Quando o adulto vira criança
Atualizado dia 5/6/2012 10:04:09 PM em Psicologiapor Paulo Salvio Antolini
É bem verdade que aos 18 anos nos tornamos maiores de idade, responsáveis por nossos atos e respondendo civil e criminalmente pelo que fazemos, mas isso não significa que tenhamos atingido também a maturidade emocional correspondente ao tempo cronológico.
Não há um referencial que nos permita dizer qual seria o comportamento emocional esperado para determinada idade cronológica. Há, sim, o comportar de cada um, que revela se há coerência ou não com o momento, com a situação. O maior indicador de que uma pessoa está reagindo com maturidade para uma determinada situação é o equilíbrio com que se posiciona e lida com ela, equilíbrio este que, preponderantemente, contempla as reações e manifestações de suas emoções, despertadas pela situação.
A maturidade emocional exige de cada um de nós a aceitação de que "tudo pode ocorrer com todos". Este é o primeiro passo para que possamos olhar a vida de frente, sem ficar buscando em nossos "guardados" de reclamações e justificativas, expressões de não aceitação e mesmo de não enfrentamento dessas situações.
Expressões do tipo "Eu não admito isso", "Isso não pode estar acontecendo". "Quem ele pensa que é?" e outras similares, são comuns e revelam emoções de desencontro com os fatos. Gritos, imposições de força, ameaças, até mesmo chantagens - "Se for assim então eu vou revelar, fazer..." - etc.
Usando termos da moda, pessoas reativas têm muito a caminhar ao encontro de sua maturidade. Reativos são os que se fecham, se bloqueiam racional e emocionalmente, reagem mal ante determinadas situações, gerando conflitos que seriam desnecessários se passassem a ser vistas com maior desprendimento e calma. O nervosismo é uma marca registrada e aparece em praticamente todas as manifestações de desarmonia emocional, chegando, muitas vezes, a desequilíbrios enormes de comportamento.
O inverso, ou seja, pessoas pró-ativas, são as que estão abertas para enfrentar as situações. Suas reações são de ponderação, o que não quer dizer lentidão, agem indo direto ao ponto, não deixam passar o momento e se envolvem com o que está acontecendo para poder saber qual a melhor forma de agir. Esta postura não significa concordância ou conivência com o ocorrido. Sentem-se também irritados com os fatos, mas convivem bem com suas irritações, não as "despejando" em quem está ao seu redor.
Encontramos tantos comportamentos de "birra" em adultos. Tantas manifestações de agressividade e hostilidade contra pessoas que não são responsáveis pelos fatos ocorridos, que apenas trazem as informações destes. Tantos desgastes emocionais, energias só vaporizando sem nenhum destino útil, comprometimento da própria saúde e dos relacionamentos e a situação continua ali. Em grande número de vezes, os problemas crescem com essas reações. No mínimo, perde-se tempo, saúde e paz. Os problemas continuam ali para serem enfrentados.
Nossos sentimentos não estão claros, nossas emoções não são percebidas por nós como respostas internas que se canalizam para soluções, nós não estamos preparados para agir como adultos. Apenas "despejamos" atabalhoadamente estas emoções, desnecessariamente, pois elas em nada contribuem para o alcance das soluções.
Vale a pena refletir sobre a capacidade de enfrentar frustrações, desencontros e divergências de idéias, formas de pensar e agir, escolhas, enfim, tudo o que é preciso se estabelecer harmoniosamente entre dois lados para se progredir. Deixar de agir "como criança".
Ser maduro emocionalmente, vejam bem, não significa perder nossa capacidade de indignação frente às injustiças que acontecem, mas sim ter a capacidade de manifestar esta indignação de forma direcionada para soluções efetivas.
Texto revisado
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