas sombria. Uma hora, nem nos reconhecemos mais. A sinceridade que temos que ter conosco é fundamental, é condição basal para começarmos nossa árdua tarefa de abrirmos mão desses velhos padrões que além de já não nos servirem mais, causam-nos tanto mal. É difícil e doloroso no início, mas tão logo começamos, já vamos sentindo os efeitos para melhor e aí nos esforçamos cada dia um pouco mais. Não, não é válido desistir no meio do caminho, mas umas paradas talvez se façam necessárias.

Vamos nos tornando melhores, vamos gostando mais de estarmos em nossa própria companhia e assim, atraímos também pessoas com boas vibrações para junto de nós. A alegria vai se fazendo mais corriqueira que a tristeza e gostamos tanto dela que, desejando que fique pra sempre, nos esforçamos cada dia um pouco mais e as nossas ações, da mais simples à mais complexa, passam a ser direcionadas por essa vontade de mantermos esse estado.

Claro que tem coisas chatas que ocorrem por aí e temos de lidar com elas, mas quando estamos alegres, quando estamos de bem conosco mesmos, então enfrentamos melhor as adversidades e elas não deixam marcas tão profundas.

Quando alcançamos esse estágio, nossa imagem no espelho até brilha e nos apaixonamos por ela.

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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Renata Kindle    Psicóloga clínica e hospitalar (crianças, adolescentes, adultos, casais e família); autora de alguns textos e artigos. Desenvolvedora de um trabalho piloto sobre a atuação das emoções no corpo físico, que se realiza com grupos de oficinas terapêuticas. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui.