Narcisismo e redes sociais




Autor Camilo de Lelis Mendonça Mota
Assunto PsicologiaAtualizado em 27/03/2014 09:45:25
O crescimento das oportunidades tecnológicas, com a consequente ampliação dos caminhos de comunicação entre as pessoas, tem favorecido a interação humana, colaborando para um reconhecimento prévio de que não há limites de espaço para a construção de uma comunidade global. No entanto, algumas pequenas coisas em nossos cotidianos começam a chamar a atenção, por desencadear processos que parecem andar na contramão dessa consciência de unidade. As redes sociais, que colaboram para criar essa integração e interatividade, são também locais para o exercício pleno do narcisismo.
Segundo Alexander Lowen, os narcisistas são aquelas pessoas “incapazes de distinguir entre uma imagem do que se imaginam ser e uma imagem do que realmente são”. Ou seja, o narcisista se identifica com a imagem idealizada. Não são poucos os casos em que observamos em perfis de redes sociais (atualmente com ênfase no Facebook) o processo de idealização, em que a imagem que o indivíduo veicula é plena de um desejo de demonstrar que seu mundo pessoal é harmonioso, feliz e cheio de paz. Ao mesmo tempo, encontramos pessoas que utilizam o espaço de que dispõem para manifestar todo tipo de desejos, que no dia a dia ficam normalmente escondidos, e até mesmo recalcados, para utilizarmos uma expressão freudiana. Assim, ao lado de lindas mensagens de amor, de manifestação de suas crenças pessoais, de agradecimentos sinceros a Deus, encontramos discursos de ódio, de racismo e incitadores de discórdias, principalmente quando o assunto é política.
Por ser uma construção humana, as redes sociais carregam tudo aquilo a que estamos sujeitos a vivenciar dentro do padrão que nós próprios criamos. Nesse sentido, as observações feitas no parágrafo anterior servem para nos trazer à reflexão o real papel que temos dado a nossas vidas: o que estamos construindo no nosso dia a dia? Somos meros projetistas de imagens idealizadas daquilo que na realidade temos medo de enfrentar? Estamos criando máscaras, num grande jogo teatral, em que o prazer primevo deve se identificar com a satisfação parcial e focada sobre si mesmo?
Na prática em consultório, tenho encontrado nos discursos dos clientes, tanto de homens quanto de mulheres, uma preocupação constante com o que o outro está fazendo nas redes sociais na internet. Muitos chegam a brigar e a destruir a relação afetiva por conta de supostas desconfianças, ciúmes e construções imaginárias motivadas pela vivência do par no Facebook. Alguns chegam mesmo a vigiar o perfil do companheiro ou companheira para verificar se estão sendo traídos. A raiz do problema, certamente, não está no Facebook, mas na relação que o indivíduo mantém com a imagem que criou de si mesmo e de seu namorado ou namorada, esposo ou esposa. A sociedade cria, a cada dia, novos narcisistas, alguns crônicos, e as ferramentas de redes sociais auxiliam a alimentar esse substrato humano.
No caldeirão polimorfo dessas emoções cotidianas, cabe a cada um de nós observar em si mesmo o quanto está vivenciando uma autoimagem deformada, procurando desenvolver a sua real identidade, que transcende, em muito, aquela que criamos em forma de “persona” para viver em sociedade. O caminho da descoberta e desenvolvimento do Self (si mesmo) se torna uma necessidade urgente na construção do homem livre em nossos tempos.
Texto revisado









Terapeuta Holístico, CRT 42617, Psicanalista, Mestre de Reiki, Karuna Reiki, Terapeuta Floral. Atendimento terapêutico em Araruama-RJ, São Pedro da Aldeia-RJ e Saquarema-RJ com hora marcada Tel. (22) 99770-7322. Visite também o site www.camilomota.com.br E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |