LIGAÇÕES AFETIVAS NA MATERNIDADE
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Autor João Carvalho Neto
Assunto PsicologiaAtualizado em 25/07/2010 19:52:00
Aproveitando neste mês de maio a comemoração do Dia das Mães, vamos falar um pouco de aspectos que envolvem tal função na vida das mulheres. Não que os homens deixem de ter responsabilidades conjuntas na constituição, educação e encaminhamento dos novos seres que chegam ao mundo pelas vias do nascimento, mas porque para elas esse processo envolve ligações muito mais íntimas.
Isso começa pela permanência do feto no útero materno por um período em geral de nove meses. Na verdade, ao que sabemos, aquela individualidade que se prepara para reencarnar já se encontra ligada psiquicamente à mãe mesmo antes da concepção, quase sempre vinculada ao casal por laços afetivos do passado.
Mas durante essa estadia para a formação do futuro corpo, aquele ser, apesar de inconsciente, vivencia percepções, emoções e sentimentos que marcarão sua vida para sempre. Pesquisas atuais indicam as reações do feto à música, ao afeto materno e paterno, às instabilidades emocionais do ambiente exterior, e que se traduzirão em determinadas formas de respostas diante das futuras relações com as pessoas ou com o meio ambiente.
A sensação de proteção e de amor, tanto quanto a de rejeição e de abandono, constituirão aspectos marcantes na estruturação da personalidade, levando-a a posturas seguras e ousadas, ou temerosas e instáveis. Por isso, já desde a primeira reação à descoberta da gravidez, de alegria ou pesar, o feto está recebendo as impressões daqueles que deverão sustentá-lo psíquica e fisicamente, em especial a mãe.
Ao nascer, tampouco essas ligações afetivas diminuem. Ao contrário, ao surgir para um novo ambiente de vida, mais frio e impondo ações para a sobrevivência, como ter que exigir e sugar o leite materno, o bebê encontra no aconchego do colo e, principalmente, no seio em que se alimenta, a proteção e nutrição de que necessita. Apesar de agora deixar de estar ligado fisicamente ao corpo da mãe, as ligações psíquicas vão crescendo intensamente, sendo a sua presença a primeira reconhecida como uma individualidade exterior.
Dessa forma, nutrindo-se no seio, a criança fortalece vínculos que permanecerão para sempre, estabelecendo, também neste momento, tipos de reações a serem reproduzidas nas experiências que virão.
Não existe ser humano que não traga, em sua estrutura psíquica, as marcas dessas situações vividas no processo reencarnatório. Até mesmo pela ausência, as marcas ficarão estabelecidas.
No caso dos filhos homens, em especial, ainda um outro momento vai potencializar essa relação, quando por volta dos três ou quatro anos, aproximadamente, a criança vive uma relação de amor toda especial pelo genitor do sexo oposto e de rivalidade com o do mesmo sexo, no chamado Complexo de Édipo. Para os meninos, este momento mantém a tendência anterior de desejo pela mãe, sendo, por isso mesmo, de resolução mais complexa do que no caso das meninas.
Claro que tais experiências são variáveis e muito mais profundas e diversificadas do que poderíamos expor aqui, contudo, em linhas gerais, elas serão determinantes para a estruturação da personalidade, podendo ser responsáveis por diversas formas indesejáveis ou patológicas de comportamentos.
Mas ainda dentro das responsabilidades maternas, não poderíamos deixar de falar do desdobramento dessa seqüência de relações que vai fluir para a imperiosa necessidade do rompimento do cordão umbilical psíquico. Conforme dissemos, após o desligamento do corpo físico materno, as ligações psíquicas vão se estabelecendo de forma sempre crescente, baseadas principalmente na necessidade de proteção. É preciso que se perceba as situações em que a autonomia passe a ser estimulada na criança, a fim de que ela se torne um ser humano afetivamente estável, seguro e capaz de se inserir socialmente.
Muitas mães, e também pais, devido a carências e frustrações pessoais inconscientes, sustentam ligações afetivas doentias com seus filhos, impedindo-os de se libertarem para a vida, tornando-os psicológica e socialmente desajustados. Esses comportamentos parentais costumam se esconder atrás de justificativas de zelo, cuidado, responsabilidade, receio dos perigos do mundo, mas na verdade tendem a trazer a marca de projeções psicológicas onde os filhos, mais do que seres aos seus cuidados, são prolongamentos psíquicos dos pais que temem ver seus desejos não realizados. Ainda aí, mais uma vez, e quase sempre de forma tão dolorosa quanto no parto, a mãe precisa estar atenta para cumprir com seu papel.
Bem, tentamos de alguma forma trazer uma contribuição para um melhor entendimento da maternidade. Pelo que dissemos, e por tantas outras situações que se estendem na continuidade do processo educacional, verificamos que as ligações afetivas na maternidade são básicas para a construção de seres melhores e mais saudáveis. E essa é uma grande responsabilidade que parece Deus ter colocado em ombros que precisam ser fortes, mas que nem sempre são valorizados e auxiliados por uma atitude paterna consciente.
Neste Dia das Mães, os nossos parabéns a todas as mulheres que, nas lutas de cada dia, vêm trazendo e formando novos seres, a humanidade que somos cada um de nós.
João Carvalho Neto
Psicanalista e Psicopedagogo
E-mail: [email protected]
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Psicanalista, Psicopedagogo, Terapeuta Floral, Terapeuta Regressivo, Astrólogo, Mestre em Psicanálise, autor da tese “Fatores que influenciam a aprendizagem antes da concepção”, autor da tese “Estruturação palingenésica das neuroses”, do Modelo Teórico para Psicanálise Transpessoal, dos livros “Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal" E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |