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Quem precisa de Super Nanny?

Atualizado dia 5/28/2013 4:14:31 PM em Psicologia
por Andrea Pavlo


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Minha sobrinha tem dois anos. E não chora. Sei que parece coisa de tia coruja, mas ela é o tipo de criança que só chora em duas ocasiões: quando dói mesmo ou quando está com muito, mas muito sono. O resto ela tira de letra. Às vezes o machucado da queda dói em mim. Ela levanta, sacode a poeira e ensina pra titia "Tá vendo, é assim que se vive"! O grande mal humano da atualidade, pelo menos na nossa civilização é o chamado mimo. E não, eu não estou falando de outras crianças de dois anos, de quem se espera birra, manhã e chilique. É um estágio até normal do desenvolvimento infantil, quando ela começa a testar os limites dos pais e, quando não satisfeita, reclama. Até aí, um cantinho do pensamento já resolve. Estou falando do mimo levado à vida adulta. E nem me fale que você nunca fez isso, porque eu não acredito.

Tem gente que, quando eu falo de mimo, me conta uma verdadeira tragédia. "Eu, mimada? Você tem noção do que eu passei? Meu pai bebia, minha mãe me queimava de cigarro" e toda a sorte (ou azar, neste caso) de maus tratos infantis. Uma vida de privação, muitas vezes. Fome, angústias, abusos. Um monte de coisas que fariam até um camelo se curvar no deserto. E mesmo assim a pessoa continua mimada.

Todo o sofrimento tem sim uma explicação. Não, não justifica um pai maltratar uma criança de maneira nenhuma, mas ser humano é aquela coisa de precisar fazer de um limão, uma limonada. Conheço muitas histórias de pessoas que tiveram uma infância, adolescência e até vida adulta muito difíceis, mas nunca desistiram. Sempre foram em frente, acima das adversidades, e conseguiram grandes feitos. A história está cheia destas coisas para contar.  Gente que deixou o mimo, ou a necessidade dele, de lado e foi em frente.

O mimo permeia várias das chamadas doenças modernas. Vitimismo, que leva à depressão, por exemplo. O que não é a depressão senão não ter mais ânimo para nada? Perder completamente o contato com a alma. E como isso começa? Com mimo. Se não foi por excesso, foi por falta.

Sim, todos queremos ser mimados. Todos querem aquele bombom do namorado depois de um dia difícil. Todos querem um grande prato de batata-fritas porque o cliente das 11 não apareceu e não mandou nem um recado avisando. Todos querem mais um cigarro porque o chefe hoje acordou com um mau humor do cão. Vivemos numa sociedade de indulgências, de pequenas e grandes. Mas o mimo pode sim, tornar-se uma grande doença.

Quando você vê alguém que, apesar de todas as condições, não consegue sair do lugar. Quando vê uma pessoa com todos os precedentes à felicidade, a não ser que tenha uma doença psiquiátrica irreversível, e não consegue nada. É o mercado que está difícil pra emprego. São as pessoas que são mal educadas no trânsito, na rua, na vida. É o marido que não entende e o filho que não colabora. O imposto de renda que pega no pé! E o serviço, ai o serviço, que suplício.

E passamos todos a reclamar e a ouvir a velha frase "É né, é difícil". E passamos a acreditar naquilo e pensar por que, MEU DEUS, a minha vida é tãaaaaaaao sofrida. Vira uma ópera. A mãe fala, comenta com a vizinha "Porque a minha filha não consegue se encontrar".  "Minha esposa está obesa e não consegue parar de comer, coitada". A diabetes,  a doença, e tudo se justifica porque ela não recebeu o mimo de que queria. Não precisava, porque não precisamos, mas porque queria. Porque sente inveja da colega que é amada pelo marido. Porque sente inveja até dos filhos porque é uma mãe melhor do que foi a dela. Porque está mergulhada na sombra do mimo.

"Que tal comprar mais uma blusinha?" diz a mente velha e viciada em mimo. Que tal um sorvete do Mc Donald´s? Ah, hoje pode, é seu aniversário! Tudo pode porque você foi maltratada, foi feita de boba, não recebeu o carinho que uma criança pidona dentro de você queria. Eu queria ser mais amada, a culpa é dos meus pais. Aqueles dois mais mimados que você e que queriam uma filha perfeita, mas aí, veio você, né? Fazer o quê?

E aí? Quando esse ciclo vicioso se rompe? Quando resolvemos assumir o nosso adulto. Não só na idade ou no RG, mas dentro de nós mesmos. Quando percebemos que podemos sim satisfazer as necessidades de nossa criança interior, mas às vezes vamos precisar deixar que chorem até dormir sem o brinquedo novo. Que precisamos nos colocar num cantinho de pensamento, por minutos correspondentes à nossa idade, para pensar no que fizemos e nas consequências daquilo para as pessoas. As palavras que machucaram "o coleguinha". O sorvete que roubamos da irmã (ou o namorado, os filhos, a empregada). O dinheiro que "esquecemos" de pagar. A briga que quisemos levar até o final porque "ele não vai sair por cima".

E olhamos para a janela do carro em movimento, vendo uma sociedade composta basicamente por crianças emocionais. Cada qual correndo atrás do seu brinquedo! Da sua própria satisfação. E quando uma destas crianças dá um tiro na outra nos perguntamos "Por quê?".

Quer crescer? Quer ser feliz, pleno, realizado? Contrate uma super nanny, como aquelas do seriado, e cuide da sua criança. Deixe-a  feliz, sim, mas sem mimos. Sem indulgências exageradas, sem excessos. Podemos e devemos viver melhor e com fartura, mas não mais a esse preço. E aproveite e faça isso com seus filhos e netos também. Não deixe para as gerações futuras resolverem. Tenho certeza de que será melhor para todo mundo.

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Conteúdo desenvolvido por: Andrea Pavlo   
Psicoterapeuta, taróloga e numeróloga, comecei minhas explorações sobre espiritualidade e autoconhecimento aos 11 anos. Estudei psicologia, publicidade, artes, coaching e várias outras áreas que passam pelo desenvolvimento humano, usando várias técnicas para ajudar as mulheres a se amarem e alcançarem uma vida de deusa.
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