Perdoar é Divino!
Atualizado dia 8/7/2014 10:39:18 PM em Psicologiapor Paulo Tavares de Souza
Parece incrível que o mantra do perdão siga sendo repetido como resposta para todas as complicações do relacionamento humano. Pelo senso comum, esse recurso acabou transformado em solução para todo e qualquer conflito de relacionamento. É claro que não podemos discordar, pois o perdão deve ser revenciado mesmo, por isso é tratado como uma fórmula capaz de resolver qualquer equação. Ainda se apresenta como a principal profilaxia para os males da alma, além de ser extremamente eficiente em manter o equilíbrio nesse mundo conturbado que nos cerca.
Se a prática do perdão estivesse bastante desenvolvida entre os seres humanos não teríamos guerras, conflitos, mortes, miséria e todo um conjunto de problemas periféricos causados pelo egoísmo. Se assim fosse, viveríamos dentro de um mundo perfeito e harmonioso.
Não é demais falar que não existe solvente mais poderoso do que ele, nada é mais eficaz na solução de qualquer tensão, por isso o coro ao seu redor é tão efusivo.
Entretanto, meus amigos, não podemos nos esquecer que o perdão é apenas uma ferramenta, evidentemente muito útil, mas ainda uma ferramenta. Na antessala do de qualquer problema, existe aquele que está problematizando: o próprio ser humano. O homem se apresenta sempre como pivô de todo desequilíbrio, ele é o ator que está interpretando a própria insensatez, pois é aquele que se orienta por um programa emocional destilado ao longo de experiências transatas e que obedece a injunção de crenças e modelos extratificados em seu interior.
Se precisamos acionar essa arma divina para enfrentar as vicissitudes do dia a dia, é preciso considerar que melhor seria se não estivéssemos tão vulneráveis a elas. Poderíamos viver muito melhor se e uma condição de equanimidade e grandeza simplesmente norteasse o nosso comportamento. Apenas desta forma poderíamos abrir mão da necessidade, sempre tão premente, de perdoar o agressor.
Não existe agressor quando não existe aquele que não se sente agredido.
É claro que não é nada fácil oferecer a outra face, principalmente diante do nível de identificação que temos com essa realidade. Está provado que o mundo inteiro acontece em nossa cabeça, é fenomenológico, portanto, uma profunda identificação com aquilo que nos envolve segue com a sua influência irresistível e determina todo o nosso comportamento.
Enquanto interagirmos com os eventos, brigarmos com o mundo, enquanto formos norteados pelos instintos e impulsionados por emoções, nós estaremos presos ao personagem que criamos. Continuaremos sofrendo com as ranhuras desse encontro constante de corpos que são tão irregulares e que disputam aos tapas o mesmo espaço. Viveremos eternamente buscando notoriedade dentro uma falsa realidade.
O homem não precisaria perdoar ninguém se não se sentisse ofendido, se tivesse a capacidade de expandir a consciência além do evento e perceber o todo, o sistema, o conjunto de fatores que motivam o seu agressor.
Nos ofendemos por que estamos iludidos, lutando uma batalha de Pirro, buscando tribos que se ajustem aos nossos conceitos vazios, dando vazão aos instintos gregários dos nossos primórdios e nos alinhando contra tudo aquilo que não se ajusta aos nossos medíocres paradigmas.
Oferecer a outra face seria muito mais fácil se não nos importássemos com o personagem que criamos, se tivéssemos noção da nossa verdadeira natureza e se o conhecimento de toda a dinâmica que envolve a nossa condição fosse manifestado.
É de extrema relevância considerarmos também que muito mais importante do que perdoar quem quer que seja é nos perdoarmos. Somos os maiores empecilhos para o nosso progresso, simplesmente por não nos perdoarmos, por partimos de premissas equivocadas à nosso respeito e por gravarmos em nosso programa interno (ego) diretrizes destrutivas.
Ninguém conseguirá amar o próximo se não amar a si mesmo, ninguém será capaz de compreender o outro, se não puder se compreender, pessoa alguma será capaz de aceitar uma outra se não consegue, nem ao menos, aceitar-se. Para desenvolvermos a nossa capacidade de perdoar será preciso começarmos pelo autoperdão.
Quando o homem aprender a se amar, se respeitar e se perdoar, todos os nós psíquicos e emocionais serão desatados. Não existe mágica alguma capaz de mudar a natureza humana sem que exista uma ação daquele que está sentado no trono do próprio ser (você mesmo), sem que a vontade de Eu Maior possa decretar essa mudança.
Eu sei que existem discursos truculentos que estão em posições diametralmente opostas a esse raciocínio, mas enquanto não trabalharmos a nossa capacidade e compreender os eventos dentro de um âmbito mais ecológico, respeitando as diferenças, sendo mais tolerantes e resignados, estaremos vulneráveis aos instintos e arquétipos mais primitivos de nossa triste condição.
O amor ainda é a resposta para tudo, não existem atalhos para a plenitude que almejamos, é preciso desenvolver a nossa capacidade de amar, só assim, não será mais necessário fazer uso do perdão, simplesmente, porque não nos sentiremos mais ofendidos.
Texto revisado
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