Reconcilia-te com teu irmão




Autor Antony Valentim
Assunto PsicologiaAtualizado em 7/11/2012 8:44:08 AM
O ódio é um dos sentimentos mais nefastos e de baixa vibração existentes. Nutrí-lo, é como cultivar dentro de si mesmo, energias que agridem e adoecem o ser, gradativamente, em alguns casos até de forma imperceptível, até que depois de algum tempo, se manifeste o efeito daquela degradação como por exemplo no surgimento de um cancer.
Não é por acaso que a recomendação do Cristo foi "Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão." - Mateus 5:25
O Nazareno falava da prisão íntima, da troca deletérea de energias mórbidas que destroem aos poucos a criatura, minando suas resistências e fazendo surgir ao longo da caminhada, os mais diversos dissabores. Muitos se perguntam o porque de fatalidades, doenças, infortúnios, acontecimentos infelizes, e tristezas advindas das mais diferentes direções em suas vidas, mas encontrariam facilmente a resposta se observassem em primeiro lugar o coração, que tipo de energia ele está emitindo, e principalmente, se no porão dos sentimentos, existe ódio, raiva, e sentimentos de "não perdão" direcionados a alguém.
Perdoar liberta a criatura de uma corrente invisível que só a atrapalha na caminhada da vida. O "não perdão" pode ser facilmente ilustrado com a figura de duas pessoas se amarrando uma à outra e ficando por tempo indeterminado ligadas, com todos os dissabores de uma conexão que não tem razão de ser. O ser foi criado para ser livre, e a liberdade não se manifesta com o sentimento de "não perdão".
Pessoas existem que passam a vida remoendo a mágoa, inutilmente.
É certo que muitas vezes é difícil perdoar uma ofensa, esquecer uma violência, ouvidar uma atitude agressiva, principalmente aquelas que deixam marcas para toda a vida. Mais difícil ainda se torna quando o grau de devastação é mais profundo na vítima e as marcas são físicas. Mas deve ser um trabalho diário e constante dentro de nós, perdoar o ofensor no melhor de nossas possibilidades, exatamente para limpar nosso caminho dos dejetos energéticos que a ação agressiva causou e assim, possamos seguir em frente vivenciando outras experiências.
Além disso, é importante nos lembrarmos que não existem coincidências na vida, e o que nos acontece é consequência de nossas escolhas, desta ou de outra existência. Não que a ofensa do outro não possa ser evitada por ele mesmo, mas é importante nos conscientizarmos que tudo aquilo que fazemos ao outro, a nós retorna. Se procurarmos fazer o bem, esse retorno é abrandado, ou até mesmo extinto, pois o bem que se faz apaga o mal que se fez. Mas se algo ruim nos visitar, por mais difícil seja aceitarmos, é importante compreender que faz parte de nosso aprendizado e merecimento.
Como diz um grande amigo, "A vida só coloca diante de nós duas figuras: ou o instrutor, ou o aluno". Ensinar e aprender com as experiências.
Várias são as recomendações do Mestre, que sabia profundamente o que dizia, conhecia intensamente toda a extensão de nossas emoções, e o quanto nós mesmos poderíamos nos fazer mal com o "não perdão". Ele ia além: pedia que aprendêssemos a amar além de perdoar, pois conhecia a força energética de um ato de perdão alicerçado no amor:
"Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão." - Lucas 6:37
"E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas." - Marcos 11:25
"E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores" - Mateus 6:12
"Por isso te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado pouco ama." - Lucas 7:47
"Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados." - 1 Pedro 4:8
"Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus" Mateus 5:44
Indispensável lembrar que todos nós somos falhos, e que a vida sempre nos apresenta situações onde podemos experimentar o que julgarmos ou condenarmos nos outros. Amanhã, poderemos ser nós os que erram, e ao cair, desejaremos que alguém esteja lá para nos reerguer. Neste momento, teremos no histórico de nossa jornada muitas ocasiões em que perdoamos, ou somente ocasiões onde promovemos julgamentos e condenações?
Há os que dirão: "Mas eu perdoei, o outro é que não quer saber de perdão". Pois bem, importa mais o que há no seu coração. Fazer a nossa parte é indispensável para que tenhamos paz de espírito. Se o outro ainda não compreendeu a importância de uma reconciliação para a paz, e não ouviu as recomendações do mestre Amor, a mestra dor oferecerá a ele a oportunidade do refazimento.
Uma verdade é inegável: ninguém terá paz se não cultivar em si mesmo o perdão das ofensas, recolhendo em si mesmo o efeito do cultivo do desamor, do ódio, da raiva, do rancor. Perdoemos para que sejamos perdoados. Perdoemos para que a liberdade nos seja concedida. Perdoemos para que se manifeste na Terra a essência do que o Nazareno veio ao mundo nos ensinar para que fôssemos agraciados com a plenitude da existência: o Amor verdadeiro.









Antony Valentim é um ser comum, sem privilégios ou destaques que o diferenciem das demais pessoas. Devorador de livros, admirador de culturas religiosas sem preconceitos, e eterno aprendiz do Cristo. Mestre de nada, sábio de coisa alguma. Alguém como você, que chora, sorri, busca, luta, exercita a fé e cultiva no peito a doce flor da esperança. E-mail: sac@antonyvalentim.com | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |