Os Sonhos - Linguagem da Alma 2
Atualizado dia 29/01/2010 15:40:26 em Psicologiapor Osmar Francisco dos Santos
A casa também se apresenta como um dos símbolos oníricos dos mais importantes. Sendo ela dividida em vários compartimentos (cômodos) com funções específicas, por analogia, compara-se ao nosso aparelho psíquico que também se estrutura em várias divisões, cada qual com sua função.
A interpretação dos sonhos que se referem à casa vai depender de como essa se apresenta: Limpa e arrumada, ou suja e desarrumada, faltando pedaços, telhados, pisos, etc. Em muitos sonhos, aparecem casas de nossa infância e quando isso ocorre geralmente é para ressaltar situações traumáticas que passamos ou nos lembrar de tempos felizes que vivemos. Nestes últimos casos, é comum encontramos pessoas queridas que já partiram, às vezes em situações diferentes do momento em que se foram, apresentando ser jovem do que quando partiram. Estas experiências (sonhos), que constam da vida de muitas pessoas, têm uma conotação individual que cada um sabe interpretar, pois se relaciona aos seus sentimentos íntimos.
Outro símbolo onírico importante na nossa cultura é o carro, que assim como a casa retrata aspectos de nossa psique, de acordo com a variação com ele se apresenta. Devemos ter a atenção se somos nós que o guiamos e como o fazemos, além de observarmos as condições da estrada, que por sua vez, representa os caminhos da vida. Vale lembrar que na simbologia do tarô o carro representa o número sete, que é o símbolo de nossa personalidade integral composta de sete princípios que são: físico, vital, emocional, mental concreto, intuição, onipresença e onipotência.
Na análise dos sonhos, devemos considerar todas as circunstâncias e detalhes como ele se apresentam, para que possamos compreender sua dinâmica, o que o nosso inconsciente está nos mostrando. É importante não esquecer que os sonhos podem misturar vários tipos e conceitos sem interrupção, em um único sonho. É por isso que precisamos estar atentos, pois em um sonho aparentemente comum, do tipo fisiológico, pode apresentar intercaladas, mensagens importantes.
Quando começamos a trabalhar com os sonhos, é comum emergirem do inconsciente estórias que não mais nos lembramos por terem sido traumáticas. Como esses traumas constituem entulhos que impedem o livre desenvolvimento da mente, o trabalho terapêutico com os sonhos, ou os relaxamentos que atingem as ondas alfas, são os meios adequados para removerem tais entulhos.
Às vezes, estórias que para os adultos são engraçadas e despretensiosas, inventadas para se divertir com a inocência das crianças, para estas, que não dispõe de compreensão e argumentos de defesa, vivem por conta dessas estórias, momentos de estresse e angústia, que podem marcá-la até a vida adulta. Quando o inconsciente "tem oportunidade" lança estas estórias em forma de sonhos, para se livrar dessas energias que impedem o livre percurso da energia mental e emocional, desde que a mente consciente aproveite a oportunidade de se conscientizar, interpretando tais sonhos. A esse processo, Freud denominava "limpeza da chaminé".
Situações que presenciamos e nos causa impacto vindas de filmes ou da vida real, também são projetadas em sonhos para descarregar o inconsciente. Todo tipo de preocupação não resolvida pela personalidade são reprimidas no inconsciente de onde saem em forma de sonhos ou durante a vigília em "atos falhos", como esquecimento ou troca de conceitos. Por exemplo, uma pessoa que vive com medo de perder o dinheiro, geralmente sonha que está sendo as assaltada.
Há poucos dias, uma senhora de mais de cinqüenta anos me relatou que carregou por muitos anos, até a adolescência a angústia de acreditar que não era filha de sua mãe, pois conforme lhes garantiam as tias, ela foi encontrada na lata do lixo, pois não tinha todas as características físicas dos outros irmãos. Este episódio, aparentemente sem nenhuma importância, desenvolveu na pessoa uma grande autodesvalorização, que fazia com que sua dependência de afeto fosse insaciável.
É possível recorrer a estados de relaxamento e semi-hipnose para nos livrarmos desses traumas da infância. É importante ficar claro que eu não estou falando do que muitos chamam de "regressão", esse método que muitos procuram e alguns terapeutas aplicam, não é totalmente confiável, pois podemos ter lembrança de uma fantasia que nos foi implantada, conforme já foi demonstrado em experimentos desse tipo, realizados para testar a validade desses procedimentos. É importante que saibamos que o terapeuta não possui o poder de "extrair" o que está na mente do paciente, mas qualquer pessoa, mesmo sozinha pode conseguir se livrar das energias de memórias traumáticas, basta seguir passo a passo os caminhos que levam à recordação e depois, através da compreensão dos fatos, atenuar a representação maléfica dessas memórias. Nesta última parte o terapeuta exerce um papel importante.
Para se trabalhar com os sonhos, sugiro a leitura dos livros: "OS SONHOS E A CURA DA ALMA" de John Sanford - Editora Paulus; "IMAGINAÇÃO ATIVA" de Robert Johnson - Editora Mercúrio; "O HOMEM E SEUS SÍMBOLOS" de C.G. Jung - Editora Nova Fronteira; "IMAGINAÇÃO ATIVA" de Robert Johnson - Editora Mercúrio; além de outros.
O quarto tipo de sonhos refere-se ao mais raro e pouco explorado de todos, provavelmente por causa de nosso descaso com o inconsciente: trata-se do que chamamos "O GRANDE SONHO"; são os sonhos que representam a síntese de nossa vida, falam de nossa missão na vida e de como chegaremos a concluí-la. Às vezes, temos apenas um ou dois sonhos desse tipo, mas eles nos marcam de forma tão profunda que muitas vezes duvidamos se foram mesmo sonhos. Costumamos descrevê-los com observações do tipo: "Não sei se realmente foi um sonho, nem sei o que significa, mas sinto que é importante..." Esses sonhos, segundo Jung, trazem sempre juntos símbolos da totalidade psíquica, do Self, que podem ser Catedrais, o sol, a taça do Graal, o Rei, animais totélicos como a águia, o leal, o elefante, etc. Podem ocorrer em mais de uma etapa, dando certa continuidade em seu enredo.
O que eu procurei escrever sobre os sonhos não constitui um material acadêmico, mas são observações práticas que têm me ajudado muito em meu trabalho como terapeuta. Não tem como alvo os profissionais eruditos, mas ao leigo que busca a compreensão de sua própria essência, necessária a um novo estado de consciência.
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•Participante do Núcleo de estudo Junguiano do Rio de Janeiro; •Palestrante e autor de trabalhos sobre Psicologia Junguiana publicados em revistas universitárias e outras; •Psicoterapeuta transpessoal da linha Junguiana; •Administrador de Empresas e Consultor de Qualidade Total na Área de Recursos Humanos. •Atuação em Consultório particular. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |