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O amor flui mesmo em relações destruídas

Atualizado dia 11/17/2012 10:07:39 AM em Psicologia
por Alex Possato


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Quando criança, presenciei muitos atos agressivos à minha volta. Tanto o meu irmão, que me agredia física e moralmente, quanto meus pais, ausentes, brigando entre si, carregando inúmeras mágoas, auxiliavam no processo de amedrontar a criança pequena que eu era. Constantes mudanças de casa deixava-me com a sensação de que eu não tinha um lugar calmo para ficar, e a única coisa que realmente me importava era um cantinho com o mínimo de conforto e... paz... Vivi depois com meus avós, perdendo o contato com minha mãe e quase com o meu pai... e lá presenciei mais e mais brigas.

Minha avó, explosiva e dominadora, tinha constantes surtos... entrava em choque com o meu avô, que buscava estar calmo, servindo como uma âncora para a casa não cair. Meu irmão, cada vez pior, agredia a tudo e todos, fazendo da convivência um inferno. Bem... poderia me alongar nos detalhes da minha infância, mas não é esse o objetivo. A questão que desejo colocar é que, por viver amedrontado, assustado numa família de loucos, criei a ideia de que não havia amor neste lar. E isso não é verdade. Houve muitos momentos de acolhimento.

Meus avós fizeram o que meus pais deixaram de fazer: me deram educação, valores, cultura, auxiliaram a despertar dons, talentos, sonhos... Mesmo os meus pais, de certa maneira, fizeram o melhor: deixaram os filhos com quem tinha mais condição de cuidar. Alguns de vocês podem chamar isso de irresponsabilidade. Eu também carreguei a raiva e a cobrança durante muitos anos... Mas somente hoje, depois de maduro, posso assegurar que aconteceu o que de melhor deveria ter acontecido. Não estaria eu aqui, escrevendo estas linhas, realizando o meu trabalho e me expressando, caso tivesse continuado com minha mãe, ou talvez, vivido com o maluco do meu pai... Saquei uma coisa importantíssima: o amor transcende os conceitos de certo e errado da sociedade. É algo muito maior, supervisionado por um poder superior, que eu chamo Deus.

Com as emoções curadas, o amor se faz presente
Como disse acima, o medo me fez achar que não havia amor. Mas o medo de quem? De qual época este medo tem referência? Fazendo muita terapia, logo descobri que o medo era daquela criança, lá atrás, que sofrera sim, mas o sofrimento era por algo que ocorrera há muito tempo no passado. Logo, no aqui e agora, não existe nem a criança, afinal, sou adulto, e nem a pressão. Meus avós estão mortos, meu irmão se suicidou, meu pai morreu e minha mãe está ok... e até nos damos bem. Então, como esses ecos do passado ainda atormentavam minha vida? São memórias, tanto mentais, como emocionais e até energéticas, afinal, hoje a psicologia entende que estes traumas ficam impregnados no corpo físico também. E como curar isso?

Bem... a natureza é sábia... Ela criou os relacionamentos, e foi dentro de um deles, onde pude reviver as experiências de família, construindo o meu lar. E lógico, com a programação que eu tive na infância, não poderia ter um relacionamento perfeito. Ao contrário, muitas das situações que eu quis fugir do passado, voltaram no momento em que me tornei marido, e posteriormente, pai. Tentei criar a família perfeita que eu não tive, e só depois que eu percebi: criar a família que eu não tive é uma motivação totalmente egoísta e arrogante. Eu estava negando categoricamente meus pais e o que eu recebi. Minha avó dizia: está cuspindo no prato que comeu. É duro para o ego perceber isso, mas é pura realidade. Eu negava tudo, tudo, tudo... E tentava fazer diferente, até para esfregar na cara dos pais: olha, a minha família é bacana! Engole!

Mas minha vida não era feliz. Como pode alguém ser feliz, negando o pai e a mãe, o lar de onde veio? Como posso ter autoestima se justamente o berço onde nasci, eu renego? Lógico... pela lei da reciprocidade, casei com uma mulher igualmente traumatizada pela sua família. Embora tenha tido um histórico diferente, houve igualmente na vida dela agressões, descaso, pressão, neuroses...

Ok, ok. Busquei fazer terapia. Justamente a loucura que eu negava tanto no meu sistema familiar, estava batendo à minha porta. Eu já não aguentava mais... queria ser feliz. Paralelo a isso, sempre tive uma busca espiritual, e eu creio firmemente no bem, na paz, na harmonia e na prosperidade que Deus reserva a cada um de seus filhos. A muito custo, entendi que meu casamento estava acabando. Era fundamental tanto para mim, como para ela, que nos separássemos, para podermos crescer. E isso foi feito gradualmente. E de forma muitas vezes desconfortável, afinal, uma relação que desmorona afeta as finanças, o emocional, a mente, tudo, tudo... Mas era necessário este passo. Tanto eu quanto ela sabíamos disso. E nos dispusemos, cada um da sua forma, a trilhar o próprio caminho de resgate das dores internas.

Para poder curá-las. Entrei em contato com a constelação familiar sistêmica. Primeiro como cliente, e depois, como terapeuta. Ela me auxiliou sobremaneira a ficar amigo das minhas dores, dos meus medos, dos meus traumas e fantasmas. Vários outros caminhos foram importantes, porém, a constelação foi um marco na minha vida. A.C. e D.C. - antes da constelação, depois da constelação... kkkkk. Finalmente, já adulto barbado, pude começar a deixar de ser criança e agir emocionalmente como se estivesse o tempo todo ferido, o tempo todo querendo carinho de mamãe e segurança de papai. E no meu caminho espiritual, compreendi que tudo isso serviu para despertar em mim uma fé inquebrantável no amor divino. Que faz de tudo para que tomemos posse dos nossos talentos, nossos dons e nossa força. Às vezes, as lições são difíceis. Mas tudo tem um propósito maior: demonstrar que eu sou amor. O pai é amor. A mãe é amor. A família é amor. Por pior que tenha sido o passado. Como meu ego era muito duro, teve que ser quebrada algumas cascas... até que eu pudesse largar minhas reclamações infantis e me render à vida. Do jeito que ela foi. Do jeito como ela é. Para poder me aceitar do jeito como eu sou - com as minhas qualidades e meus defeitos. Filho do meu pai. Filho da minha mãe. Pai dos meus filhos. Companheiro da minha amada. Irmão dos meus irmãos. Filho de Deus. E está tudo bem...

Alex Possato é terapeuta familiar sistêmico e trainer de cursos de constelação familiar. Constelação Familiar Sistêmica de Natal, neste domingo - clique aqui e inscreva-se!

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Conteúdo desenvolvido por: Alex Possato   
Terapeuta sistêmico e trainer de cursos de formação em constelação familiar sistêmica
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