O que e´a Psicologia Transpessoal




Autor Antonio Vaszken Dichtchekenian
Assunto PsicologiaAtualizado em 9/15/2011 1:05:52 AM
A Psicologia Transpessoal é uma teoria psicológica que surgiu no inicio dos anos 1960, a partir da constatação empírica de cada vez um número maior de pessoas terem acesso a tipos de experiências que eram e são benéficas e transformadoras, mas que não podiam ser totalmente explicadas pelas ciências da época, incluindo a Psicologia e a Medicina.
O termo "Transpessoal", como o prefixo "trans" indica, compreende aquilo que atravessa e vai além, e que não está restrito a nenhum campo pelo qual ele passa. Portanto, a palavra "Transpessoal" estuda todos os fenômenos e comportamentos que se manifestam na humanidade, sejam eles de natureza biográfica-individual, ancestral, hereditária, coletiva e simbólica.
Qual a importância desse modo de olhar para o humano, que difere de outras abordagens?
Ao considerar os comportamentos que têm origem transpessoal, o espectro de saúde fica mais expandido, do que temos atualmente. A compreensão apresentada pela "Trans" leva em conta a particularidade de cada pessoa e do modo próprio que cada um vive a sua existência, ao mesmo tempo que assume que cada um faz parte de um todo, um contexto que exerce influências e que é influenciado pelos indivíduos.
Esse contexto assume várias formas e tem diversos graus de complexidade. Vai desde o contexto familiar íntimo (pai, mãe, irmãos), passando pela escola, amigos, colegas, sociedade, chegando a esferas mais amplas.
A esfera mais ampla é a da espiritualidade, um aspecto fundamental do humano, sem a qual pode-se viver de uma maneira bastante doente, tanto individual quanto coletivamente. É responsável pela noção de "sentido da vida e da existência", que cada um carrega em si mesmo, independente do grupo ou cultura do qual está inserido.
Transpessoal traz a noção de que o ser humano é multi-determinado. Não somos apenas aquilo que a nossa história pessoal nos moldou , nem somos apenas o que o ambiente nos condicionou. Também não somos apenas seres que tem instintos, valores, crenças, razão e emoção, e que vivem numa luta constante em busca de equilíbrio. Vivemos em um sistema complexo e de várias camadas interdependentes, desde a matéria concreta até aquilo que não pode ser descrito em palavras. Fazemos parte de um contexto maior do que o humano. Somos parte de um sistema que além de nos modificar, também é transformado pelas nossas atitudes.
A seguir alguns conceitos da visão transpessoal, baseados na teoria de Stanislav Grof.
A consciência não se restringe ao Ego e ao inconsciente individual, não é restrito às experiências pessoais e fantasias inconscientes. Existem também os Domínios Perinatal e Transpessoal. Todos esses domínios são acessíveis a qualquer pessoa sem o uso de drogas, a partir de técnicas de meditação, de práticas de alteração de consciência. Esses domínios não seguem uma ordem linear rígida.
Cada nível representa uma "oitava" de causalidades, daquilo influencia o modo de estar no mundo. Nem todas as causas se restringem ao dominio biográfico, à história pessoal. Existem também causas perinatais e transpessoais, que operam ao mesmo tempo que as causas biográficas, a todo momento na vida das pessoas, não apenas em estados ampliados de consciência. Porém, a transformação e cura da consciência só acontece em estados ampliados, denominados holotrópicos.
Há dois modos de consciência: Hilotrópico e o Holotrópico. Ambos são importantes e essenciais, nenhum é preferível em detrimento de outro.
O hilotrópico é o modo orientado para a matéria, a realidade material, tempo e espaço determinados na ordem cronológica, espaço ridimensional, corpo físico biológico. É a realidade vivida no cotidiano.
O modo holotrópico é um modo orientado para a totalidade, transcendência dos limites espaciais, temporais, de identidade individual. É a realidade experimentada nos estados ampliados de consciência, onde pode se vivenciar alteração da temporalidade (alteração da duração do tempo, expansão ou retração, voltar ou avançar no tempo), da espacialidade (expansão ou retração, perda de limites) e da identidade (identificação com outras pessoas, parentes próximos ou distantes, pessoas em outras épocas e lugares, identificação com arquétipos, entidades e seres de outras realidades, identificação com outros seres vivos - animais, vegetais e minerais, identificação com fenômenos da natureza, processos biológicos, consciência dos processos biológicos do próprio corpo de maneira precisa).
Uma característica dos estados holotrópicos de consciência é que podemos experienciar do ponto de vista subjetivo aquilo que, no estado hilotrópico, são percebidos de maneira objetiva. Por exemplo, somos capazes de termos a experiência de sermos um animal, algum tipo de planta, um membro de outra cultura distante no tempo e no espaço, do ponto de vista deles. Nos tornamos e nos identificamos, sabemos e sentimos exatamente como é ser tal ente do mundo.
Uma vida exclusivamente holotrópica pode ser um problema, as barreiras individuais podem se mostrar ilusórias, podemos nos identificar com outras coisas e pessoas (que no modo hilotrópico são vistas como objetos, mas no holotrópico são vivenciadas como sujeito), podemos perceber o tempo expandido ou retraído, o espaço alterado, podemos ficar muito mais sensíveis às situações e às outras pessoas. Ficamos incapazes de nos concentrarmos nas preocupações materiais, nas responsabilidades cotidianas, na rotina, até mesmo em cuidarmos de nós mesmos.
Viver apenas no modo hilotrópico significa viver uma vida sem muito sentido, pois nos vemos como seres que nascem, vivem, se alimentam, relacionam, trabalham, se reproduzem e morrem. Vivemos num mundo exclusivamente material, a consciência é mero produto do cérebro, de reações químicas e alterações de substâncias no corpo. Podemos lembrar do passado com relativa facilidade, planejar e fantasiar sobre o futuro, e estarmos presentes. Mas o tempo costuma ser uma mudança constante: o presente se tornando passado e do futuro se tornando presente.
O importante é haver um equilíbrio entre os dois modos, saber estar com um pé em cada modo, alternar entre eles. Ficar preso ou estático em apenas um dos modos é estar doente. Estar preocupado apenas com as coisas materiais, possuir, consumir, arrumar, organizar, ganhar e acumular, por exemplo, pode fazer uma pessoa ser extremamente materialista, neurótica e incapaz de ver um sentido na vida sem possuir ou fazer as coisas que existem no mundo. Por outro lado, estar imerso no holotrópico, na dimensão numinosa da vida, sem conseguir lidar com os aspectos práticos da vida é complicado, e dificulta a continuidade da mesma.









Conteúdo desenvolvido pelo Autor Antonio Vaszken Dichtchekenian Pós-graduado em Psicologia Transpessoal Aplicada, pela UCG-GO. Graduado em Psicologia pela PUC-SP. Especialista na teoria de Stanislav Grof. Psicoterapeuta Transpessoal. Endereço: Rua Aimbere, 1731, Perdizes. Telefones: (11) 3865-7557 e 99955-0353 E-mail: transpessoal@live.com | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |