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O Amor do Corpo e da Alma

Atualizado dia 05/08/2010 11:57:16 em Psicologia
por Renato Mayol


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Poetas, músicos, cantores, compositores, escritores e tantas outras pessoas comuns ou incomuns, pessoas especiais ou não, cada um tem sua própria definição do que entende por amor e somente em uma coisa estão todos de acordo: quão difícil é expressar esse sentimento aparentemente único. Portanto, só a palavra “amor” não pode designar de forma adequada cada um dos diferentes estados emocionais resultantes de um afeto, de uma grande amizade, de um desejo sexual, de uma ligação espiritual ou do desejo de incorporar alguém numa fusão de corpos e almas. Faz-se mister tentar tipificar o amor.

Em qualquer um dos diferentes tipos de amor, no início é a procura constante da aprovação e da atenção da pessoa amada, o que permite, não poucas vezes, alguém submeter-se à conduta possessiva e controladora do ser amado. Amores românticos, contemplativos, aconchegantes, platônicos. Amores de pais, de mães, de filhos, de amantes, de apaixonados, de fanáticos, de idealistas. Amores comedidos e amores extremados. Amores explícitos. Amores obsessivos. Amores protetores, castradores, aniquiladores. Amores complementares. Amores interesseiros. Esses e tantos outros mais, todos, sem exceção, são amores de posse e de propriedade.

Ademais, o corpo sentir amor é como sentir fome ou sede. E da mesma forma como podemos sentir vontade de diferentes alimentos ou bebidas, também podemos sentir vontade de diferentes tipos de amor, pois a novidade é um estímulo que ativa a produção dos hormônios que proporcionam euforia e prazer. E facilmente pode ser atravessada a tênue linha entre a harmonia e a dissonância, pois esses amores biológicos não raro mantêm o homem e a mulher apaixonados incapazes de raciocinar e com comportamentos impulsivos.

Os amores do corpo são dependentes da cultura e do ambiente, além da liberação de hormônios. Hormônios capazes de desligar as áreas do cérebro responsáveis pelos julgamentos sociais, quando, então, o apaixonado praticamente não vê defeitos no ser amado. Hormônios responsáveis pelo desejo sexual para a reprodução da espécie e hormônios outros para manter a continuação da espécie dentro de um núcleo protetor. Para a mulher, o compromisso maior é com a vida e, para o homem, a mulher é o seu objeto do desejo, inspiração e ambição, alívio e tormento, inferno e paraíso. Nada carece de explicação sob a influência desse “amor”. Um amor que tem sinônimos e antônimos.

Para estimular a produção dos hormônios da paixão e do amor nas mulheres, os homens, entre outros meios, utilizam-se da virilidade, da força, da inteligência, do poder, do galanteio, da persuasão, da gentileza e dos perfumes. Já as mulheres utilizam-se do charme, da beleza, da sensualidade, da sedução, das virtudes, das prendas, da discrição e também dos perfumes, dentre tantas outras coisas, para que o homem desejado torne-se sua posse. Tudo para suprir necessidades físicas e emocionais, cuja finalidade é a reprodução e a manutenção da espécie em um estado de estranha felicidade, muitas vezes saboreando fel como se fosse mel. Uma felicidade que pode durar tanto quanto uma bolha de sabão, quando, então, passada a euforia inicial, o casal começa a se analisar, julgar e classificar.

Os amores do corpo de um modo geral impedem a mente de alçar vôo em direção à Liberdade. Liberdade que está na percepção de uma realidade que não mais pode ser restringida por paredes, raças, credos ou paradigmas. Não importa quão compassivos, caridosos ou serviçais tais amores sejam, como não importa se tudo desculpam e tudo suportam, pois esses amores biológicos estarão limitados ao plano finito. A transcendência acontece quando o Amor é da alma.

Analisando de forma livre a origem da palavra Amor, podemos considerá-la composta do prefixo a, que pode indicar ausência ou negação, e da palavra mors, que quer dizer morte. Dessa forma, Amor significa ausência da morte ou vida eterna e, como tal, não tem nem sinônimos e nem antônimos.
Um Amor que desfaz todos os desejos da mente e aniquila a multiplicidade. Um Amor que não teve começo e nunca terá fim. Amor que não é bem um sentimento, mas um estado de graça. Pode-se Amar, sem nunca ter sentido algum tipo de amor fisiológico. O Amor é o verdadeiro mistério. A unidade cósmica. Simplesmente É. Acontece. Inunda. Suga-nos em vórtice para outra dimensão. Não tem objeto. Quem assim Ama, só pode dizer que Ama. Ama o Tudo. Ama o Nada.

Enquanto que o amor sempre prende, o Amor sempre liberta e propicia uma profunda sensação de paz e plenitude do ser consigo mesmo, ainda que no meio de uma multidão de amigos, parentes, conhecidos ou desconhecidos. Amor esse que nos amplia a consciência, que é a chave que nos abre o portal maior e que nos unifica com o Eterno Segredo.

Esse Amor nos torna capazes de amar todos por aquilo que são em si mesmos como parte de mim, e não por aquilo que podem dar (dinheiro, proteção, casa, comida) ou por aquilo que aparentam ter (beleza, fama). E o ser humano mais precisa de Amor quando menos ele fizer por merecer. Mas quantos seres humanos seriam capazes de sentir tal Amor por quem lhes bate na face? Porém, aquele que conseguir alcançar esse sublime estado será finalmente abençoado com a conclusão da evolução da sua consciência aqui na Terra, resgatará seu verdadeiro livre-arbítrio e poderá, então, escolher seguir viagem na Luz ou aqui permanecer para ajudar os irmãos a descerrar os véus que os mantêm na escuridão.
 

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