Quando nos tornamos levianos!
Atualizado dia 13/05/2012 22:28:53 em Psicologiapor Paulo Salvio Antolini
A definição do termo já reflete seu significado, uso muito esse adjetivo para dizer o quanto a pessoa está na superficialidade da situação, não se aprofundando o necessário para poder manifestar-se com conhecimento sobre o que diz.
Pessoas estão, a todo momento, falando ou agindo sem o domínio da situação. Respondem tudo muito rápido, têm a resposta na "ponta da língua", mas sem nenhuma procedência. Isso em todos os campos do relacionamento humano.
Esta semana fui na autorizada buscar uma impressora que, embora nova, não estava (e não está) scanneando. Na ficha da máquina veio escrito que foi atualizado o "firmnware" do equipamento. Quando perguntei o que era isso, a resposta imediata do técnico foi: "É o número de série da placa..." e disse qualquer nome que não compreendi. Perguntei-lhe de que forma um número de série impedia a operação de escanear. Após gaguejar, desculpou-se e aí foi refletir sobre a primeira pergunta. (Diz que é o software de um chip que aciona o scanner). Posso acreditar? E além de tudo, continua não funcionando.
Opiniões e afirmações são disparadas como tiros de metralhadora, uma seguida da outra. Raciocínios são desenvolvidos sobre bases falsas, premissas inexistentes e os resultados só podem ser desastrosos.
Observem quanto tempo é desperdiçado por não se escutar atentamente, não se refletir no que foi apresentado e então, sim, iniciar um parecer. Somos incentivados, desde pequenos, a "sair correndo", sem nem saber para onde, mas demonstrando que estamos fazendo algo. Querem um exemplo? A criança diz para os pais que não acha sua caneta. Os pais mandam-na procurar. A criança fica parada, refletindo sobre onde o objeto possa estar, onde a usou pela última vez. Os pais gritam: "ande, menino, vá já procurar essa caneta, ou vai apanhar!". A criança, para não ser penalizada, sai correndo sem rumo, mas pronto, está atendendo à cobrança dos pais. Não está procurando nada, não está vendo nada, mas está realizando o "faz-de-conta" que, infelizmente, satisfaz aquele que ordena. "Aquele" que pode ser "um de nós", já devemos ter feito muito isso.
Quando adultos, continuamos a manter esse tipo de comportamento. É como se a não manifestação imediata de uma posição sobre o que nos é apresentado nos fizesse demonstrar desatenção, desleixo. Como se estivéssemos "fora do ar", logo, passíveis de punição.
Pode não ser agradável de ouvir (ou ler), mas a verdade é que nos tornamos levianos todas as vezes que, sem nos aprofundarmos nas situações, tomamos posição frente a elas.
Os danos são os mais variados. Nas empresas, decisões erradas, soluções que não resolvem, tempo desperdiçado. Nos relacionamentos, desgastes e incompreensões que afastam pessoas, ferem dignidades e deixam marcas profundas.
Porém, conseqüências muito mais danosas são provocadas por nós, pessoas que lidam com o ser humano e que, quando procurados, por nossa condição de médicos, psicólogos e outros profissionais afins, emitimos diagnósticos que estigmatizam as pessoas, deixando-as atordoadas pelo peso da opinião profissional emitida mas que, quando verdadeiramente verificada, não tem nada a ver com o que foi dito pelo profissional.
Todos já fomos e somos levianos em algum assunto. Mas saber evitar essa manifestação está diretamente relacionado com o escutar atentamente e procurar inteirar-se dos fatos. A "achologia" é uma péssima orientadora para quem quer ter consistência no que faz ou no que diz.
Texto revisado
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